segunda-feira, 26 de setembro de 2016

Continuam os trabalhos na Lava Jato

Hoje, prenderam o ex-ministro Antônio Palocci, na nova operação da Polícia Federal, a trigésima-quinta, destinada a aprofundar as investigações sobre os contatos da Odebrecht com políticos e ministros dos governos Lula e Dilma. O nome da operação é Omertà, cujo significado perturba: é a denominação do código de honra das diversas máfias no sul da Itália, impondo silêncio e não-colaboração de seus membros com a polícia. 

Veículos de comunicação, porém, dizem que o nome está ligado ao fato de Palocci ser supostamente referido na Odebrecht como "o italiano". 

Palocci saíra ileso dos escândalos nos governos Lula e Dilma, mas agora seu sossego acabou (Dida Sampaio/Ag. Estado)

Ele foi um dos poucos políticos a não ser molestado durante o Mensalão, apesar das acusações que recaem sobre ele. Foi coordenador político da transição entre os governos Fernando Henrique Cardoso e Lula, e depois ministro da Fazenda, tentando assegurar a tranquilidade dos mercados. Conseguiu acalmá-los e fazer diminuir todos os indicadores negativos, como o risco Brasil e o dólar. No caso do primeiro, caiu bastante, de 1.446, no início do governo Lula, para 233, quando o ministro se demitiu por envolvimento na quebra de sigilo bancário do caseiro Francenildo Santos, que o acusou de se reunir com lobistas para controlar os interesses do governo. A moeda americana caiu de R$ 3,52 para R$ 2,17 no mesmo período. Depois, foi nomeado chefe da Casa Civil no primeiro governo Dilma, e ficou apenas seis meses no governo, até junho de 2011, desta vez por suspeita de enriquecimento ilícito. Seu patrimônio aumentou 20 vezes, segundo o jornal Folha de S. Paulo. 

Com tudo isso, ele ainda conseguia escapar de se tornar réu. Ele não está nessa condição, e cumprirá prisão temporária, podendo ser solto em cinco dias. Poderá revelar, durante este período, muito sobre os seus atos no governo Lula, podendo ser formalmente acusado, e aí sim ser passível de condenação. Ele não é o único figurão do governo passado a ser alvo da "Operação Omertà": Erenice Guerra, ex-ministra da Casa Civil em 2010, e Luciano Coutinho, do BNDES, também podem ser presos temporariamente. Eles também foram deixados em paz, até agora, e podem prestar esclarecimentos acerca do envolvimento da Odebrecht e outras empreiteiras com Lula e Dilma, e dos desvios no banco usado para o financiamento de vários projetos dos governos. Suspeita-se que o rombo no BNDES seja comparável ao Petrolão. 


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