terça-feira, 25 de junho de 2013

Desespero?

A presidentA, para tentar acalmar os manifestantes, veio com uma medida aparentemente apressada: uma constituinte exclusiva para a reforma política, realmente necessária para o Brasil. 

Uma leitura igualmente apressada diria que ela está desesperada e ansiosa para dar uma resposta ao povo. Mas não é bem assim. 

Esta idéia não é nova: foi implantada na Venezuela em 1999, para legimitar o autoritarismo do governo Chavez, sob o mesmo pretexto de fazer uma reforma política. Do mesmo modo, o Legislativo venezuelano estava infestado de pessoas acusadas de corrupção. E o resultado não foi exatamente o fim da praga, mas sim o fim da normalidade democrática.

Outros países da América do Sul também implantaram, ou tentaram implantar, algo semelhante: a Bolívia, por pressão de Evo Morales, montou uma Constituinte em 2007 para só aprovar uma nova Carta dois anos depois, após paralisar o Congresso. O Equador fez uma nova Constituição em 2008, nos mesmos moldes da Venezuela, porém um pouco mais moderada no ímpeto anti-democrático, pois proíbe mais de uma reeleição e permite ao Congresso destituir o presidente (e vice-versa). A Argentina de Cristina Kirchner está tentando impor uma nova Constituinte para revogar a velha Lei Magna local de 1853, mas por enquanto ela não está conseguindo. 

Mesmo assim, a proposta, vindo de um governo que sabidamente quer se perpetuar no poder, parece não acalmar os ânimos. Despertou, sim, a reação dos parlamentares e do STF, que viram nisso uma afronta à independência dos Três Poderes e desrespeito à Constituição. Apenas uma autoridade está a favor, e isso não parece ser bom sinal: Renan Calheiros, presidente do Senado. Logo ele, acusado de tantos casos de corrupção, está a favor de uma medida "saneadora". Arre!

Aguardam-se os próximos capítulos.




P.S.: Enquanto isso, as manifestações continuam e exigem as mais diversas pautas. Realmente as lideranças do movimento ainda não deram um pouco de foco às reivindicações, porque pedir coisas demais ao mesmo tempo, como já foi escrito aqui, trará o mesmo resultado que não pedir nada. Só faz mais barulho.

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