sexta-feira, 29 de novembro de 2019

Estamos vivendo tempos estranhos

Como explicar certos aspectos bizarros que vêm acontecendo no Brasil?

Ver no Rio de Janeiro um sujeito armado com uma faca, fazendo reféns, não deve ser definitivamente encarado como normal. Ainda estão tentando negociar com o sujeito, que definitivamente não pode ser considerado psicologicamente sadio.

O criminoso invadiu um bar na Lapa e fez reféns antes de ser imobilizado; o Bope cercou a região (Tânia Abreu/Agência Brasil)

Outra pessoa também com a capacidade cognitiva questionável é o jornalista Sérgio Nascimento de Camargo, recém nomeado presidente da Fundação Palmares. Seria aceitável ter um negro que não fosse de "esquerda" para endossar o vitimismo alimentado por setores da militância e a versão fantasiosa de Zumbi, o rei dos Palmares, como libertador, mas ele deu mostras de não ter preparo algum para lidar com outras pessoas. Argumenta a respeito do racismo e da escravidão como se não compreendesse nada o que ele próprio diz, e faz isso sem a necessária educação e capacidade de lidar com críticas. Seu modo de se expressar o fez ser comparado aos antigos capitães do mato. Até mesmo os familiares o criticam. 

Pior do que isso é atropelar deliberadamente os protocolos e anunciar a nomeação de alguém sem comunicar previamente a quem ele deseja substituir. A presidente da Biblioteca Nacional, Helena Severo, sofreu esse processo heterodoxo de "fritura", quando soube pela imprensa que será substituída pelo professor Rafael Nogueira. Ele é conhecido por ser monarquista, produtor de vídeos do canal Brasil Paralelo, responsável pelas informações estudadas pelo deputado Eduardo Bolsonaro para se preparar para o cargo de embaixador em Washington. Rafael é auto-intitulado discípulo do filósofo Olavo de Carvalho.

O responsável pela forma hedionda de tratar a presidente da Biblioteca Nacional, e também pela nomeação de Sérgio Nascimento, é o secretário da Cultura, Roberto Alvim, o mesmo que proferiu ofensas escandalosas contra a atriz Fernanda Montenegro, depois de se dizer convertido pelo credo bolsonarista após passar boa parte da carreira defendendo ideias "esquerdistas" e ter sido amigo de Chico Buarque. Não, ele não induziu o criminoso da faca a fazer os reféns no Rio, mas ambos, sequestrador e o excelentíssimo secretário (por extensão, o novo presidente da Fundação Palmares), são taxados de doentes mentais para baixo.

Não é possível encarar com naturalidade esses acontecimentos. Os autores precisam sofrer as consequências pelos seus atos, como, aliás, todos nós, que temos obrigação de agir com responsabilidade.

O secretário da Cultura, Roberto Alvim, alvo de críticas por seus métodos para demitir subordinados - inclusive gente graúda, nomeada por aliados do governo Bolsonaro (Divulgação)

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