Os diversos conflitos de interesses entre os manifestantes, o governo e mesmo a Fifa mostram não só uma crise política, econômica e social, mas também uma crise de informação no nosso país.
Muitos revoltosos entraram em confronto com os militantes dos partidos ditos "de esquerda", mais exatamente defensores do Estado forte e da implantação, em maior ou menor grau, das teorias marxistas, leninistas, trotskistas e até anarquistas. Os militantes dizem que está havendo "fascismo" entre os partidos. Já os agressores dizem que os protestos são apartidários. Se por um lado apartidarismo não pode significar, necessariamente, anti-partidarismo, pois logo vão acusar realmente muitos manifestantes de quererem algo pior do que a ditadura Vargas ou o regime militar, também é fato que parte do PSOL, do PSTU, do PCO e até do PT querem participar por puro oportunismo, dizendo-se defensores do povo.
Outro ponto nebuloso é sobre a Fifa, cujos membros foram agredidos em Salvador. Uns dizem que a Fifa ameaçou terminar a Copa das Confederações em outro país, outros negam essa versão. A Fifa quer mais segurança para seus funcionários. Reitero que isso é direito da entidade. Mas esse direito não pode ser negado aos habitantes locais, isto é, às eventuais vítimas dos radicais e vândalos que se infiltram nas manifestações para destruir o patrimônio alheio ou agredir inocentes. Além disso, a raiva, majoritariamente, é contra o governo que não soube ou não quis ter zelo nos gastos com a Copa, destinou dinheiro demais aos estádios à custa de outras obras de infra-estrutura e ainda veio com idéias estapafúrdias como o trem-bala, que já começou a drenar recursos sem nem ter saído das planilhas de cálculo. Não é contra a Copa propriamente dita, ou mesmo contra a Fifa, apesar de merecer o ódio de muita gente por ser vista como antro de corrupção e ganância.
Por fim, as diversas pautas adotadas pelos manifestantes são mais um motivo de confusão. Motivam questionamentos: para que eles lutam? Adotam causas justas e outras que só interessam a algumas minorias como o suposto projeto do pastor Feliciano (que não é de sua autoria, mas do deputado tucano João Campos) sobre a "cura gay", mais uma idéia que não merece raiva, mas risos, por ser ridícula e anti-científica. Parece não haver coordenação nos movimentos, e lutar por várias causas tem o mesmo efeito que lutar por nada. Devido a essa confusão, os analistas estão divididos. Trata-se de algo tão grande que se for analisado sob um viés, haverá acertos em alguns aspectos e erros grosseiros em outros.
Ninguém sabe o desfecho de tudo isso, mas é bom que isso não seja em vão e realmente, depois das passeatas e revoltas, haja um ambiente mais favorável para a construção de um país realmente justo e capaz de resolver seus problemas.
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