segunda-feira, 12 de setembro de 2016

Tchau, querido!

Eduardo Cunha foi cassado. 

Foi o fim de um processo demorado e marcado por inúmeras manobras, inicialmente para manter-se na Presidência da Câmara, e depois para preservar o mandato de deputado. Tudo isso levou quase um ano, um tempo absurdo.

Pesaram contra ele as acusações de lavagem de dinheiro, participação no Petrolão, contas secretas na Suíça, abuso de autoridade, achacamento de colegas e testemunhas, e envolvimento no escândalo de offshores conhecido como "Panama Papers". Contra tudo isso, não adianta ter o fato de ser decisivo para cassar o mandato da agora ex-presidente Dilma Rousseff e contribuir para a derrocada do PT, um partido que traiu a confiança dos brasileiros ao praticar um ato que sempre condenaram quando estava na oposição, para depois fazer com ainda mais avidez predatória quando se tornaram governo: a corrupção.

Muitos deputados faltaram à sessão: a casa tem 513 componentes, mas 43 deles faltaram, a grande maioria partidários do peemedebista carioca. Dentre os que compareceram, 9 se abstiveram e 10 votaram a favor de Cunha. Mais tarde poderei divulgar os nomes. A imensa maioria, quando era necessária apenas metade mais um, votou contra ele: 450 votos. É um número maior do que os votantes contra Dilma no processo de impeachment em abril (367), e chega a surpreender.

Alguns fieis aliados de Cunha tentaram fazer algo feito centenas de vezes antes: manobras políticas, para tentar garantir uma pena mais branda, como fez Carlos Marun (PMDB-MS). Fracassaram, e só tornaram a votação ainda mais demorada.


Com isto, Cunha perde o mandato e, também, fica oito anos sem direitos políticos. Não vale para ele a manobra inconstitucional de ter fatiado o processo, autorizada pelo Senado e pelo agora ex-presidente do STF Ricardo Lewandowski, que garantiu à Dilma a possibilidade de exercer algum cargo público mesmo sem a Presidência. Pior: dependendo da decisão do STF, Cunha se tornará alvo das investigações de Sérgio Moro ou qualquer outro juiz envolvido na Operação Lava Jato. A chance dele ir para a prisão aumentou consideravelmente. 

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