domingo, 18 de setembro de 2016

Da série Paralimpíadas no Rio, parte 6 - O que houve no último dia

As Paralimpíadas terminaram, também. 

Deixam saudade, sem dúvida, mas não tanto quanto as Olimpíadas, principalmente porque a repercussão das Paralimpíadas é bem menor. Infelizmente muitos não estão habituados a assistir cadeirantes, deficientes visuais e pessoas com paralisia cerebral disputando competições, e as emissoras não fizeram questão alguma de mudar isso, apesar dos discursos mais regidos pelo "politicamente correto" e pelo coitadismo demagógico e sentimentalóide do que por uma verdadeira convicção de que os deficientes são pessoas como nós, que enfrentam os mesmos problemas, têm os mesmos objetivos e possuem as mesmas qualidades e defeitos, além de terem as particularidades de enfrentar as limitações físicas que a maioria não tem - e não quer ter. 

Como sempre, os atletas paralímpicos conquistaram bem mais medalhas do que os olímpicos. Foram 14 ouros, contra 7. Os paratletas ganharam 72 medalhas, e os atletas, 19. Muitos ficaram decepcionados pois a meta de ficarem entre os cinco melhores do mundo não foi atingida, e, comparados aos 21 ouros de Londres ou mesmo os 16 de Pequim, houve uma piora. Por outro lado, não só a delegação brasileira aumentou: as demais, em geral, também. A falta da Rússia e do mais conhecido paratleta do mundo, Oscar Pistorius, atualmente preso por assassinar a namora, foi compensada pela vinda de muito mais esportistas, boa parte deles disposta a superar seus limites. A China ganhou 239 medalhas, sendo 107 de ouro. É tão assustador que chega a gerar questionamentos sobre as causas do incrível desempenho da delegação asiática. 

Hoje, tivemos apenas um bronze, de Edneusa Dorta, maratonista categoria T12, para pessoas com deficiência visual moderada. É a primeira Paralimpíada da brasileira. A espanhola Elena Congost venceu a prova, seguida pela japonesa Misato Michishita. 

Quanto à cerimônia de encerramento, ela tentou sair da pieguice e mostrar alegria, mas teve de fazer uma homenagem ao ciclista iraniano Bahman Golbarnezhad, morto ontem durante competição de ciclismo de estrada. Tirando isso, além das exibições dos porta-bandeiras (entre eles Ricardinho, do futebol de 5 campeão paralímpico) e de algumas performances de artistas deficientes físicos, como Johnatha Bastos, guitarrista que toca com os pés por não ter os dois braços, tudo foi um imenso musical, com Vanessa da Mata, Nação Zumbi, Gaby Amarantos e, para terminar, Ivete Sangalo, após o espetáculo do apagamento da pira paralímpica com simulação do vento. Fora isso, a cerimônia não foi tão vistosa quanto a abertura, com muitos momentos tediosos, como o discurso requentado do chefe da organização para os Jogos, Carlos Arthur Nuzman. Também não houve humor como naquela ocasião, e nas cerimônias olímpicas, o que deixou muita gente frustrada. A aparição de vozes do Google Tradutor, embora interessante, não chega a ser engraçada. O mascote Tom fez uma última e discreta aparição.

 Saulo Laucas, tenor deficiente visual que ainda enfrentou o autismo, cantou o Hino Nacional (André Durão/Globoesporte.com)

 Johnatha Bastos, em solo de guitarra, bem no início da festa (Reuters)

 Ricardinho, estrela do futebol de 5 que ganhou o ouro paralímpico, é o porta-bandeira (Getty Images)

A homenagem ao ciclista morto Bahman Golbarnezhad (Reuters)

 O cartaz das Paralimpíadas de Tóquio (Reuters)

Vanessa da Mata (André Durão/Globoesporte.com)

Tom, o mascote paralímpico (Pablo Jacob/O Globo)

Artistas fizeram performance durante o apagar da chama paralímpica (Reuters)

Ivete Sangalo animou a plateia no final da cerimônia (Francisco Cepeda/AGNews)

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