Dunga é colocado outra vez no comando do time brasileiro (André Durão)
Ao contratar Gilmar Rinaldi (como coordenador) e Dunga (como técnico), a CBF dá mostras que realmente não sabe o que fazer para melhorar o futebol, que precisaria de algo mais para realmente corrigir os rumos.
Passaria pela supervalorização de certos jogadores, que realmente não renderam de acordo com suas cifras. Os valores de mercado já baixaram, mas pelo visto ainda há muita gordura para queimar. É o caso de Hulk, que custava 41 milhões de euros e agora baixou para 36 milhões. Para se ter uma ideia, Neymar, o único que se valorizou depois da Copa, custa 70 milhões, e o celebrizado Fred custa "míseros" 5,3 milhões de euros por jogar em um time brasileiro (há quem diga que ele não jogou para merecer um terço desse valor...). Isso depende muito mais do mercado, disposto a comercializar os jogadores entre os clubes, do que da comissão técnica ou da CBF.
Também haveria a necessidade de melhorar a educação física nas escolas. Isso também não depende diretamente da CBF e muito menos do técnico, mas do governo. Isso leva bastante tempo para dar resultado, mas ele é certo. O Brasil melhoraria em outros esportes, também. Aliás, uma boa educação amplia consideravelmente as alternativas de progresso de um futuro cidadão e ajuda-o a ficar moral e psicologicamente melhor, com a colaboração da família.
O que a CBF e os clubes poderiam fazer, então? Favorecer a formação e manutenção dos jogadores nos clubes e não se limitar a se promover à custa dos craques. Valorizar o mérito no desempenho não só de jogadores, mas também de técnicos, preparadores físicos e árbitros. Sem falar nas velhas artimanhas, mas isso dependeria também da Justiça, que precisaria ter coragem para enfrentar os vários interesses de quem se locupleta com a bandalheira na entidade.
E a tarefa do técnico? Parece que o caminho escolhido por Dunga foi o ensinado pela Alemanha no famigerado 7 a 1 do último dia 8. Preparação, foco no longo prazo e valorização da equipe. As vaidades pessoais dos jogadores contam menos que os interesses em comum. Por falar em vaidades, elas atrapalham a preparação psicológica, que não se mostrou suficiente para evitar momentos bizarros como o descontrole emocional de alguns jogadores (o pior caso foi o do capitão-zagueiro Thiago Silva no jogo das oitavas-de-final contra o Chile). Além disso, é preciso fazer treinos mais constantes e mais consistentes.
Será que Dunga vai realmente preparar a Seleção para 2018 e iniciar o caminho para uma nova fase depois do "Mineiratzen", mostrando que superou o retrospecto em 2010, quando sob sua liderança o Brasil também foi mal na Copa? Ou está lá mais para tentar proteger a CBF, seus desmandos e sua incapacidade de resolver os problemas do futebol brasileiro e escolher alternativas viáveis para comandar nossa Seleção? O tempo dirá, mas o hexacampeonato ainda parece uma quimera e será muito difícil já vir na próxima Copa, na Rússia, mesmo se a resposta para a primeira pergunta for "sim" e, para a segunda pergunta, "não". Principalmente se não houver mudanças mais profundas na estrutura futebolística brasileira.
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