terça-feira, 12 de novembro de 2019

A importância do Brasil na paleontologia

O Brasil não é muito destacado na mídia por causa da descoberta de fósseis, talvez pela ausência de exemplares considerados impressionantes. Por exemplo, a América do Norte abrigou ossos do famoso Tyranosaurus rex, enquanto na Ásia Central foram descobertos muitos restos de outros dinossauros chamados de "raptores", e, na Rússia, haviam vestígios dos mamutes. 

Por outro lado, nosso país foi lar de alguns animais dentro da linhagem dos mamíferos, os chamados terapsídeos cinodontes, ou "feições de fera com dentes de cachorro". Já abordei um desses exemplares recentemente, ao abordar o "problema" dos humanos (e quase todos os mamíferos) não trocarem os dentes quando eles se estragam e só ter dois tipos de dentição, ou difiodontia. Entre as exceções, estão os elefantes. 

Riograndia guaibensis, um cinodonte que viveu em terras do atual Brasil há cerca de 210 milhões de anos atrás
Infelizmente, para desgosto daqueles que apreciam fósseis chamativos, nada de elefantes nem animais parecidos, e sim pequenas criaturas, menores do que um cão de tamanho médio. Contudo, eles não deixam de ser nossos "parentes". Viveram entre 200 e 230 milhões de anos, no período Triássico, quando os dinossauros começaram a dominar a Terra.

Dentre os chamados terapsídeos, erroneamente conhecidos como "répteis mamiferóides" (a linhagem que os separou dos répteis datava de mais de 300 milhões de anos), os cinodontes foram os mais parecidos com mamíferos. Ainda não possuíam algumas características típicas, como a amamentação dos filhotes (as glândulas mamárias ainda estavam em desenvolvimento e serviam para umedecer os ovos), a já citada difiodontia e a mandíbula única, formada apenas pelo osso dentário. Já tinham dentes bem diferenciados, pernas relativamente retas (nisso eles se assemelhavam não só aos mamíferos, mas também aos dinossauros), pelos e sangue quente. Embora muitos sejam representados artisticamente sem orelhas, provavelmente eles já as tivessem, devido ao desenvolvimento mais avançado do sistema auditivo. E eles precisavam ouvir bem, para escapar dos predadores, inclusive os dinossauros.

Dentre as espécies descobertas em solo brasileiros, havia o Brasilitherium, ou "besta do Brasil", um minúsculo animal insetívoro, e o Riograndia, um pouco maior e com feições de um preá, mas com uma cauda longa e reptiliana. Restos desses seres foram descobertos nos sítios arqueológicos de Santa Maria e Caturrita, no Rio Grande do Sul. Não só os terapsídeos, mas também répteis primitivos contemporâneos dos primeiros dinossauros (Hyperodapedon, um rincossauro aparentado com os atuais lagartos), insetos e plantas pteridófitas (antepassadas das samambaias).

Brasilitherium riograndensis, ancestral dos mamíferos, viveu há cerca de 215 milhões de anos atrás

Além desses fósseis, foram encontrados no Rio Grande do Sul restos de um dos dinossauros mais antigos que surgiram na Terra, um Herrerasauridae, datado de 230 milhões de anos. Era carnívoro, da mesma linhagem dos tiranossauros e das aves.

Nenhum comentário:

Postar um comentário