segunda-feira, 19 de março de 2018

Eleições presidenciais na Rússia: Putin é eleito por ampla maioria

Putin discursa às vésperas da eleição, realizada ontem: ele governará até 2024 (Alexander Zemlianichenko/AP)

Ontem, foi realizada a eleição presidencial russa onde o atual presidente Vladimir Putin foi eleito com votação recorde: mais de 76% dos votos, comparecendo 67% dos eleitores, segundo fontes locais. 

O amplo favoritismo de Putin se deve à oposição: os candidatos não têm expressão nem representatividade, e defendem pautas ora vistas com antipatia pelo Ocidente, como nacionalismo ultraconservador ou comunismo, ora pouco palatáveis a muitos russos acostumados com o autoritarismo secular, como políticas liberais e defensoras da livre iniciativa. 

O principal opositor, Alexei Navalny, foi proibido de concorrer, e ele teria votação suficiente para, pelo menos, forçar um segundo turno. Não quer dizer, porém, que fosse uma solução viável para resolver os problemas da Rússia, como o baixo crescimento da economia e a corrupção sistêmica. Além de incomodar quem está dentro do Kremlin com suas acusações ferinas e sarcásticas, ele só tem apoio de parte das redes sociais, cujos usuários gostam de suas ideias pró-Ocidente e seu discurso anti-política. Para muitos, ele não teria talento para comandar uma máquina estatal gigantesca como a russa, por não ser propriamente um político, mas um ativista e advogado. E ele foi acusado de crimes pesados, como desvio de dinheiro, prejudicando uma das empresas das quais ele teria ações, como sócio minoritário, a fábrica cosmética Yves Rocher. Para os defensores dele, as acusações são mentirosas e visam prejudicá-lo. Ele foi condenado por estas acusações, e é um dos motivos alegados para impedi-lo de concorrer. 

Como se vê, a qualidade dos candidatos à eleição presidencial russa era deplorável, justificando, em parte, a ampla vitória de Putin, um politico já consagrado por boa parte dos russos por sua auto-confiança e capacidade de liderar, embora odiado fora de seus domínios por seu autoritarismo, financiar tiranias, como as da Síria, da Venezuela e da Coréia do Norte, e não abrir mão de um poderio bélico nuclear, além de ser apontado como responsável por crimes dentro e fora da Rússia, como a tentativa de assassinato do ex-espião Sergei Skripal, em solo inglês, com um gás cuja composição está agora para ser analisada por laboratórios independentes - mas que Londres desconfia ser Novitchok, desenvolvido nos anos 1970 quando a Rússia fazia parte da União Soviética, e é uma substância mais mortífera que o Sarin ou o VX, agentes químicos condenados pela lei internacional. Naturalmente, Putin e seus assessores negam, julgando ser uma campanha de difamação ocidental contra os russos.

Por mais seis anos, o atual mandatário do maior país do mundo em território vai mostrar sua força na política internacional, enquanto os problemas crônicos, sociais e econômicos, sofridos pela população vão sendo administrados, por serem grandes demais até mesmo para um chefe poderoso como Putin conseguir resolver durante esse tempo. 

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