terça-feira, 31 de março de 2020

Tempos favoráveis para a desinformação

Em cenários como guerras e epidemias, há uma verdadeira proliferação de notícias de má qualidade, visando fazer sensacionalismo ou desviar a atenção do público. 

Para conseguir atenção, certos veículos de mídia, jornalistas ou influenciadores digitais podem se valer de informações exageradas, distorcidas ou escandalosas, para conseguirem audiência ou cliques nos seus espaços na Internet. 

Não só as fake news nas redes sociais são utilizadas, mas as seguintes categorias de desinformação: 

- Imprensa amarela (yellow press): praticada há séculos, desde a invenção do jornal, visa causar escândalo ou alertar de forma exagerada sobre determinados temas; a atual pandemia de COVID-19 é assunto para sensacionalismo, aumentando a inquietação no público, como escrever a respeito de milhões de mortes em determinado país - mas isso seria o pior cenário, caso o lugar não tivesse tomado medidas para diminuir a incidência;

- Imprensa marrom: é a variante da imprensa amarela, utilizando-se do sensacionalismo para fins mais torpes, como difamação, injúria e descrédito da vítima dessa modalidade de mau jornalismo; as fake news são exemplo moderno para esta modalidade; outros meios são utilização de notícias para distorcer a verdade em favor ou contra determinados países, como a China, ora vista como um exemplo de controle na pandemia, ora como uma gigantesca horda para destruir o Ocidente;

- Imprensa rosa: é uma modalidade de jornalismo igualmente desinformativo, explorando motivos fúteis, como a vida de celebridades ou o BBB 20, agora muito falado; chega-se a dizer que este programa de qualidade questionável é uma das principais diversões do brasileiro, principalmente porque os campeonatos de futebol estão paralisados. 

Um verdadeiro sorvete napolitano, que todos devem evitar, porque faz muito mal, para a reputação dos veículos de imprensa e para o público, e agrava as consequências de uma pandemia em curso. 


Por isso, é necessário consultar mais de uma fonte, para não cair em mentiras que muitos, mesmo involuntariamente, acabam divulgando. Sites confiáveis de informação existem, gratuitos ou pagos. Consultem-nos.

segunda-feira, 30 de março de 2020

Daniel Azulay (1947-2020)

Uma das referências de infância para muita gente, inclusive o autor deste blog, é o programa da Turma do Lambe Lambe, reunindo atores fantasiados de bonecos e um simpático desenhista de aparência meio "nerd" e habilidoso na arte do pincel. Seu bordão era "Algodão doce pra vocês!"

O artista que aparecia no programa foi Daniel Azulay, agora a mais ilustre vítima da COVID-19 neste país. Ele estava internado por duas semanas com leucemia, quando o vírus abreviou seu sofrimento, aos 72 anos. 

A Turma do Lambe-Lambe foi uma daquelas criações bem sucedidas para mostrar que não só Maurício de Souza fazia sucesso entre os criadores brasileiros. Reunia crianças humanas (apesar de duas delas, o menino Pita e a menina Damiana, serem negros bem caricaturizados, algo pouco aceitável atualmente) e adultos como animais antropomórficos, como a galinha Xicória, o inventor Professor Pirajá (uma coruja) e a vaca Gilda, que cantava mal. Esses personagens também foram aparecer numa revista da Editora Abril entre 1982 e 1984, com histórias criadas pelo "mago" dos quadrinhos Disney brasileiros, Ivan Saidenberg (1940-2009), entre outros autores. 

Daniel Azulay e seus personagens da Turma do Lambe Lambe. 


Ele também foi o autor de um herói estranho, o agora pouco conhecido Capitão Cipó, cujo maior poder era um "supercuspe" para apagar incêndios. Esse personagem apareceu em algumas tiras do jornal Correio da Manhã, a partir de 1968, e fazia sátiras à situação política, mostrando vilões tiranos bem parecidos com os governantes da época. 

Perdemos um artista brilhante para esta pandemia. Ficamos a imaginar quem será a próxima celebridade a perder a vida para o coronavírus. Mas, para os fãs de Daniel Azulay e da Turma do Lambe Lambe, isso não importa no momento. 

sexta-feira, 27 de março de 2020

Este blog não vai fazer profecia alguma

Uma figura estilizada de Nostradamus está postada, mas não vai haver previsão alguma aqui, mesmo porque este blog não é de uma reencarnação deste adivinho do século XVI

Não faltam pessoas que tentam prever o futuro próximo, devido a esta pandemia de coronavírus que ainda causa pânico e inquietação. Fazem estimativas sobre o número de mortos no Brasil, uns falam em menos de 200 (que otimismo!), outros em 1 milhão (que pessimismo!!!) e a maioria fala de números entre esses extremos, ou seja, não há certeza alguma. 

Este blog, como já foi escrito anos atrás, não é de futurologia, e não vai estimar nada sobre mais esta crise, mesmo porque as tentativas de se fazer alguma previsão ficaram bem longe da exatidão. Talvez lembrem esses videntes famosos na mídia, mas nada além disso. 

Em 2014 e 2015, houve algumas postagens ensaiando previsões. E, pela quantidade de acertos, realmente não dá para se aventurar de novo neste ramo. 

Este blog previu o Brasil hexacampeão e Aécio Neves eleito. Obviamente, errou! Disse que não haveria mortes entre os candidatos à Presidência (mas Eduardo Campos pereceu em acidente de avião)! Leia mais AQUI, AQUI e AQUI

Não satisfeito, houve uma postagem sobre o que NÃO aconteceria, por parecer absurdo e nefasto demais, ou por ser supostamente uma fantasia quimérica. De fato, boa parte do que foi escrito não aconteceria mesmo, e certos personagens citados não morreram em 2015, como Fidel Castro (morto em 2016) e Mohammed Morsi (morto em 2019, não pela forca mas por um aparente ataque cardíaco). Aconteceram, às vezes, coisas piores, mais absurdas, nefastas e fantásticas. Era a época do segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff, marcado por vultosa rapina contra o NOSSO DINHEIRO. Leia mais AQUI

Definitivamente, fazer previsões não é para o autor deste blog, que não se arrisca a dizer nem se vai chover, mesmo consultando a meteorologia. 


quinta-feira, 26 de março de 2020

Cloroquina e hidroxicloroquina, os remédios da vez

Aproveitando os esforços para pesquisarem tratamentos mais eficazes contra o novo coronavírus, encontraram logo dois candidatos, entre os remédios para alívio dos sintomas da malária, lupus e artrite: a cloroquina e a hidroxicloroquina. 

O presidente Jair Bolsonaro se esforça para defender o uso desses medicamentos, produzidos por grandes empresas como a Bayer e a Pfizer. Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, também é favorável ao uso, mas os médicos são bem mais cautelosos, porque a cloroquina e seus derivados apresentam uma série de efeitos colaterais, como dores de cabeça, problemas oculares, diarreias e confusão mental. 

Portanto, esses remédios, como a maioria dos outros, devem ser receitados de acordo com as ordens médicas. O uso indiscriminado, além de piorar a saúde, ainda prejudica seriamente a quem precisa realmente deles, tanto os pacientes mais graves de COVID-19 quanto os que sofrem de outras doenças. 

Existem relatos de melhora significativa com o uso da cloroquina ou sua variante, mas isso não deve ser visto como a cura para todos os casos. Ainda é muito melhor lavar as mãos e cuidar da higiene do que usar qualquer substância sem critério. Precisamos usar bem nossos cérebros em tempos como estes. 

quarta-feira, 25 de março de 2020

Governadores ganham na "queda de braço" com o presidente

Sem repertório para enfrentar a crise do COVID-19, isto é, sem verbas, apoio, planos de ação e equilíbrio emocional, o presidente Jair Bolsonaro está perdendo o controle do país. 

Coube aos governadores a iniciativa de estabelecerem quarentenas parciais para evitarem a aglomeração de pessoas e o contato direto. Sem isso, a epidemia seria bem mais grave. 

Bolsonaro, atendendo aos interesses de empresários de sua (limitada) base de apoio, mas também ao chamado "núcleo ideológico" e a um de seus líderes, o filho "02" Carlos, fez um pronunciamento tentando fazer o país voltar ao normal, pois, segundo eles, as quarentenas trariam prejuízos econômicos muito maiores do que o coronavírus. Com argumentos primários e sem base alguma na realidade, como dizer que, para o presidente, o vírus agiria nele como se fosse uma "gripezinha". 

Fez ainda pior ao transformar o combate ao coronavírus em uma sórdida briga eleitoral, apelando até para o catastrofismo e falando em revoltas como a do Chile (quem mais fala disso agora?). E se deixou levar pela emoção ao brigar com o governador paulista João Dória. Falou de 2022, de palanque, quando o bom senso manda esquecer os mesquinhos interesses eleitorais, até mesmo os desse ano (lembrando que as eleições municipais serão em outubro, quando o surto provavelmente já terá passado). 

Bolsonaro não conseguiu nada, só atrair mais críticas dos governadores, parlamentares e outros vistos pelos bolsonaristas como "antro de corrupção" e "conspiradores". As quarentenas impostas pelos governadores continuam. E a Bovespa, que subiu 7,5%, esteve muito mais interessada na decisão de Donald Trump, prestes a liberar US$ 2 trilhões para estimular a economia. Por lá, há argumentos mais fortes para tentar fazer um país voltar ao normal, mesmo com o risco de contaminar pessoas com o vírus. Muito mais dinheiro e leitos nos hospitais, embora tanto lá quanto aqui e no resto do mundo o inimigo invisível seja ainda mal conhecido e seja motivo de muitas afirmações fantasiosas e mentirosas.

Por fim, o número de mortes por esta praga: 57, só no Brasil. 

terça-feira, 24 de março de 2020

O vírus arruinou de vez o calendário esportivo

Para não expor atletas, organizadores, dirigentes e, principalmente, espectadores a se tornarem vítimas do COVID-19, e notando que o medo de contraí-lo atrapalhou seriamente a preparação de boa parte dos atletas, a prefeitura de Tóquio e o COI anunciaram o adiamento das Olimpíadas, para uma data incerta, provavelmente o verão de 2021. 

O inimigo invisível conseguiu um feito só obtido pelas guerras mundiais (adaptado de foto da Reuters)


O parasita atrapalhou o calendário esportivo em geral, fazendo torneios de atletismo, basquete, vôlei, futebol, tênis e outros serem adiados ou cancelados. GPs da Fórmula 1 como Mônaco não ocorrerão neste ano. O tradicional torneio de Roland Garros, marcado para maio, foi adiado para setembro. A Eurocopa e a Copa América foram transferidas para 2021. 

Nada disso impacta tanto quanto o adiamento dos Jogos Olímpicos. Somente as guerras mundiais perturbaram o calendário do evento esportivo mais importante do mundo. Não tivemos Olimpíadas apenas em 1916, 1940 (que seriam também em Tóquio) e 1944. 

É uma vitória decisiva do parasita contra a humanidade. Mas a epidemia vai passar, e nós continuamos. Este é um acontecimento extraordinário, que não voltará a se repetir. Os Jogos, portanto, ficam para 2021. Veremos. 


N. do A.: É particularmente desarmônica a relação do presidente Jair Bolsonaro com os governadores, acusados de serem "exterminadores" e "enganarem" o povo, junto com a imprensa. Em pronunciamento recente, ele voltou a chamar o COVID-19 de "gripezinha" e, pior, de "resfriadinho", afrontando a inteligência dos brasileiros e referindo-se a uma frase infeliz do dr. Dráuzio Varella quando ele desconhecia a gravidade da doença. Bolsonaro, eleito para governar o Brasil e não apenas uma legião de seguidores, precisará reunir argumentos mais convincentes e menos descaradamente inverídicos para tentar honrar a dignidade do cargo e fazer o país voltar ao normal o mais rápido possível. Nem Donald Trump está conseguindo nos Estados Unidos, onde a epidemia está ainda crescendo em ritmo avassalador. Aliás, nem o ditador Xi Jinping em relação à China, onde os números de vítimas pararam de aumentar (pelo menos de acordo com os dados oficiais), mas a economia não voltou ao normal (e não voltará tão cedo, pois vai enfrentar um período de recessão, inédito em mais de meio século). 

segunda-feira, 23 de março de 2020

Afinal, o que significa achatar a curva?

Segundo estudos preliminares, a curva da infecção por coronavírus lembra uma gaussiana, em formato de sino, com rápida expansão seguida de um período de estabilidade e uma também rápida diminuição. 

Inicialmente, a curva gaussiana lembra uma exponencial, quando a função aumenta enormemente, parecendo sair de controle. É a situação do COVID-19 no Brasil, que ainda não chegou a um nível máximo de casos. Isso porque a gaussiana é uma função com componente exponencial, como vista a seguir: 




onde o símbolo " σ " (leia-se sigma) é o desvio padrão e o símbolo " μ " (leia-se mi) é a média esperada de tempo para chegar ao pior número de casos. 


Achatar essa curva é fazer com que esse pior número de casos não ultrapasse a capacidade dos hospitais de atenderem os pacientes mais graves. 

Achatar a curva é fazer com que o perfil da epidemia não seja o do gráfico azul, e sim o do amarelo (Michigan Medicine)


Caso essa curva não fique bem achatada - e, no caso do Brasil, com seu precário sistema de saúde pública, precisa ser bem achatada mesmo - o número de doentes vai sobrecarregar o sistema, levando a mais mortes e causando prejuízos capazes de levar anos para serem reparados. 

Para essa curva achatar, é necessário seguir os procedimentos já bastante conhecidos por nós e ditos à exaustão pelo ministério da Saúde e pelas fontes de informação confiáveis. 

Isso é responsabilidade de todos, para preservar vidas, principalmente dos idosos e de todas as pessoas com doenças graves ou baixa imunidade.

Mas muitos iriam perguntar: achatar a curva significaria aumentar o tempo de incidência desta praga. Isso se o número acumulado de pessoas infectadas for o mesmo nos dois cenários, o pior (gráfico azul) e o melhor (gráfico amarelo). Neste caso, é melhor do que aumentar o caos nos hospitais, levando a um cenário mais trágico. Seguindo os procedimentos sanitários corretos, o número acumulado de infectados também diminui, e a tendência é o tempo de incidência da pandemia ficar mais razoável.

Agora, de nada adianta estudar a teoria sem levar isso em prática. Fazer o que muitos fazem, mesmo sem entenderem nada dessa álgebra. Melhorar nossos hábitos de higiene, lavando bem as mãos ou cobrindo nariz e boca com lenço ou papel descartável ao tossir ou espirrar, é fundamental. Num tempo como este, devemos evitar sair sem necessidade, fugir de aglomerações e usar os recursos disponíveis para trabalhar em casa (o home office). Nem sempre é agradável, mas é melhor sofrer por algum tempo com esperança de melhora do que negligenciarmos e sofrer algo pior, como a morte de nossos entes queridos por causa desse minúsculo assassino.



N. do A.: Um fator complicante é a reincidência do COVID-19 em certos pacientes. A princípio, isto não é uma regra, caso contrário o perfil gaussiano já não seria adequado para explicar a pandemia. 

sexta-feira, 20 de março de 2020

Revisão da classificação psicológica do presidente

Este blog classificou o presidente do Brasil Jair Bolsonaro como ESTJ, devido à sua aparente rigidez moral e defesa dos valores conservadores, além de apresentar temperamento dominante e ser extrovertido. 

Existem, porém, razões para classificar a personalidade do presidente como ESTP. Além da sua postura que demonstra pouca prudência e impulsividade, característica dos tipos dominados pela sensação extrovertida (ESTP e ESFP) e não pelos tipos com pensamento extrovertido (ESTJ e ENTJ), há outros aspectos apontados por alguns estudiosos da psicologia jungiana, como: 

- ex-paraquedista, algo procurado por tipos com sensação extrovertida forte; 

- defensor de medidas agressivas para manter a popularidade junto ao seu eleitorado (sensação extrovertida aliada a certo sentimento extrovertido, associado a liderança de grupos), e não porque elas são eficazes (pensamento extrovertido com sensação introvertida, ligada à análise subjetiva da realidade e da experiência); 

- capacidade de improvisar, mas sem muita profundidade, característica dos tipos ESTP e ISTP; 

- uso das redes sociais de forma habilidosa, embora suas opiniões não sejam muito empáticas (dualidade entre o pensamento introvertido, ligado à lógica, ser mais desenvolvido do que o sentimento extrovertido); 

- volubilidade nas decisões: em seu governo, ele anunciou várias medidas, mas precisou voltar atrás em boa parte das vezes, e isso tem mais a ver com tipos perceptivos (xxxP) do que com julgadores (xxxJ). 

Para entender melhor o que são essas siglas, basta pesquisar nas postagens com o marcador "psicologia". 


quinta-feira, 19 de março de 2020

Só faltava essa!

Nesta semana divulgaram uma notícia perturbadora, ainda mais do que a atual pandemia de COVID-19: um asteroide com diâmetro entre 1 e 4 km está bem próximo da Terra. 

A NASA identificou o corpo celeste como 1998 OR2, e, segundo dados, ele se aproximará da Terra no dia 29 de abril. 

Mas, de acordo com a agência americana, não há motivo para pânico: a distância mínima é de 62 milhões de km, uma distância bem superior à da Lua, mas astronomicamente bem pequena. Ela monitora outras possíveis ameaças, e o tal asteroide não consta na lista (leia AQUI).

Se o 1998 IR2 fosse realmente uma ameaça, seu tamanho não teria uma estimativa tão imprecisa: a diferença entre 1 e 4 km está muito além do chamado "desvio padrão", cálculo de medida de erro que considera as imprecisões nas medidas de todos os fatores para observação de corpos celestes, entre eles a distância, o formato da órbita, a reflexão da luz incidente e a resolução da imagem gerada pelos telescópios (neste último caso, apenas para objetos próximos). 

Esta medida foi fornecida pelo site "Mega Curioso", que trata de curiosidades, não necessariamente informações verídicas, e pelo Tecmundo, especializado em tecnologia. 

De acordo com os dados do site spacereference.org (leia AQUI), o astro tem medidas pouco mais precisas, e ainda maiores do que o divulgado, com média de 2,374 km, suficiente para causar uma destruição comparável àquela que levou à extinção dos dinossauros, embora em escala menor (o bólido que colidiu no Golfo do México e aniquilou aqueles poderosos répteis tinha pelo menos dez vezes o volume da suposta "ameaça vinda do espaço"). 

Por outro lado, outra publicação virtual, ligada à AFP francesa, disse que isto é mesmo "fake news" (leia AQUI). 

Todas as fontes citadas acima corroboram as informações da NASA, dizendo que ele chegará perto da Terra, mas não colidirá com ela.

Esta ilustração realmente perturba, mas só os teóricos da conspiração acham que a NASA divulgaria resultados de medições com erros grosseiros nas órbitas dos asteroides para disfarçar os perigos de colisão (Smithsonian Magazine/Reprodução)

quarta-feira, 18 de março de 2020

Situação do Brasil deteriora-se, mas ainda há motivos para ânimo

A atual crise não para de produzir notícias ruins e perturbadoras.

Davi Alcolumbre, presidente do Senado, está com o COVID-19. Não é motivo para os bolsonaristas comemorarem, porque dois ministros do governo, Augusto Heleno e Tarcísio de Freitas, também foram afetados. 

Só hoje, três vítimas da doença, internados no Hospital Albert Einstein, morreram. Agora são quatro mortes. Na Itália, 475 já perderam a vida por causa da atual pandemia. 

O governador João Dória e, principalmente, o prefeito Bruno Covas anunciaram medidas duras e desagradáveis para tentarem deter a expansão da praga invisível, como a suspensão das cotas para estudantes, que passarão a pagar passagem integral no transporte público, além de restringirem fortemente o comércio, a partir da próxima sexta-feira, estendendo-se até o dia 5 de abril. 

Jair Bolsonaro está passando por um período de impopularidade jamais visto, com a ocorrência de vários "panelaços" nas grandes cidades. Os adeptos do presidente ainda respondem com "buzinaços", mas eles não foram tão intensos. Ele está perdendo prestígio diante de seu próprio ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que está chefiando a luta contra o coronavírus no país. 

Continua o período de "bear market", fazendo as bolsas chegarem a um nível impressionantemente baixo. Na Bovespa, o nível ficou abaixo dos 67.000 pontos, marca vista em agosto de 2017. Por outro lado, o dólar foi a escandalosos R$ 5,199. Há espaço para piorar mais?

Por outro lado, a Selic decaiu 0,5 ponto percentual e agora está em apenas 3,75%, chegando à menor marca da História. E a Petrobras anunciou redução de 12% no preço dos combustíveis, devido à briga entre Arábia Saudita e Rússia, ainda em curso, fazendo a oferta do petróleo ficar extremamente alta, num período de demanda prejudicada pelo coronavírus. 

Uma última nota: a Ambev anunciou a produção de álcool em gel para distribuir nos hospitais públicos e ajudar no combate ao vírus. A gigante do ramo de bebidas vai aproveitar as sobras na produção das cervejas sem álcool. 

terça-feira, 17 de março de 2020

Respostas nada cretinas para uma pergunta que não parece imbecil (mas é)

Para não ficar um plágio descarado da antiga revista MAD algo monótono, discorrendo sobre um mesmo tema e usando um recurso já usado em outras postagens, vamos variar. 

Pergunta: No Brasil há 291 casos de COVID-19 e apenas uma morte, o que dá uma taxa de letalidade de 0,3436%, muito abaixo da média mundial. Não acham que fazem muita histeria por pouca coisa?

Respostas: 

1. Experimente contrair a doença. Ela vai ser pior do que uma gripe comum. Para quem está com baixa imunidade ou possui uma certa idade, a COVID-19 é muito grave. Devemos, portanto, nos preocupar. 

2. A histeria, infelizmente, é algo esperado porque estamos enfrentando uma pandemia incomum e perigosa. Por isso, devemos nos informar melhor e não acreditar em qualquer coisa que dizem a respeito do coronavírus. 

3. Devemos nos prevenir e lavar bem as mãos, só usando o álcool gel após entrar em contato com superfícies suspeitas (infelizmente, qualquer uma, quando não estamos em casa). E nada de estocar esse produto ou querer vendê-lo a preços absurdos, porque ninguém pode ser cretino ou imbecil de pagar R$ 15,00 por um frasquinho de gel. 

4. Não se vê tanta histeria assim. Na verdade, há muita gente que está aproveitando a praia ou passeando, e isso é bem o contrário: é negligência e falta de cuidado. Deveríamos levar mais a sério as recomendações dos médicos e do ministério da Saúde, e evitar aglomerações. 

5. Uma morte por COVID-19 no Brasil não é "pouca coisa". Vidas humanas não podem ser tratadas como estatística, ainda mais por quem está a fim de subestimar o problema. 

segunda-feira, 16 de março de 2020

Manifestações pró-presidente foram contra ele

Houve novas manifestações a favor do presidente Jair Bolsonaro e contra a corrupção - e também contra Lula, Rodrigo Maia, Davi Alcolumbre, os governadores Wilson Witzel (no Rio) e João Dória (em São Paulo). Mas eles, ao invés de ajudarem na imagem de Bolsonaro, acabaram manchando-a.

Na Paulista, chamaram o coronavírus de "comunavírus", e houve um incidente isolado de violência, quando um manifestante atirou em uma mulher que o provocou (Bruno Santos/Folhapress)
Em Brasília, compararam o STF e o Congresso com o coronavírus (Edson Sardinha/Congresso em Foco)
Em Curitiba, terra onde Sérgio Moro projetou-se, também houve protestos contra o Congresso e apoio ao presidente (Henry Milleo)

Vários fatores contribuíram para o resultado adverso, que pode comprometer ainda mais a governabilidade: 

- Em geral, os protestos tinham menos adesão do que antes e não tiveram força suficiente para intimidar o Congresso e o STF, vistos como contaminados pela corrupção e pelo "esquerdismo"; 

- Uma parte dos manifestantes repetiu novamente as velhas ladainhas anti-constitucionais e golpistas: intervenção militar, volta do AI-5, fechamento do Congresso e do STF, e outros delírios impensáveis em países sérios, como os Estados Unidos, tão admirados e elogiados pelos apoiadores de Bolsonaro; 

- A pandemia de coronavírus foi menosprezada galhardamente, chamada, por exemplo, de "comunavírus" por gente que parece estar contaminada com outro vírus, este muito mais perigoso e antigo: o da imbecilidade; 

- Muitos auto-intitulados patriotas não foram por medo do coronavírus e pelo bom senso de não formarem aglomerações, algo favorável ao contágio; 

- O presidente Bolsonaro, suspeito de estar infectado, foi cumprimentar e tirou selfies com quem disse apoiá-lo; esse gesto foi visto por outras autoridades como inconsequente. 


N. do A. 1: Enquanto isso, Lula acabou de voltar de uma viagem à Europa, onde alardeou a sua inocência, apesar dos vários processos pelos quais responde por corrupção, lavagem de dinheiro, abuso de poder e outros crimes, e encenou o papel de estadista preocupado com os rumos do país, embora passando por nações assoladas pelo COVID-19 e correndo o risco de se contaminar; os resultados deram negativo.

N. do A. 2: O ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta é o encarregado de exercer o papel de conscientizar a população, e está fazendo isso com competência, apesar do próprio presidente não cooperar; o ministro da Economia Paulo Guedes também está tomando providências práticas, embora limitadas, para combater os efeitos da epidemia, liberando R$ 147 bilhões nos próximos três meses, isentando do Simples as pequenas empresas, liberando o FGTS, adiantando o décimo terceiro para os aposentados e reforçando o Bolsa-Família. 

sexta-feira, 13 de março de 2020

Da série 'Oitentolatria', parte 29 - Dengue e AIDS, as pragas dos anos 80

O COVID-19 (nome em caixa alta, de acordo com o padrão usado internacionalmente) está gerando pânico, mas o passado recente do Brasil mostrava que ele nunca foi um santuário livre de doenças fatais. 

Na década de 1980, aquela famigerada época muito abordada por aqui, começou a epidemia de dengue, transmitida pelo mosquito Aedes aegyptii. Esta doença mortífera continua a fazer vítimas, e nunca foi alvo de tanta histeria, pois o meio de transmissão não é tão imediato. Continuam a manter criadouros dentro das casas e acumular lixo, criando o meio ambiente ideal para o mosquito. O descaso e a falta de seriedade com o tema continuam até hoje, e na época a doença e seu vetor inspiraram a equipe do programa "Xou da Xuxa" a criar um personagem chamado "Dengue", um mosquito amarelo gigante, assistente da apresentadora, então estrela da Globo. 

Esta notícia foi divulgada pelo Jornal do Brasil, em maio de 1986! (JB, 9/5/1986, Pag. 7)

Enquanto isso, outra epidemia chamava muito mais a atenção da imprensa: a AIDS. De início, era chamada de "peste gay", e pouca gente se preocupava, pois inicialmente vitimava apenas homens homossexuais. Porém, logo essa lenda foi por terra, porque o vírus HIV, que é um retrovírus como o agente causador do COVID-19, não demorou também para atingir também usuários de drogas injetáveis e outros que se contaminavam por meio de agulhas contaminadas. No final da década, poucos ainda chamavam a AIDS de "peste gay", mas a negligência continuava. O uso da camisinha nas relações sexuais ainda era pouco usado, embora tivessem maior cuidado para esterilizar as agulhas e proibir a comercialização de sangue humano. 

Na década de 1980, a AIDS matava, mas muitos continuavam a não se cuidar, pensando que era a "peste gay" (Diário do Pará)

Tanto a dengue como a AIDS continuam a levar muita gente para o cemitério, sem falar em outras doenças infecciosas graves, como o sarampo (outro flagelo muito atual), o mal de Chagas e a malária. Doenças terríveis também matavam muito na "década perdida" e até hoje requerem profilaxia e/ou vacinação: esquistossomose, difteria, tuberculose, poliomielite, entre outros males.

Atualmente, o COVID-19 pode ir pelo mesmo caminho, embora até agora não tenha matado ninguém no Brasil. 

quinta-feira, 12 de março de 2020

A quem interessa o pânico

Não podemos nos deixar abater por mais uma entre as várias epidemias que atormentaram a humanidade e haverá de acabar como as outras. O pânico é inútil e contraproducente. 

Vamos tomar as medidas preventivas, de acordo com medidas comprovadas pelos médicos. Uma delas é lavar as mãos frequentemente, com água e sabão, pelo tempo necessário (o suficiente para contar até 20, ou mais, de forma pausada). Se precisar sair e enfrentar aglomerações, sempre cubra o nariz e a boca quando espirrar. O uso de máscara é para quem já está com a doença e precisa evitar a contaminação por outras pessoas, em casos leves, quando as dores e os problemas respiratórios não impedem a pessoa de exercer alguma atividade - embora o recomendável seja evitar sair de casa e cumprir as ordens médicas. 

Redes sociais não são fontes de informação confiáveis, pois muitos usam-nas de forma errada, para a divulgação de fake news ou para disseminação de procedimentos sem base científica, como o uso de chás e tratamentos alternativos de eficácia não comprovada. Devemos ser criteriosos com o que se divulga tanto nesses recursos quanto na imprensa, onde a ênfase nas mortes e na velocidade - espantosa, de fato - de propagação do coronavírus em detrimento das medidas profiláticas é estarrecedora. 

O burburinho em torno do Covid-19 alimenta muitas teorias de conspiração, que só aumentam o medo e lançam pessimismo quanto ao futuro da humanidade. Servem como justificativa para determinadas pessoas sustentarem seus medos e inseguranças, como se a doença fosse uma sentença de morte. 

Embora afete muitas pessoas, e tenha causado mortes, a taxa de letalidade do Covid-19, até o momento, é inferior a 3,5%, inflada por outras doenças pré-existentes. 

Como se pode explicar tamanho alvoroço nos mercados, principalmente o brasileiro, vítima de quatro circuit-breakers, dois deles apenas nesta quinta-feira e os demais na segunda e na quarta? Loucura coletiva ou maquinação de grandes investidores para deprimir determinados mercados? Obviamente, há explicações lógicas sobre esses acontecimentos nefastos. Regiões como boa parte da China, os Estados Unidos, a Coréia do Sul, o Japão e muitos países europeus são zonas industriais responsáveis por grande parte de tudo o que é consumido pelo mundo inteiro, dependentes de mão-de-obra humana (a despeito da crescente mecanização), além de concentrarem boa parte das atividades comerciais, culturais e outros serviços, como lazer e esportes. 

Um fator que não pode ser desprezado é o psicológico: o medo da incerteza, do desconforto e da dor provocada por uma moléstia ainda relativamente mal conhecida, e, principalmente, a insegurança diante de eventos que afetem as atividades econômicas e são potencialmente desafiadores para os sistemas de saúde, pouco ou nada passíveis de controle pelos indivíduos comuns. 

Mas tudo isso não explica completamente o problema, sem considerar os governos, que devem olhar para o Covid-19 com realismo, sem subestimar o perigo do coronavírus para a população e a atividade econômica de cada país, e nem tomar medidas alarmistas, demagógicas ou xenófobas, capazes de provocarem danos para as pessoas e as instituições, além de, muitas vezes, serem pouco eficazes na contenção da pandemia.

A quem, afinal, interessa tamanho pânico a respeito desse mal? Será que existiriam grupos interessados em lucrar com a desgraça alheia? Não podemos simplesmente acusar sem provas ou razões fundamentadas, embora haja, obviamente, oportunistas que se aproveitam do medo e da epidemia para enganarem incautos com falsos produtos e supostas "curas", ou, no caso de governos, para ocultarem sua incapacidade em administrar, principalmente em momentos difíceis como este.

O que ajuda a humanidade é a informação adequada e tomar os cuidados necessários, pois esta é mais um perigo que, um dia, estará sob controle. Sobrevivemos a várias outras pandemias, como espécie, e iremos superar mais esta. 

quarta-feira, 11 de março de 2020

Duas sinas

Enquanto no Brasil o Covid-19 começa a atacar com tudo, elevando enormemente o número de casos conformados, de 34 para 69 apenas de ontem para hoje, na Europa, um continente ainda mais assolado pela doença, a Champions League, com ou sem ela, continuava. 

Em Paris, o PSG enfrenta a sina de nunca ganhar a "orelhuda" em sua história, nem mesmo quando passou a ser abastecido com os petrodólares qatarianos. Pelo menos uma etapa foi superada, a duras penas, sem a presença da torcida no Parc des Princes, com Mbappé doente (mas não com o Covid-19) e precisando reverter uma derrota para o Borussia Dortmund, o time do jovem Haaland. 

Neymar abriu o placar após cobrança de escanteio, e Bernat ampliou. Haaland, uma das grandes promessas do futebol, não brilhou, e o zagueiro Can foi expulso por falta violenta no camisa 10 do time francês e da Seleção Brasileira. 

Neymar comemora com Marquinhos o gol que abriu o placar e permitiu a classificação do PSG (UEFA/AFP)

Em Anfield, havia um jogo ainda melhor para assistir: o time da casa e atual campeão da Champions, Liverpool, contra os guerreiros colchoneros, comandados por Diego Simeone, vindos de uma vitória em Madrid por 1 a 0. Wijnaldum abriu o placar para os anfitriões, que foram ao ataque e deram trabalho para Oblak, um dos melhores goleiros do mundo. O jogo acabou indo para a prorrogação. 

Nesta etapa, outra sina apareceu: mais um goleiro ruim do Liverpool. Sem o brasileiro Alisson, contundido, Jürgen Klopp precisou usar Adrián, espanhol contratado no ano passado. Os reds tinham uma péssima recordação do antigo goleiro, Karius, cujas falhas foram cruciais para o Real Madrid faturar a temporada de 2017-2018. Adrián não fez jus a Alisson, um dos protagonistas da temporada vitoriosa de 2018-2019, mas sim ao difamado alemão "frangueiro". Um verdadeiro contraste com o goleiro esloveno do Atlético de Madrid. Os gols tomados foram relativamente defensáveis, principalmente os de Marcos Llorente, por sinal compatriota do "vilão do jogo". Morata virou o placar e acabou com o sonho do bicampeonato. Melhor para o Atlético, que nunca ganhou uma Champion League antes.

 Adrián passou a ser comparado a Karius, sinônimo de "frangueiro" na Europa (do canal The Football Terrace)

Na próxima semana, haverá os quatro jogos restantes, caso não haja interferências do coronavírus, esse microscópico e temido inimigo da humanidade.


N. do A.: Novamente, a economia brasileira sofreu um "apagão", e a Bovespa acionou novamente o circuit breaker, quando ocorrem baixas maiores que 10%; esta sucessão de altos e baixos só reforça o que foi exposto na postagem anterior, sobre o comportamento das bolsas no mundo.

terça-feira, 10 de março de 2020

O que será de nós daqui para a frente?

Ontem, o mundo sofreu quedas vertiginosas nas bolsas de valores, devido ao coronavírus e à "guerra do petróleo" entre Rússia e Arábia Saudita. A Bovespa, por exemplo, entrou em "pane" (circuit breaker) e terminou definhando mais de 12%. 

Depois deste surto e do subsequente empobrecimento geral e irrestrito das nações, houve a recuperação parcial. Embora incapaz de repor as perdas, os movimentos foram também bastante fortes, indicando forte movimento especulativo. Na Bovespa, a alta foi de mais de 7%, e nem por isso o mercado comemorou. 

Por meses ainda, poderemos ver uma sucessão de altos e baixos. Não exatamente como uma montanha-russa, cujo trajeto é até bastante regular, mas como o registro de um terremoto. 

Traçado de uma montanha-russa louca, apelidada de "euthanasia coaster" pela suposta intenção de matar quem se atreva a enfrentar os vários loops seguidos; as trajetórias das economias são ainda mais acidentadas e imprevisíveis do que isto (Divulgação)
Enquanto isso, nos Estados Unidos, o nosso presidente reuniu-se com Donald Trump e alguns empresários. Ele se preocupa mais com as urnas eletrônicas, as manifestações do dia 15 e com o abraço do Drauzio Varella numa presidiária transexual, gesto bastante escandaloso para os padrões daqui e visto por muitos seguidores do bolsonarismo como uma mostra de "esquerdopatia", como se o renomado médico se tornasse um seguidor psicótico do marxismo cultural ou de Lula. O presidente, aliás, considera o medo do coronavírus um delírio alimentado pela grande imprensa (sua inimiga figadal, ao lado dos petistas e petralhas), agindo pior do que o barbudo ex-presidente, que foi atacado por subestimar a crise de 2008, comparando-a a uma "marolinha". 

segunda-feira, 9 de março de 2020

Durante a maior crise mundial dos últimos tempos (e após a morte de Max von Sydow)


N. do A.: Max von Sydow (1929-2020), ator sueco, interpretou o cavaleiro que jogou xadrez com esta figura encapuzada no filme O Sétimo Selo, de 1957. Ontem, ele perdeu o jogo, de fato.

sexta-feira, 6 de março de 2020

quinta-feira, 5 de março de 2020

Da série 'Notícias para encher página de jornal', parte 7

Depois de muito tempo, o blog voltou a escrever sobre notícias irrelevantes que podem despertar a curiosidade de quem tem tempo sobrando. 

Uma dessas pérolas é o uso da voz do carnavalesco Mílton Cunha para aplicativos como o Waze. Apreciadores das transmissões do Carnaval carioca podem gostar de ouvir a voz rouca e característica de quem está acostumado a narrar os desfiles na Marquês de Sapucaí. Já o resto...

A partir daqui, a série vai mudar de nome para "Notícias para encher página de portal da Web", pois poucos, aqui no Brasil, leem jornal, a não ser os mais idosos ou tradicionalistas. Eles certamente querem ler algo mais sobre o coronavírus ou a explosão furiosa do dólar ou do Euro. A moeda européia já está há algum tempo acima dos R$ 5,00 e a divisa americana toma briosamente o mesmo caminho. 

quarta-feira, 4 de março de 2020

Decidido o destino de R$ 30 bilhões

Após uma longa série de impasses e acordos, o Congresso decidiu a sorte de R$ 30 bilhões disputados entre a casa e o governo. 

Bolsonaro, Maia e Alcolumbre puseram fim à disputa por uma parte bilionária do Orçamento (Marcos Brandão/Senado Federal)

Por 398 votos a 2, a Câmara decidiu por manter boa parte dos vetos ao Orçamento deste ano. O governo estava se queixando de não conseguir suficiente autonomia para usar o NOSSO DINHEIRO para pagar as despesas discricionárias (tudo o que sobra depois de pagar os salários e as aposentadorias). Um dos vetos permitiria ao governo impedir a gestão integral desses R$ 30 bilhões, destinados a reforçar o Orçamento Impositivo e permitir aos deputados e senadores gastarem para atenderem interesses eleitorais, pois neste ano teremos a escolha dos prefeitos e vereadores. 

Um acordo entre os líderes da Câmara, do Senado e o presidente Jair Bolsonaro fez esse montante ser dividido pela metade: R$ 15 bilhões ficariam nas mãos dos parlamentares, mas R$ 15 bilhões passam a reforçar o caixa do governo, às voltas com contingenciamentos em vários ministérios.

Esta questão foi um dos motivos para os bolsonaristas quererem voltar às ruas para protestar contra o Congresso, visto como clientelista e corrupto, e o Judiciário, acusado de dificultar ainda mais a vida de Bolsonaro.  


N. do A. 1: Bolsonaro também teve que manter a sua briga contra outro oponente, a grande imprensa, que tentou questioná-lo a respeito do PIB de mirrados 1,1% em 2019. A resposta do presidente foi com a ajuda do humorista Márvio Lúcio, o "Carioca", que fez uma imitação dele e distribuiu bananas para os jornalistas. Muitos deles se retiraram, diante da cena grotesca. Aproveitou-se para questionar a competência da gestão oficial, mas não se pode esquecer de alguns anos atrás, quando o PIB era NEGATIVO, no governo Dilma Rousseff: o pior ano da década, para a economia, foi 2015, quando ela encolheu 3,8%. Pode-se também argumentar que, na época desse descalabro, o dólar não estava custando R$ 4,58, mas a inflação e o desemprego eram flagelos ainda mais terríveis naquele tempo, sem falar na roubalheira (se o nível atual é insuportável, com o Queiroz e outros, imaginem com o Quadrilhão do PT).

N. do A. 2: A atriz Regina Duarte tomou posse oficialmente como Secretária da Cultura, com grande alarde, e ela prometeu fazer uma administração equilibrada, sem os horrores promovidos pelo antecessor, Roberto Alvim. Porém, quando ela mandou embora alguns funcionários ligados a ele e ao polemista Olavo de Carvalho, este último não gostou e começou uma campanha pedindo a exoneração da intérprete da Viúva Porcina. Seria quase uma reedição do "foi sem nunca ter sido", mas Regina não abrirá mão do seu cargo e diz ter "carta branca" do presidente, embora isso, na prática, não seja uma garantia de fazer o que lhe agradar ou o que achar melhor sem aprovação prévia de Bolsonaro. Paulo Guedes e Sérgio Moro são testemunhas disso.

terça-feira, 3 de março de 2020

Dia de bons resultados dos brasileiros na Libertadores

Aparentemente, os brasileiros estão indo bem em suas campanhas na Libertadores. 

O Grêmio venceu o América de Cali na Colômbia, por 2 a 0, com Victor Ferraz e Matheus Henrique. Seu arquirrival, o Internacional, venceu o Universidad Católica graças a Guerrero. O Athletico sofreu, mas conseguiu vencer o Peñarol no finalzinho da partida, com gol de Bissoli, na Arena da Baixada. O Santos também teve que se virar para derrotar, de virada, o Defensa e Justicia, time argentino, por 2 a 1. 

Estes são jogos válidos pela fase de grupos do torneio. A situação certamente será mais interessante no mata-mata. A conferir. 


N. do A.: Enquanto isso, a mídia está dando bem pouca importância aos outros esportes, em pleno ano olímpico - se é que os Jogos Olímpicos de fato serão disputados, por causa da ameaça do Covid-19.

segunda-feira, 2 de março de 2020

A anti-Greta

Com a sueca Greta Thunberg, o ativismo ambiental já flertava com o populismo político, onde questões merecedoras de estudo mais aprofundado, como o aquecimento global, a biodiversidade e o aumento das catástrofes provocadas pelo clima viraram instrumentos para o aplauso às custas de vender governos e empresas como entes insensíveis, quando não vilões ameaçadores. 

Recentemente, os que se dizem céticos quanto às mudanças climáticas arranjaram uma espécie de anti-Greta: a alemã Naomi Seibt. Com 19 anos, portanto, mais velha do que a sueca, ela contesta a responsabilidade humana no aumento anormal das tempestades, furacões, tornados e temperaturas extremas. 

A jovem alemã com feições delicadas se diz uma "realista climática" (Divulgação)

Conseguiu, assim, o aplauso de conservadores e dos chamados inimigos das pautas progressistas e das "seitas eco-histéricas". 

Como, porém, ocorre com a adversária, Naomi também é sustentada por um populismo, visando atrair adeptos. Afinal, o que uma adolescente poderia entender, com profundidade, sobre a complexidade do clima?

A maioria das pessoas, mesmo quem tem muito mais vivência do que as duas jovens, não consegue entender, por falta de estudos e conhecimento, certas questões, e por isso prefere as soluções simplistas ou mágicas. Por conta disso, precisam acautelar-se para não se transformarem em instrumento de oportunistas e gente disposta a conquistar poder, influência e dinheiro, manipulando grupos de pessoas incautas, pouco informadas, excessivamente idealistas, ou, por outro lado, de mentalidade estreita. 


N. do A.: O clima também fez vítimas no Rio de Janeiro, uma cidade despreparada para enfrentar as chuvas. Quatro pessoas morreram, e o prefeito Marcelo Crivella teve a ousadia de culpar a população pela catástrofe, apontando para o lixo jogado na rua e a facilidade de despejar "cocô e xixi" (sic) nas encostas dos córregos. Verdades inconvenientes, assim como são consideradas assim a falta de investimentos em infraestrutura e a leniência do poder público com as ocupações irregulares, além do desagradável problema da especulação imobiliária. Crivella, depois, foi alvo de uma bola de lama jogada por um morador revoltado, enquanto visitava o bairro do Realengo, um dos locais atingidos pelas enchentes.