quinta-feira, 22 de setembro de 2016

João Dória surpreende

Muitos não deram muito crédito à candidatura de João Dória Jr., do PSDB, devido à sua falta de experiência administrativa e pouca identificação com a maioria do eleitorado paulistano. Aos poucos, porém, a sua rejeição relativamente baixa e o fato de não ser um político profissional o tem ajudado. 

Por ora, ele ainda não pode ser considerado o favorito, pois os números da pesquisa mais recente apontam para um empate técnico entre os três favoritos. A Datafolha aponta 25%, contra 22% de Russomanno e 20% de Marta, com margem de erro de 3 pontos percentuais. 

Dados das últimas pesquisas para a prefeitura de São Paulo, segundo o Datafolha

Pelo comportamento do gráfico considerando os últimos índices, Dória cresceu consideravelmente. Russomanno caiu nas pesquisas, e Marta ficou estagnada. Fernando Haddad continua com chances remotas de ir para o segundo turno, pois não tem progredido muito: de 8% em agosto, para 10% em setembro. 

Ele foi o mais beneficiado pela queda de Russomanno, que não conseguiu fazer a opinião pública esquecer que ele foi julgado pelo STF por improbidade administrativa - e absolvido por uma margem apertada, 3 votos a 2. Ainda por cima, os adversários exploram um vídeo onde ele aparece insultando e constrangendo uma caixa de supermercado. O vídeo é de 2009, mas o candidato do PRB tenta se defender, dizendo que era uma edição manipulada com a intenção de prejudicá-lo. Marta não conseguiu se aproveitar da queda do antigo líder nas pesquisas, pois é identificada como ex-petista pelos adversários do PT, e traidora, pelos simpatizantes da estrela vermelha, além de sua gestão ficar marcada pela cobrança de taxas de lixo e iluminação. Luísa Erundina é prejudicada pela sua reputação como ex-prefeita, além de também ser ex-filiada do PT, partido do prefeito atual e cujo governo é muito mal avaliado. 

Resta saber até quando Dória crescerá, pois seu discurso não deixou de ser elitizado, falando em gestão, venda de patrimônio público, racionalidade. Fala como empresário, não como político. Suas propostas para saúde, segurança, habitação e educação são genéricas, sem perspectiva de que sejam cumpridas integralmente. E nisso ele é igual aos demais. 


N. do A.: Enquanto isso, Guido Mantega, apontado por várias denúncias, entre as quais a de Eike Baptista, que pagou R$ 2,35 milhões ao PT a pedido do então ministro da Fazenda sob Dilma, chegou a ser preso, na portaria do hospital Albert Einstein, onde sua mulher sofreu uma cirurgia para tratamento de câncer. Mantega foi ministro quando as contas da Petrobras sofreram um estrago colossal, fruto dos vários desvios financeiros. Foi também quando o Brasil enfrentou sua crise econômica mais séria desde 1929, condenando milhões ao desemprego e destruindo os esforços de combate à miséria. Sérgio Moro mandou soltá-lo logo depois, pois julgou que o ex-ministro não iria atrapalhar as investigações de várias empresas envolvidas nas construções de duas refinarias, P-67 e P-70, e bilhões de reais envolvidos. A nova fase da Operação, chamada de "Arquivo X", devido à identificação com "X" das empresas investigadas, causou fúria entre os petistas, que compararam os membros da PF com a ditadura, o nazismo e até o stalinismo. Porém, boa parte da opinião pública não pensa dessa forma e continua a apoiar os trabalhos para investigar e punir os corruptos, embora tenha questionado as circunstâncias da prisão de Mantega e se esse procedimento tinha respaldo na lei. Juristas como Walter Maierovitch e o ministro Gilmar Mendes, do STF, disseram que não. 

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