Fazendo uma análise dos candidatos não só de São Paulo mas também do Rio, não há como se animar mesmo. As eleições são depois de amanhã, e temos de votar em algum deles.
Se alguém ficou mais convencido da viabilidade de algum candidato? Difícil! E os debates não ajudaram muito. Cada emissora organizou debates ao mesmo tempo para cada grande cidade. O último, da Globo, foi tedioso e constrangedor. Em São Paulo, os candidatos se atacaram e abusaram do direito de exagerar ou minimizar dados sobre os erros dos oponentes ou as realizações pessoais.
Se alguém ficou mais convencido da viabilidade de algum candidato? Difícil! E os debates não ajudaram muito. Cada emissora organizou debates ao mesmo tempo para cada grande cidade. O último, da Globo, foi tedioso e constrangedor. Em São Paulo, os candidatos se atacaram e abusaram do direito de exagerar ou minimizar dados sobre os erros dos oponentes ou as realizações pessoais.
Além disso, os eleitores de Marta Suplicy devem ter ficado decepcionados com a falta de combatividade dela em relação ao líder das pesquisas, João Dória Jr. Ela e os outros, aliás, pouparam demais o candidato tucano, deixando passar acusações, verdadeiros pratos cheios para a maledicência, como o terreno em Campos do Jordão supostamente tomado por ele de forma indevida. Marta também se enrolou quanto ao seu passado petista e de ter criado taxas de péssima memória para o paulistano.
Russomanno atacou Marta e o atual prefeito, mas foi acusado de várias ações trabalhistas, como não pagar salários de seus funcionários, quando foi proprietário do Bar do Alemão, em Brasília, e não perdeu a pose de bom moço quase sebastianista.
Haddad, cuja avaliação como prefeito é abissalmente ruim, abusou do direito de exagerar nas suas realizações no governo paulistano, mas não dissipou a sombra de seu partido, o PT. Agora nem ele próprio acredita que vai para o segundo turno: nas pesquisas ele tem apenas 13%, segundo o Datafolha. Hoje, suas chances devem ter encolhido ainda mais, porque dois monumentos, o das Bandeiras e a Estátua do Borba Gato, ambos na Zona Sul, foram pichados com as inscrições "Fora Temer", mostrando o grau de negligência da atual administração e a conivência com os vândalos.
Erundina foi franco-atiradora, criticando todos, inclusive Dória, mas sabe que terá chances bem reduzidas. O Major Olímpio só ficou lembrado ao repetir o surrado bordão de Maluf: "botar a Rota na rua".
Se formos comparar com São Paulo, o Rio de Janeiro está em situação ainda pior.
Marcelo Crivella é o líder nas pesquisas, com 34%, mas foi atacado pelos adversários devido à sua filiação partidária: o PRB, mesmo partido de Russomanno e, por ter muitos membros da IURD, a Igreja Universal do Reino de Deus, é frequentemente acusada de ser o braço político de Edir Macedo. Crivella foi também ministro da Pesca, a pasta cuja serventia foi mais posta em dúvida em todo o governo do PT, além de ainda, de certa forma, ser fiel ao lulopetismo.
Se este é o líder, os demais seriam motivo para lamentação. E é o que realmente ocorre.
Pedro Paulo, do PMDB, é o candidato do atual prefeito Eduardo Paes, do governador Luiz Fernando Pezão e foi apoiado por Eduardo Cunha, todos do mesmo partido. No debate, Crivella escancarou o incômodo vínculo do rival com o detestado ex-presidente da Câmara. Pedro Paulo empata com Marcelo Freixo, o candidato do PSOL, com 10%.
Freixo é apoiado por boa parte da classe artística, e defende um Estado socialista, embora ele seja ridicularizado por ser de classe média alta. Sua aura de honestidade é maculada pelos enormes vínculos com o PT e com um de seus assessores ter agredido a ex-mulher.
Índio da Costa (PSD) foi ex-candidato a vice por José Serra em 2010 e é filiado a César Maia, ex-prefeito do Rio que teve os direitos políticos suspensos por contratar um escritório de advocacia sem licitação. Pessoalmente, não há nada de grave contra ele, a não ser um namoro efêmero com a filha do banqueiro Salvatore Cacciola, acusado de fraude financeira e ex-dono do banco Marka.
Jandira Feghali (PCdoB) é agressivamente defensora de Dilma Rousseff, taxando os adversários de "golpistas". Ela não teve medo de receber a presidente cassada em seu palanque, e pagou o preço: caiu nas pesquisas, de 10% para 7%, quando estava em ascensão.
Flávio Bolsonaro (PSC) é o filho do famigerado Jair Bolsonaro, um dos políticos mais execrados do país. Ele defende ideias até moderadas para a fama de ser "extrema-direita", como os defensores do socialismo e até da social-democracia insistem em chamar a ele e a seu pai, a despeito de projetos esdrúxulos como a militarização de escolas consideradas indisciplinadas. Ainda assim, 5% declaram voto a ele, mostrando fidelidade a suas ideias.
Com candidatos assim, o debate de ontem no Rio de Janeiro, pela Globo, virou um verdadeiro circo de horrores, com a plateia ávida por um "barraco". Flávio Bolsonaro foi o mais aclamado, e Pedro Paulo foi o mais xingado. No debate, a situação do pupilo de Eduardo Paes também não foi nada boa, recebendo ataques de todos os lados. Ele apanhou muito, mas todos os demais também se saíram mal.
Crivella não se desvencilhou da figura de "bispo da Universal" e insinuou que Eduardo Cunha poderia vir a ser secretário de Pedro Paulo, uma acusação despropositada, pois Cunha não pode exercer cargos públicos até 2026.
Marcelo Freixo continuou a não fazer propostas viáveis e foi malhado por sua suposta defesa aos "black blocs", embora tivesse êxito em contribuir com a "surra" que Pedro Paulo estava tomando no debate.
Índio da Costa, apesar de ter feito algumas propostas sérias, ficou mais lembrado pelos "aplicativos" de smartphone, que pretende implantar, e da inviável limpeza, em quatro anos, da Lagoa Rodrigo de Freitas. Nem Héracles, o herói dos doze trabalhos, seria capaz disso.
Flávio Bolsonaro, apesar do apoio ruidoso da plateia, ficou sumido, ao largo da troca de acusações, e não disse nada de importante. Só brilhou na despedida, atacando o que ele chamou de pior governo que o Brasil já teve (o de Dilma), sem mostrar de fato que vai realmente fazer algo melhor.
Alessandro Molon, da REDE, não contribuiu em nada para deixar o debate mais palatável. O candidato da Marina Silva deve ser esquecido rapidamente.
Quem se saiu pior, contudo, foi Jandira Feghali, que ofendeu a Globo por ela ter participado do "golpe" contra Dilma e foi advertida por isso. Acabou virando "meme" nas redes sociais, além de também ser alvo de muitas críticas dos adversários.
Marcelo Crivella é o líder nas pesquisas, com 34%, mas foi atacado pelos adversários devido à sua filiação partidária: o PRB, mesmo partido de Russomanno e, por ter muitos membros da IURD, a Igreja Universal do Reino de Deus, é frequentemente acusada de ser o braço político de Edir Macedo. Crivella foi também ministro da Pesca, a pasta cuja serventia foi mais posta em dúvida em todo o governo do PT, além de ainda, de certa forma, ser fiel ao lulopetismo.
Se este é o líder, os demais seriam motivo para lamentação. E é o que realmente ocorre.
Pedro Paulo, do PMDB, é o candidato do atual prefeito Eduardo Paes, do governador Luiz Fernando Pezão e foi apoiado por Eduardo Cunha, todos do mesmo partido. No debate, Crivella escancarou o incômodo vínculo do rival com o detestado ex-presidente da Câmara. Pedro Paulo empata com Marcelo Freixo, o candidato do PSOL, com 10%.
Freixo é apoiado por boa parte da classe artística, e defende um Estado socialista, embora ele seja ridicularizado por ser de classe média alta. Sua aura de honestidade é maculada pelos enormes vínculos com o PT e com um de seus assessores ter agredido a ex-mulher.
Índio da Costa (PSD) foi ex-candidato a vice por José Serra em 2010 e é filiado a César Maia, ex-prefeito do Rio que teve os direitos políticos suspensos por contratar um escritório de advocacia sem licitação. Pessoalmente, não há nada de grave contra ele, a não ser um namoro efêmero com a filha do banqueiro Salvatore Cacciola, acusado de fraude financeira e ex-dono do banco Marka.
Jandira Feghali (PCdoB) é agressivamente defensora de Dilma Rousseff, taxando os adversários de "golpistas". Ela não teve medo de receber a presidente cassada em seu palanque, e pagou o preço: caiu nas pesquisas, de 10% para 7%, quando estava em ascensão.
Flávio Bolsonaro (PSC) é o filho do famigerado Jair Bolsonaro, um dos políticos mais execrados do país. Ele defende ideias até moderadas para a fama de ser "extrema-direita", como os defensores do socialismo e até da social-democracia insistem em chamar a ele e a seu pai, a despeito de projetos esdrúxulos como a militarização de escolas consideradas indisciplinadas. Ainda assim, 5% declaram voto a ele, mostrando fidelidade a suas ideias.
Com candidatos assim, o debate de ontem no Rio de Janeiro, pela Globo, virou um verdadeiro circo de horrores, com a plateia ávida por um "barraco". Flávio Bolsonaro foi o mais aclamado, e Pedro Paulo foi o mais xingado. No debate, a situação do pupilo de Eduardo Paes também não foi nada boa, recebendo ataques de todos os lados. Ele apanhou muito, mas todos os demais também se saíram mal.
Crivella não se desvencilhou da figura de "bispo da Universal" e insinuou que Eduardo Cunha poderia vir a ser secretário de Pedro Paulo, uma acusação despropositada, pois Cunha não pode exercer cargos públicos até 2026.
Marcelo Freixo continuou a não fazer propostas viáveis e foi malhado por sua suposta defesa aos "black blocs", embora tivesse êxito em contribuir com a "surra" que Pedro Paulo estava tomando no debate.
Índio da Costa, apesar de ter feito algumas propostas sérias, ficou mais lembrado pelos "aplicativos" de smartphone, que pretende implantar, e da inviável limpeza, em quatro anos, da Lagoa Rodrigo de Freitas. Nem Héracles, o herói dos doze trabalhos, seria capaz disso.
Flávio Bolsonaro, apesar do apoio ruidoso da plateia, ficou sumido, ao largo da troca de acusações, e não disse nada de importante. Só brilhou na despedida, atacando o que ele chamou de pior governo que o Brasil já teve (o de Dilma), sem mostrar de fato que vai realmente fazer algo melhor.
Alessandro Molon, da REDE, não contribuiu em nada para deixar o debate mais palatável. O candidato da Marina Silva deve ser esquecido rapidamente.
Quem se saiu pior, contudo, foi Jandira Feghali, que ofendeu a Globo por ela ter participado do "golpe" contra Dilma e foi advertida por isso. Acabou virando "meme" nas redes sociais, além de também ser alvo de muitas críticas dos adversários.
Estes são os candidatos das duas maiores cidades do país, e um deles tem que ocupar as prefeituras, porque não há como deixá-las vagas. Se algum deles merece? Isso me lembra a fala de Hamlet:
Use every man after his desert,
Use every man after his desert,
and who should 'scape
whipping?
Que foi traduzida para o português como:
Tratai cada homem segundo seu merecimento,
e quem escapará da chibata?