quinta-feira, 31 de julho de 2014

O templo mais ousado da IURD

O sonho de Edir Macedo foi realizado (Divulgação)

Esta noite o maior templo da Igreja Universal do Reino de Deus, a financiadora da Rede Record e outras emissoras de televisão, será inaugurado. Leva o nome de Templo de Salomão, em homenagem ao antigo local sagrado para os judeus no Antigo Testamento.

O prédio é mais alto do que a maioria dos edifícios da cidade: 55 m (mais que o Cristo Redentor). Equivale a uma construção de 15 andares. Foi construída numa área de aproximadamente 100 mil metros quadrados. É maior do que o Santuário Nacional de Aparecida. 

Terá a capacidade de 10 mil fiéis, e irá chamar a atenção de todos os que passarem pela região. Se quer se deslocar do Centro para a Zona Leste, ou vice-versa, terá problemas com congestionamentos. 

Não foi feito de ouro, mesmo porque uma obra desse porte poderia consumir todo o PIB do Brasil. Mesmo assim, foram importadas pedras vindas de Hebron, em Israel, para a construção do templo, assim como oliveiras para fazerem a réplica do Monte das Oliveiras. A obra custou à IURD R$ 680 milhões, bem menos do que o Arena Corinthians, mas ainda assim uma extravagância. 

Esta monstruosidade, erguida no bairro do Brás, está no momento em processo de inauguração, com a presença da presidente Dilma, do prefeito Fernando Haddad e do governador Geraldo Alckmin. Para as autoridades, principalmente aquelas em campanha política, trata-se de algo arriscado, pois estariam promovendo a megalomania dos dirigentes da IURD e de seu líder, Edir Macedo. 

A comunidade judaica já protestou energicamente contra o que chamam de "usurpação de um local sagrado pelo Judaísmo", sendo utilizada por uma seita cristã. Outros líderes religiosos, mesmo de outras igrejas evangélicas, vêem o "templo de Salomão" com preocupação ou irritação. 

Por outro lado, os bombeiros ainda não deram o alvará de funcionamento, algo fundamental para um prédio em processo de inauguração (porém muito comum e visto como normal por aqui). 

Apesar de ser, arquitetonicamente, uma bizarrice gigantesca imitando o estilo do antigo templo em Jerusalém, parece muito mais bonito do que muitas construções de seu entorno. Não deixará de ser um local curioso que poderá vir a ser uma atração turística para a cidade. 

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Da série 'Mondo Cane', parte 34 - Animais que realmente assustam

Aqui não vou tratar de animais com características geradas pela seleção natural, como besouros gigantes da Amazônia maiores do que a mão de um adulto, máquinas de matar como tubarões brancos ou serpentes hiper-venenosas da Austrália, ou criaturas esquisitas como lêmures com aparência de demônios. 

Tratarei de dois casos registrados pela imprensa, de criaturas mais prosaicas. 

O primeiro caso é um grupo de javalis radioativos no norte da Itália, cuja carne se torna uma ameaça ao consumo (caso alguém tenha suficiente coragem para encarar esses bichos agressivos) devido ao fato desses suínos selvagens comerem raízes que absorveram a radiação de Chernobyl, naquele terrível acidente nuclear de 1986 que espalhou uma nuvem de radioatividade por boa parte da Europa. O nível de radiação dos animais, por quilograma, chega a ser muito maior do que o máximo recomendável, 600 becquereis (becquerel é a unidade do Sistema Internacional para medir a atividade radioativa). Outros países também têm populações de javalis com alto índice de radioatividade, capaz de provocar câncer a longo prazo decorrente do consumo de carne contaminada. 

Não é preciso ser radioativo para um javali conseguir matar uma pessoa, geralmente para defender sua vida ou seus filhotes (Alamy)

Já o segundo parece mais uma história inventada para causar sustos nos incautos, mas sabe-se lá se é apenas isso: uma ovelha com um olho gigante, no interior da Turquia.

Esta "linda" ovelhinha chamou a atenção (imagem retirada do Youtube)

É grotesco demais para ser algo real, mas o assunto ainda vai render muita especulação. Para ver o vídeo, clique aqui (e se arrependa de alguma forma, de perder tempo assistindo ao vídeo, ou de seus pecados, caso acreditar em sinais do apocalipse). 

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Finalmente abriram a USP Leste

O campus da USP na Zona Leste foi aberto finalmente, após passar mais de um semestre interditado. 

Depois da pressão feita pela Cetesb para instalar meios de extração do metano, gás formado a partir da decomposição de matéria orgânica e causador de explosões, a Justiça autorizou a abertura, mas depende da USP liberar um calendário para as atividades após o incidente. 

Os alunos de graduação tiveram de assistir aulas em outros locais, até mesmo no Campus Butantã, situado em outro extremo da cidade, na Zona Oeste. Enquanto isso, o setor de pesquisa local ficou seriamente afetado devido à falta de infra-estrutura de outros locais. 

Um dos prédios da USP Leste, que abriga a Escola de Artes Cênicas e Humanidades - EACH (Sérgio Castro/AE)

Pagou-se o preço de construir um campus sem a verificação prévia do terreno. Foi assim também com o Shopping Center Norte, em 2011. O prejuízo da interdição, porém, foi muito maior no caso da USP Leste, pois além de atrapalhar os alunos, atrasou consideravelmente os trabalhos de pós-graduação e a pesquisa de vários projetos. 


quinta-feira, 24 de julho de 2014

Resumo de nossa política externa

A política externa brasileira está excessivamente contaminada por fatores ideológicos e o protesto diplomático contra Israel, chamando o embaixador do país para consulta, é a prova mais cabal disso, mas não a única. 

Dilma tomou a medida considerando somente um dos lados da questão: centenas de palestinos foram mortos pelos ataques de Israel. O outro lado, não menos relevante, é o uso de foguetes e escudos humanos por parte do governo do Hamas em Gaza, criticado até por outras nações árabes notadamente a favor da causa palestina e que não veem Israel com bons olhos, como o Qatar, os Emirados Árabes, a Arábia Saudita e até o regime tirânico radical da Síria, que enfrenta uma guerra civil e também conta com a simpatia do Itamaraty. 

Esta postura aparentemente pró-Hamas é uma das medidas tomadas pelo nosso governo, que: 

- não condena de forma clara o terrorismo no leste da Ucrânia, apoiado por extremistas que defendem a anexação à Rússia; 

- diz que Cuba e Venezuela são regimes de "justiça social"; 

- critica a pena de morte nos Estados Unidos mas não na China, país cujo Estado aplica muito mais execuções; 

- não quer falar com Israel mas sonha em promover um diálogo com a Coréia do Norte; 

- perdoa a dívida externa em países africanos acusados de corrupção, como Gabão, Guiné Equatorial, Congo e até o sinistro regime do Sudão dito "do Norte", que promove um genocídio em Darfur já sem atenção da mídia. 

Eles julgam ser correto o rumo (?) da nossa política externa. Um novo governo deve corrigi-lo para defender melhor os interesses do Brasil e ajudar no amadurecimento de nossa política internacional, desde que não seja Dilma a eleita. 

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Mais uma notícia para os brasileiros lamentarem o mês: Ariano Suassuna (1927-2014)

O mês de julho está contribuindo para muitos brasileiros considerarem 2014 como annus horribilis

Primeiro, a derrota mais dantesca sofrida por um time campeão do mundo diante de outro em seu próprio território, na Copa, com a reação de uma CBF incapaz de contribuir para a reconstrução do futebol brasileiro, ao nomear Gilmar Rinaldi como coordenador técnico e Dunga no comando da seleção. 

Segundo, mas isso é no exterior, temos o agravamento da crise na Ucrânia e entre Israel e Faixa de Gaza, capaz de colocar toda a humanidade em perigo. 

Terceiro, e mais natural do que os precedentes, embora também desagradável de se noticiar, é a morte de dois escritores de grande qualidade, num país onde a cultura é tratada como supérfluo. 

Primeiro, João Ubaldo Ribeiro, o célebre contista e autor de Sargento Getúlio e A Casa dos Budas Ditosos

Agora, temos a morte de Ariano Suassuna, um dos grandes representantes da cultura nordestina, autor de contos como O Santo e a Porca, A Farsa da Boa Preguiça, A Pedra do Reino e O Auto da Compadecida, famoso pelas aventuras de dois nordestinos picarescos que lutam para sobreviver (João Grilo e Chicó). 

Ariano Suassuna (1927-2014)

Ariano Suassuna deixou este insensato mundo devido a um acidente vascular cerebral.

O Brasil vai sentir falta tanto de Ariano Suassuna quanto de João Ubaldo Ribeiro. Eles devem ser considerados grandes nomes do país, não os jogadores da nossa Seleção. 

terça-feira, 22 de julho de 2014

Dunga e a CBF indicam o caminho

Dunga é colocado outra vez no comando do time brasileiro (André Durão)

Ao contratar Gilmar Rinaldi (como coordenador) e Dunga (como técnico), a CBF dá mostras que realmente não sabe o que fazer para melhorar o futebol, que precisaria de algo mais para realmente corrigir os rumos. 

Passaria pela supervalorização de certos jogadores, que realmente não renderam de acordo com suas cifras. Os valores de mercado já baixaram, mas pelo visto ainda há muita gordura para queimar. É o caso de Hulk, que custava 41 milhões de euros e agora baixou para 36 milhões. Para se ter uma ideia, Neymar, o único que se valorizou depois da Copa, custa 70 milhões, e o celebrizado Fred custa "míseros" 5,3 milhões de euros por jogar em um time brasileiro (há quem diga que ele não jogou para merecer um terço desse valor...). Isso depende muito mais do mercado, disposto a comercializar os jogadores entre os clubes, do que da comissão técnica ou da CBF. 

Também haveria a necessidade de melhorar a educação física nas escolas. Isso também não depende diretamente da CBF e muito menos do técnico, mas do governo. Isso leva bastante tempo para dar resultado, mas ele é certo. O Brasil melhoraria em outros esportes, também. Aliás, uma boa educação amplia consideravelmente as alternativas de progresso de um futuro cidadão e ajuda-o a ficar moral e psicologicamente melhor, com a colaboração da família. 

O que a CBF e os clubes poderiam fazer, então? Favorecer a formação e manutenção dos jogadores nos clubes e não se limitar a se promover à custa dos craques. Valorizar o mérito no desempenho não só de jogadores, mas também de técnicos, preparadores físicos e árbitros. Sem falar nas velhas artimanhas, mas isso dependeria também da Justiça, que precisaria ter coragem para enfrentar os vários interesses de quem se locupleta com a bandalheira na entidade. 

E a tarefa do técnico? Parece que o caminho escolhido por Dunga foi o ensinado pela Alemanha no famigerado 7 a 1 do último dia 8. Preparação, foco no longo prazo e valorização da equipe. As vaidades pessoais dos jogadores contam menos que os interesses em comum. Por falar em vaidades, elas atrapalham a preparação psicológica, que não se mostrou suficiente para evitar momentos bizarros como o descontrole emocional de alguns jogadores (o pior caso foi o do capitão-zagueiro Thiago Silva no jogo das oitavas-de-final contra o Chile). Além disso, é preciso fazer treinos mais constantes e mais consistentes. 

Será que Dunga vai realmente preparar a Seleção para 2018 e iniciar o caminho para uma nova fase depois do "Mineiratzen", mostrando que superou o retrospecto em 2010, quando sob sua liderança o Brasil também foi mal na Copa? Ou está lá mais para tentar proteger a CBF, seus desmandos e sua incapacidade de resolver os problemas do futebol brasileiro e escolher alternativas viáveis para comandar nossa Seleção? O tempo dirá, mas o hexacampeonato ainda parece uma quimera e será muito difícil já vir na próxima Copa, na Rússia, mesmo se a resposta para a primeira pergunta for "sim" e, para a segunda pergunta, "não". Principalmente se não houver mudanças mais profundas na estrutura futebolística brasileira. 

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Fizeram piorar de vez o conflito na Ucrânia

A escalada de violência envolvendo os governos russo, ucraniano e as forças rebeldes que desejam a 'independência' da região de Donetsk (em um processo análogo ao da Criméia) está atingindo patamares não alcançados antes. 

Primeiramente, dois aviões militares ucranianos foram abatidos. Provavelmente os autores são separatistas, mas não há certeza disso. 

Depois, um avião da Malaysian Airlines - civil, portanto - que se dirigia para Amsterdam vindo de Kuala Lumpur foi abatido, matando todos os 295 passageiros. Mais uma vez a suspeita recai sobre os rebeldes, que, se forem eles os culpados, devem ser enquadrados como terroristas. Porém, existe a possibilidade de militares russos ou ucranianos terem efetuado os disparos, configurando, no mínimo, uma falha de comando ou de identificação por parte dos atiradores, quando não algo digno das mais severas medidas por parte dos organismos internacionais.

Para o governo russo, a coisa pode se tornar ainda mais grave, porque caso se provem que os assassinos são separatistas, será preciso investigar quem lhes fornece as armas. O governo russo pode não ter nenhuma culpa do ocorrido se as armas dos rebeldes não vierem a mando de Moscou. Caso contrário, estará justificando o aumento das sanções impostas pelo Ocidente.

Por outro lado, caso se provarem que militares ucranianos foram os atacantes, seria um escândalo internacional, pois os EUA e a Europa estariam a apoiar uma tirania de Kiev.

Qualquer dos lados deste conflito é suspeito, e ao mesmo tempo inocente até se provarem o contrário. Para isso, é preciso apurar com rigor para descobrirem os autores. 

Esta escalada de violência está se tornando incontrolável e pode-se esperar de tudo. As partes envolvidas e a comunidade internacional terão de agir com redobrado empenho e boa vontade para ao menos começarem a criar um ambiente favorável à negociação. Não se pode tolerar um ataque injustificado contra civis. A ONU e a Justiça internacional poderão perder ainda mais credibilidade se não adotarem medidas enérgicas contra os responsáveis. 

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Assunto do momento pós Copa: guerra Gaza-Israel

O assassinato de três jovens israelenses sequestrados por fundamentalistas islâmicos e, posteriormente, de um garoto palestino queimado vivo por extremistas judeus reacendeu o velho "barril de pólvora". 

Israel, sob a alegação de proteger a segurança de seus cidadãos, começou a lançar uma ampla ofensiva para bombardear posições do Hamas. Embora alertasse os moradores de Gaza para abandonarem os locais dos bombardeios, muitos civis foram mortos, inclusive crianças. 

Enquanto isso, os ataques vindo de Gaza continuam e já causaram feridos e um morto. A tecnologia militar do Hamas é nitidamente inferior, mas eles não se rendem e continuam com a ideia de que, um dia, o Estado judeu será finalmente varrido do mapa - o que não acontecerá. 

Fizeram-se acordos de cessar-fogo, todos inúteis. As posições dos dois lados continuam extremadas e existe a possibilidade de uma invasão por terra do território palestino. Esta situação ainda pode ir além, devido a outro perigo que o Estado judeu ainda pode vir a enfrentar: a piora na deterioração institucional na vizinha Síria, já parcialmente tomada por um movimento que pretende reerguer o "califado" em partes do país e do Iraque - com apoio da al-Qaeda. 

terça-feira, 15 de julho de 2014

A nova reunião dos Brics

O presidente russo Vladimir Putin, aqui desde domingo, não veio aqui só para acompanhar o final da Copa no Brasil e participar dos protocolos para a Rússia vir a ser a nova sede do maior torneio de futebol do Brasil - que foi um grande sucesso apesar da desorganização, atrasos e dos gastos muito além do planejado. 

Ele quer diminuir o isolamento internacional, causado pela intervenção na Ucrânia, aumentando as relações comerciais com o Brasil e os países do Mercosul. Por conta disso, a reunião dos Brics, em Fortaleza, conta não só com os representantes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, mas também com a Argentina, segundo maior mercado da América do Sul e atualmente em gravíssima crise econômica, agravada pela guerra entre o governo de Cristina Kirchner e os credores chamados de "abutres", que entraram na Justiça americana para cobrar sua parte na imensa dívida do país.

Putin já havia visitado a Argentina no sábado, antes de vir para o Brasil. 

 A VI Reunião dos Brics, em Fortaleza (Roberto Stuckert Filho/PR)

Além do possível estreitamento de relações entre o gigante russo e os países desta parte do continente, outros temas passaram a ser abordados, como a criação de um banco em comum, sediado provavelmente em Shanghai, na China (Johannesburg, Moscou e Nova Delhi também estão na disputa), uma alternativa ao Banco Mundial, com sede na capital americana, Washington. Eles querem confrontar o poderio econômico dos EUA e dos países mais ricos. O aporte inicial será de US$ 10 bilhões, mais US$ 40 bilhões em garantias desembolsadas pelos cinco países membros.

Enquanto isso, entidades de defesa dos direitos humanos protestam contra Putin e seu colega Xi Jinping, secretário-geral do PC chinês, acusados de vilipendiarem a liberdade de imprensa, oprimirem seus cidadãos e utilizarem-se de todos os meios, inclusive torturas e assassinatos, contra os opositores. 

A reunião dos Brics terminará amanhã.

domingo, 13 de julho de 2014

Da série 'Copa no Brasil, parte 30' - A Copa termina, mas o Brasil continua. E a Alemanha conquista a taça!

Na grande final, o time argentino tinha a missão de consagrar Messi, fazer dos anfitriões mais motivo de piada e ainda afastar a fama de serem fregueses dos alemães em Copas. Tudo ao mesmo tempo. 

Já os representantes da águia negra querem quebrar um tabu: europeu não consegue vencer na América. Também existe uma espécie de coincidência: geralmente, quando um time ganha do Brasil fora das finais, não leva. Foi assim nas últimas Copas:

1986: França desclassificou o Brasil nas quartas-de-final, mas o campeão foi a Argentina
1990: Argentina mandou o Brasil para casa nas oitavas-de-final, mas perdeu da Alemanha na final
2006: França desclassificou o Brasil de novo (antes havia vencido as finais de 1998) nas quartas, mas Zidane deu a cabeçada no Materazzi e a Itália ficou com o caneco.
2010: Holanda manda o Brasil para casa nas quartas, mas perdeu as finais para a Espanha.

Com a Alemanha, foi diferente. Ela triturou o Brasil, mas ao mesmo tempo conquistou a maioria da torcida dos anfitriões, só para a Argentina não levar. Mas isso vou comentar mais tarde.

Antes, vou fazer um breve comentário sobre a cerimônia de encerramento no palco da grande final, o Estádio do Maracanã. Mais uma vez a festa não encheu os olhos, mas pelo menos teve quatro destaques:

- A popstar colombiana Shakira, que ofuscou Carlinhos Brown (mesmo com um imenso cocar de pele-vermelha estilo Cavalo Louco) e Alexandre Pires, os artistas brasileiros companheiros de palco. Ivete Sangalo, aliás, também não agradou muito com canções feitas na virada do século.

- O guitarrista mexicano Carlos Santana, ainda em forma.

- A aparição da mascote, o Fuleco.

- A ausência da presidentA Dilma, constrangendo o chefão da Fifa, Joseph Blatter, cuja presença foi solenemente ignorada pelos presentes no Maracanã.

O tatu-bola mascote da Copa apareceu depois de faltar à abertura (Jefferson Bernardes/Vipcomm)

Depois do show, o jogo. Bem equilibrado, por sinal. O técnico argentino Alejandro Sabella resolveu montar um time bem retrancado, com cinco nomes na zaga e o meio de campo reforçando a defesa. Os alemães, mal acostumados com a balbúrdia da Seleção Brasileira, tiveram sérias dificuldades. Os rivais pareciam repetir a lição dada por Gana e Argélia, que deram bastante trabalho ao time de Müller e Schweinsteiger. Para impedir os contra-ataques argentinos, os representantes do Velho Continente tiveram de valorizar a posse de bola, numa espécie de "tiki-taka" adaptado para o estilo alemão.

Nas vezes que os contra-ataques argentinos conseguiram ameaçar as defesas germânicas, eles foram perigosos. Higuaín chegou a marcar um gol, mas estava impedido. Messi não estava mesmo inspirado e não ameaçou a área do goleiro Neuer. As tentativas dos alemães eram bem menos contundentes. Klose e Müller não assustaram Romero.

O juiz era o italiano Nicola Rizzoli, uma decisão temerária, pois ele, além de ser um árbitro europeu, como um dos times, ainda se mostrou uma escolha bem pouco sábia: ele deixou a pancadaria correr solta. Lances gravíssimos como a agressão de Agüero em Schweinsteiger e a joelhada de Neuer, em saída impetuosa demais, contra Higuaín, passaram em branco. Esta foi uma Copa onde boa parte dos juízes estava conivente com o anti-jogo - e sem esperança de que isso venha a melhorar nas próximas Copas.

Sem gols, a partida foi para as prorrogações. A Alemanha voltou a tentar furar a retranca argentina. A essa altura, o veterano Klose foi substituído pelo jovem Mario Götze. Ele fez a diferença nas prorrogações. O técnico Joachim Löw teria dito a ele uma frase motivacional ousada, instigando-o a provar que era "melhor do que Messi". Aproveitando uma brecha na defesa azul, ele chutou e fez um golaço aos 11 minutos da metade final. Nesta partida, ele foi melhor do que Messi.

O lance fez vibrar a mais poderosa pessoa alemã atual: a primeira-ministra Angela Merkel, que estava na arquibancada.

E a Alemanha ganhou o tetracampeonato.

Götze (à esquerda) comemora o gol que deu o tetra aos alemães (Getty Images)

Na cerimônia de premiação, Dilma finalmente apareceu. Sob vaias, ela entregou a taça de campeão do mundo a Philippe Lahm, o capitão do time alemão.

Dilma e Blatter ouviram as vaias enquanto Lahm recebe a taça (Getty Images)

Antes, havia as premiações da Fifa.

Neuer, merecidamente, ganhou a Luva de Ouro. A Bola de Ouro, em jogada político-mercadológica da entidade, foi para Messi. A escolha foi muito criticada por várias pessoas da área, entre elas Ronaldo Fenômeno, mas está de acordo com a filosofia da Fifa de dar bastante peso ao mercado da bola e não dar o prêmio a um jogador do time campeão. O melhor jogador da atualidade (que não mostrou esse status no jogo de hoje) deu a devida valorização ao prêmio (desdenhando-o) e disse que preferia levantar a taça de campeão. A Fifa mostrou a sua visão de futebol ao dar o troféu "Fair Play" para a Colômbia de Zuñiga e sua joelhada ao estilo MMA que tirou Neymar da Copa, bem diante da Dilma.

Messi (à direita) e Neuer com seus troféus (Pedro Ugarte/AFP)

Sem ligar para a tristeza dos argentinos, que se sentiram como se fossem vítimas de um "Maracanazo", os alemães comemoraram e fizeram até um gesto tribal, lembrando que eles foram recebidos por índios pataxós durante sua estada na Bahia, onde se refugiavam e treinavam para o torneio.

O time alemão comemora o tetracampeonato ao estilo pataxó (AFP)

A "Copa das Copas" terminou com a melhor seleção levando a taça. E vai deixar saudade, apesar da hecatombe sofrida por um certo time, que acabou perdendo seu comandante logo depois do término da Copa. Felipão não é mais o técnico da Seleção Brasileira. 

sábado, 12 de julho de 2014

Da série 'Copa no Brasil, parte 29' - O final da tragicomédia

Mais uma vez a Seleção de Luiz Felipe Scolari mostrou a que veio: dar "alegria" ao povo, que se "divertiu" com sua "atuação". A Holanda, que estava triste por mais um fracasso na tentativa de ganhar um Mundial, conseguiu se animar mas não muito. Estava bastante deprimida, ainda mais com jogadores como Van Persie e Robben, que sonhavam com algo mais. 

A arbitragem também fez a sua parte. Convocaram um argelino, Djamel Haimoudi, definitivamente não o mais adequado para apitar um clássico (se é que podemos chamar assim uma partida entre nossa Seleção e um eterno postulante ao título de uma Copa). 

Já aos 3 minutos, o juiz deu pênalti a uma falta fora de área de Thiago Silva. O capitão não era um dos mais criticados, mesmo porque não atuou contra a Alemanha, mas desta vez ele contribuiu. Van Persie converteu o pênalti, e a ladainha ameaçou se repetir. Porém, o time dos Países Baixos não estava com muita fome de gols. No primeiro tempo, só fez mais um, e de Blind (em posição de impedimento, mas o argelino não viu), aproveitando o espaço deixado pela nossa zaga. Os ataques e o meio-de-campo não estavam muito melhor. Jô, substituindo Fred, mostrou que pode haver sim jogadores piores do que o atacante do Fluminense.

No segundo tempo, o jogo parecia menos ruim para o Brasil, mas a desorganização tática continuava. Cada um queria fazer a diferença, mas todos estavam igualmente ruins. Fernandinho, no intervalo, entrou no lugar de Luís Gustavo, mas não fez diferença em relação ao colega. Depois, foi a vez de Hernanes, apenas esforçado, para o lugar de um apagado Paulinho. Houve discreta melhora com a entrada de Hulk, que não jogou o primeiro tempo, no lugar de Ramires, mas nada de gol. Nenhum jogador brasileiro, no fundo, se salvou. Só Oscar se destacou, sendo o menos ruim, mas mereceu ser cornetado quando disse: "o time até que jogou bem" (sic). 

Felipão parecia um rei de cartas de baralho, somente se manifestando de vez em quando, para pedir calma. O indefectível Flávio Murtosa nem se manifestou, mas não saía do lado do "chefe". Neymar, no banco, virou o "coronel" do time, dando instruções aos colegas, até mesmo a Thiago Silva. 

A Holanda não queria "humilhar" um time já completamente desmoralizado. Mesmo assim, ela fez, com facilidade, o terceiro e último gol, com Wijnaldum. Júlio César aceitou seu último gol sofrido na carreira como membro dos canarinhos. O técnico Van Gaal aproveitou para colocar seu último homem, o goleiro reserva Vorm, que só cobrou tiros de meta, bem no final do jogo. Assim, todos no time holandês tiveram sua participação na Copa.

Termina melancolicamente a participação... da Holanda, que vai ter de passar pelas Eliminatórias européias para ver se tentam novamente conquistar um campeonato. Este é um suplício de Tântalo para o "carrossel laranja". Ganharam o terceiro lugar, mas o clima não era muito alegre.

Holanda de Van Persie e Robben teve de se contentar com o terceiro lugar. Já o Brasil... (Reuters)

Quanto ao time da casa, a despedida não foi apenas melancólica. O clima era mais para algo sombrio e ao mesmo tempo grotesco, como os retratos do Hieronymus Bosch, o pintor holandês (como Rembrandt, Vermeer e Van Gogh) que pintava um cenário escuro e infernal com monstros esquisitos. Pois grotesco é um termo adequado para definir o time do Brasil, ridículo e feio, uma caricatura disforme e patética do que foi um dia. 

Chegarão à Copa de 2018?

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Ninguém leva mais a Seleção a sério!

Recebi uma atualização do antivírus e, como se trata de uma versão grátis, possui anúncios. Com certeza muitos usuários já viram o seguinte: 


Até mesmo uma empresa de antivírus ridiculariza o time brasileiro!

E isto é só o começo. O time de Felipão virou motivo de riso do mundo inteiro. Não vai parar tão cedo, talvez nem em 2015. Ou nunca.

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Previsões furadas

Este blog vai parar de fazer futurologia devido aos resultados da Copa, que saíram completamente diferentes dos previstos no dia 11 de junho (o leitor vai se arrepender se clicar aqui). 

1. Haverá protestos que irão atrapalhar o deslocamento dos torcedores, mas as partidas continuam.
O fato: Acertei esta previsão, mas os protestos não atrapalharam tanto os torcedores.

2. O Brasil vai ter dificuldades nas oitavas, contra a Holanda, o mesmo time que eliminou os brasileiros na Copa de 2010. Porém, será 2 a 1 para nós. Nas quartas, Neymar vai chegar a ser expulso, contra o Uruguai, e Júlio César vai continuar a dar sustos, mas isso não impedirá o Brasil de espantar o fantasma de 1950 (será 2 a 2 no tempo normal e um gol do Brasil na prorrogação). A Alemanha estará no nosso caminho nas semifinais, e pela segunda vez vai perder dos canarinhos, por 3 a 1. 
O fato: Não enfrentamos a Holanda, mas o Chile. As quartas foram disputadas com a Colômbia. Este blog acertou o resultado da semi-final, mas errou no placar: 7 a 1 (todas as previsões sobre o resultado, aliás, erraram). 

3. Muitos vão perceber que boa parte dos estádios está mal acabada. Haverá problemas de infra-estrutura e o 4G nos estádios será motivo de piada.
O fato: Poucos perceberam isso, e preferiram torcer. Por incrível que pareça, o 4G funcionou melhor do que se esperava.

4. Zebras surgirão na Copa, porém mais uma vez um time africano vai fazer bonito mas será eliminado nas quartas: será a Costa do Marfim. A Coréia do Sul também irá longe. A Bósnia poderá avançar, assim como o Irã e os Estados Unidos. Para o Japão será bem mais difícil. Times como a Nigéria serão uma decepção, pois Bósnia ou Irã irão avançar, junto com a Argentina.
O fato: Nenhum time africano surpreendeu, apesar de dois deles (Argélia e Nigéria) conseguirem ir além da fase de grupos. A Coréia fracassou, assim como a Bósnia e o Irã. Os Estados Unidos foram às oitavas, mas foram derrotados pela Alemanha. De fato, o Japão também não conseguiu nada. 

5. A Seleção irá para as finais pegar a Espanha, que estragará a festa dos argentinos (o time de Messi vai se contentar com o terceiro lugar, descontando na Alemanha por 4 a 2). Galvão Bueno vai ouvir muita gente mandando-o calar a boca porque ele preferiria a Argentina na final. Ah, sim, o Brasil vencerá por 3 a 2 e Tiago Silva vai levantar o caneco. 
O fato: A Seleção não foi às finais, devido ao resultado contra a Alemanha. De fato, haverá um jogo entre Argentina e Alemanha, mas na final. Galvão Bueno continuou ouvindo muito "Cala a boca, Galvão!". É claro, Thiago Silva não vai levantar o troféu. No máximo, vai pegar a taça de terceiro lugar e deixar num canto - se a Seleção ganhar da Holanda.


Tudo isso caiu por terra, mas quem sabe eu acerte alguma previsão sobre as eleições e o fim do ano. Do jeito que está o governo Dilma, é bem possível. Se ela ganhar, eu postarei algo parecido depois das eleições. E isso não é uma profecia. 

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Da série 'Copa no Brasil, parte 28' - Alemanha e Argentina de novo

Holanda e Argentina pareciam times que sentiram o feroz recado dos alemães, que estraçalharam os donos da casa. Dessa forma, o desempenho de ambos ficou seriamente afetado no jogo da Arena Itaquera. 

No jogo inteiro, os argentinos pareciam com mais vontade de ir às finais, mesmo sabendo que dessa forma não enfrentariam o seu grande rival para tentar o novo 'Maracanazo' que não voltará. A Holanda estava apática, sem aquela vontade de ser campeã do mundo pela primeira vez. O problema de ambos eram os seus craques: Messi e Robben não pareciam agir como tais. No final do jogo, os europeus aumentaram a pressão. Não deu certo. 

Devido à falta de empenho dos ataques, o jogo seguiu para as prorrogações em branco. Desta vez, porém, a Holanda parecia mais animada para tentar um campeonato inédito, mas seus ataques continuavam relativamente fáceis de neutralizar mesmo para uma defesa que não mete tanto medo quanto a da Argentina. Somente no final eles resolveram engrossar de novo, mas o placar permanecia zerado. 

Vieram os pênaltis e Romero se tornou o salvador da pátria do Cone Sul, ao salvar dois pênaltis, um deles de Sneidjer. Messi foi um dos quatro que converteram. 

Uma final européia, como muitos temiam, deixou de acontecer. Não deu para a Holanda e ela "morreu na praia" de novo. Vai disputar o terceiro lugar no Brasil. Para ambos, um prêmio de consolação. Só faltava aparecer o palhaço Bozo dizendo "Ahhh! Que peninha!" como fazia no seu programa dos anos 80 (olha a oitentolatria aí...) quando uma criança perdia uma gincana. 

Para desgosto de muitos, a Argentina foi à final, mas acabou se transformando na zebra da vez contra os poderosos alemães. Messi e seus companheiros terão uma tarefa duríssima se quiserem ganhar o tricampeonato no Maracanã e aumentar de vez a nossa "humilhação". É a terceira vez que há o confronto nas finais. Los hermanos querem repetir 1986 e não sofrer de novo como em 1990. Nas duas Copas, Maradona, o antecessor de Messi, foi o grande craque. 


P.S.: os barra-bravas se comportaram mal de novo e aumentaram os estragos na Arena Itaquera; dessa forma a Odebrecht vai ter de gastar mais alguns milhões para terminar de vez com o estádio (o Corinthians não é o dono dele, pelo menos até 2043, quando vence a carência de 30 anos e ele passa a obter a posse definitiva do lugar); quando as obras acabarem de verdade em Itaquera, provavelmente o Arena Palestra, do arqui-rival Palmeiras, já estará pronto. 

terça-feira, 8 de julho de 2014

Da série 'Copa no Brasil, parte 27' - Brasil fez história MESMO!

Nunca um campeão do mundo foi derrotado por outro por um placar assim: 7 a 1. 

A seleção do Brasil não mostrou que depende de Neymar. Mostrou, sim, ser um time limitado, confirmando a suspeita da maioria. Desta vez não há como apontar um culpado, geralmente Fred e suas simulações de faltas (a Copa 2014 ficará conhecida não como 'era Neymar', mas como 'era Fred'), pois não foi só ele a atuar mal: todos contribuíram para fazer o 8 de julho de 2014 ser lembrado, talvez para sempre.

Alguns, como Marcelo, autor do primeiro gol (contra) da Copa, se juntaram a Fred na arte de fingir faltas. Outros simplesmente sumiram. O capitão David Luiz nada pôde fazer diante do desastre e ainda se deixou levar pelo nervosismo.

Felipão também desfigurou o elenco, facilitando o serviço do seu rival, o técnico Joachim Low. Não adiantaram as tentativas de esconder a escalação, para compensar a falta do ídolo-mor. O comandante, durante a partida, viu o resultado de sua escalação e ficou com cara de "Napoleão III perdeu a guerra" (Napoleão III era o imperador da França quando a Alemanha lhe impôs uma derrota humilhante na Guerra Franco-Prussiana). Teve a dignidade de assumir a culpa por isso. 

O sonho do hexacampeonato virou pesadelo expressionista (como aquelas pinturas perturbadoras feitas por artistas alemães no começo do século passado - digitem "German Expressionism" no Google Images e vejam os resultados) nos pés de Müller, Kroos, Khedira, Schürlle e até de Krose, o artilheiro isolado de todas as Copas, autor do segundo gol do Deutscher Fussball-Bund. Em menos de 30 minutos, os comandados de Low deram uma lição de futebol ofensivo. Ninguém esperava algo assim: 

-10 minutos: gol de Müller
- 22 minutos: gol de Klose
- 24 minutos: gol de Kroos
- 25 minutos: gol de Kroos
- 29 minutos: gol de Khedira

Ainda houve mais gols, para completar a destruição. Oscar descontou para o Brasil no finalzinho.

- 23 minutos, segundo tempo: gol de Schurlle
- 33 minutos, segundo tempo: gol de Schurlle
- 46 minutos, segundo tempo: gol de honra (ou será de desonra?) de Oscar.

Klose teve o gosto de fazer um dos gols alemães (BBC)

Mick Jagger torcendo para o Brasil. Este foi o menor dos motivos para o placar monstruoso a favor dos visitantes (Jean Catuffe/Getty Images)

Com o time aniquilado, a torcida se conformou e reconheceu a superioridade dos alemães, que fizeram história nas Copas. Não é qualquer um que consegue fazer tantos gols no "único pentacampeão do mundo". Só não repetiram o 8 a 0 feito na Arábia Saudita na fase de grupos da Copa de 2002 - a mesma onde os dois times em questão se encontraram pela primeira vez, na grande final, com resultado completamente diferente. 

Mas o Brasil não acabou. Nem a Seleção. Ela vai disputar o terceiro lugar em Brasília, com motivos de verdade para chorar, deixando a Alemanha ir para o Maracanã. 

O hexa fica mesmo para a gelada Rússia, em 2018. Isso se o time brasileiro cumprir todo o processo para chegar lá e continuar a tradição de sempre participar de Copas. Porém, o trauma decorrente dessa derrota levará muito mais tempo para ser esquecido. Mais até que os 64 anos que nos separam do primeiro grande trauma sofrido pelos canarinhos, no Maracanã. 

sábado, 5 de julho de 2014

Da série 'Copa no Brasil, parte 26' - A última zebra deu trabalho à favorita

No segundo dia das quartas-de-final, a Argentina foi enfrentar a Bélgica, tentando parar o tal "futebol de resultados". Conseguiu, mas não convenceu, e ainda tem de enfrentar a sina de depender de Messi, ainda mais com a contusão de Di Maria, que sofreu uma distensão na coxa e ficará impedido de prosseguir na Copa. Não é uma contusão tão séria quanto a fratura sofrida por Neymar, mas o estrago para o lado dos celestes também não foi pequeno. 

Como no jogo França e Alemanha, um lado fez o gol no início do jogo e o outro não teve a postura necessária para reverter o resultado. Higuaín marcou aos 12 minutos, com a assistência de Messi, quase sumido no jogo. Os belgas não se aproveitaram da "messidependência" e não pressionaram o suficiente: apenas nos 10 minutos finais conseguiram assustar os argentinos um pouco. No final, los hermanos acabaram com a maldição de sempre se darem mal nas Copas desde 1994. O último bom resultado foi em 1990, quando eles tinham Maradona, mas foram derrotados na final pela Alemanha.

Muito mais dificuldade teve o time da Holanda. Considerado por muitos o mais forte da Copa, tendo no currículo a goleada sobre a última campeã, a Espanha, ele sofreu demais com a retranca montada pela Costa Rica, a zebra-mor desta Copa. Nada dava certo. A Holanda chutou muito mais a gol, graças ao ataque comandado por Robben, mas as bolas foram bem defendidas pelo goleiro Navas, o melhor do jogo até então. 

Chegaram as prorrogações e a Holanda continuava a pressionar, mas sem resultado. A Costa Rica chegou a ensaiar um ataque eficiente, que resultou no único chute a gol do time centro-americano, mas também não marcou. O improvável equilíbrio continuava, sem erros graves cometidos por nenhum dos dois times. Van Gaal trocou o goleiro titular, Cillessen, por Krul, num aparente gesto de insensatez, mas, como treinador experiente, mostrou a eficácia da medida, quando Krul, nos pênaltis, defendeu duas cobranças, de Ruiz e Umaña. Por outro lado, os cobradores da Holanda não erraram, caprichando nas cobranças para dificultar o serviço de Navas. 

 
Tim Krul, o herói de última hora (do site Superesportes.com). 

Os dois resultados consagraram os favoritos, mas se a Bélgica não mostrou todo o seu futebol contra a Argentina, a Costa Rica teve uma postura bem mais valente, e sai da Copa como a grande sensação. A partida contra a Holanda foi, de fato, a mais equilibrada das quartas-de-final. 

Agora, Argentina e Holanda vão se enfrentar no Itaquerão, o estádio que já havia sofrido com o vandalismo de torcedores "barra-bravas". A seleção do país das tulipas quer estragar os planos dos argentinos e chegar ao título inédito, mesmo que seja à custa dos donos da casa.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Da série 'Copa no Brasil, parte 25' - E o Brasil avança sem Neymar...

... mas com Fernandinho e a dupla David Luiz e Thiago Silva. Neymar esteve mal na partida e ainda por cima machucou-se seriamente.

Os dois principais nomes da zaga resolveram ajudar no ataque e foram os autores dos gols que classificaram a Seleção para as semifinais e despacharam a Colômbia.

Thiago Silva fez o gol logo no começo, aos 7 minutos. Não é comum o capitão do time, geralmente um zagueiro, lateral ou volante, fazer um gol. Mas ele fez, e de joelho. 

Enquanto isso, o craque colombiano, um dos destaques desta Copa, James Rodriguez, foi bem anulado por Fernandinho. O volante brasileiro foi competente em sua função de ajudar tanto na defesa quanto nas jogadas para armar o ataque. O problema é a presença de Fred, que mais uma vez mostrou por que merece a bronca da torcida. Hulk não estava também muito brilhante. Muito menos Neymar, apagado e sem justificar a sua fama conquistada no Santos, no Barcelona e agora na Seleção. 

No segundo tempo, quem brilhou foi David Luiz. Ele foi o autor do segundo gol, saindo da zaga e ajudando no ataque, cobrando uma falta (duvidosa) sofrida por Hulk e cometida por James Rodriguez. Já era considerado, pela Fifa, o melhor jogador da Copa, e essa atuação só confirmou isto. Como Thiago Silva impediu uma reposição de bola para a Colômbia e foi punido com o segundo amarelo, não vai jogar nas semifinais. A braçadeira do "Capitão Chorão" pode ir para o companheiro de zaga, que mostrou ter potencial para comandar o time. 

David Luiz fez diferença e ajudou o Brasil no caminho para superar 1950 e levar o sonhado hexa (iG)

Outro castigado com o amarelo foi o goleiro Júlio César, que fez pênalti em Bacca e James Rodríguez converteu, para mostrar a que veio e causar preocupação na torcida, aos 33 minutos do segundo tempo. Não houve, porém, o empate. Ficou no 2 a 1, e a Seleção desmentiu a fama de "neymardependente" ao despachar uma Colômbia que promete dar mais trabalho aos rivais no futuro.

Por falar no camisa 10, ele levou uma joelhada de Zuñiga numa dividida e caiu no chão, lançando dúvidas sobre suas condições. Mais tarde, uma notícia de gelar a espinha: ele fraturou uma das vértebras lombares, ficando fora da semifinal contra a Alemanha (e pior, provavelmente não terá condições de ajudar a Seleção na final). A partida de terça em Belo Horizonte vai dizer (ou não) se esta vitória no Castelão não foi de Pirro. Se depender da garra da Seleção como um todo e da competência de nomes como David Luiz e Fernandinho, o incidente será superado e o Brasil irá para as finais, mesmo sem seu maior astro.

Antes da vitória brasileira, o sempre forte time alemão jogou às 13h, no Maracanã, com a maior parte da torcida a favor, já que o adversário é a França, do qual o Brasil era considerado "freguês" por só perder nos três últimos confrontos com Les Bleus: nas quartas de 1986 e 2006 e na final de 1998. Pois os franceses também são fregueses, e dos alemães. Benzema não estava em seus melhores dias, aliás o time todo estava mal. Os alemães também sentiram fortemente o calor no Rio e não mostraram todo o seu potencial. Hummels fez o gol solitário no começo do jogo, aos 12 minutos. As poucas finalizações dos bleus - feitas em grande parte no final do jogo - acabaram frustradas pelo goleiro Neuer. Klose, apesar de ter participado, passou em branco. Pode voltar a brilhar no Mineirão, na partida contra o Brasil, na busca pelo recorde de gols em Copas e pela vaga nas finais, um possível desgosto duplo para nós.


P.S.:

(1) Não bastasse a contusão de Neymar, outra notícia que pode fazer o Brasil voltar aos tempos furiosos de 2013 é o esquema de venda de ingressos por cambistas, com a participação de gente da Fifa. A investigação envolve nomes como Dunga, Jairzinho, Júnior Baiano e Carlos Alberto Torres, com os quais o chefe da quadrilha, o franco-argelino Mohammadou Lamine Fofana, teria ligações. Joseph Blatter disse que as acusações são rumores e repetiu uma frase que virou bordão desde o escândalo do mensalão em 2005: "Não sei de nada". 

(2) Outro fato, não tão desagradável, é a Colômbia ser a pátria da Shakira, uma das celebridades que faturou bastante com a Copa. Com a derrota para o Brasil, ela passou a ser alvo de gozações nas redes sociais.

quinta-feira, 3 de julho de 2014

O que virá depois

Aprovaram um novo sistema para os ônibus interestaduais, acabando com o teto de preços e aumentando a liberdade para as empresas escolherem as cidades servidas. Este novo sistema é, em tese, melhor, mas precisaria haver mais concorrência no setor, com mais de uma empresa atuando num mesmo trajeto (isso ocorre apenas em poucos casos, como a linha Rio-São Paulo). As cidades pequenas e médias temem esta medida, pois se a economia local não crescer, a tendência é aumentar o êxodo populacional para cidades maiores. 

Também irá vigorar um aumento na conta de luz na região metropolitana paulista. O aumento seria justificável, se ele não fosse de monstruosos 18,06% para os consumidores e 19,93% para as indústrias. A gestão errática do setor elétrico no governo federal, com falta de planejamento diante de um previsível cenário de falta de chuvas e aumento de consumo de energia, foi em boa parte responsável. Outras concessionárias de energia também fizeram reajustes assim. A medida pode causar forte retração no consumo e na atividade industrial, causando a volta de uma aberração econômica chamada de recessão, que pode atacar agora, no segundo semestre. 

Outra medida é o previsível aumento dos pedágios. Desta vez o governo estadual não temeu possíveis pressões contra e autorizou os reajustes pedidos pelas concessionárias. Esses reajustes, na maior parte, estão abaixo da inflação e não assustam tanto, mas fazem os pedágios como o do sistema Anchieta-Imigrantes irem a valores ainda mais salgados: agora estão em R$ 22,00. Não há como contestar isso, pois os reajustes fazem parte dos contratos feitos nas licitações. Além disso, devido aos protestos no ano passado, os preços eram os vigentes desde julho de 2012. 

Essas medidas estão vindo de forma decidida, ao contrário das melhorias. Para não falar das reformas econômica, tributária e política, que devem esperar até o risco de mofarem em algum arquivo na Câmara ou no Senado, este blog vai abordar algumas melhorias previstas que não tem um prazo muito definido, apesar dos pronunciamentos oficiais: 

- o monotrilho ligando a Vila Prudente à Cidade Tiradentes prometido para maio só vai ficar pronto em setembro, mas não há uma data muito precisa; 

- outras obras do metrô estão também com o cronograma atrasado, como a linha Lilás cuja extensão entre as estações Adolfo Pinheiro e Chácara Klabin não tem prazo ainda para ser concluída; 

- o trecho leste do Rodoanel vai ser entregue incompleto amanhã, sem ligação para a Dutra (apenas para a Ayrton Senna, Jacu Pêssego e trecho sul), e não há uma previsão para terminar a obra; por outro lado, o trecho norte, para ligar a Dutra à Bandeirantes, mal começou a ser feito; 

- obras prometidas para a Copa só vão ficar prontas depois do término das Olimpíadas, ou nem serão iniciadas, como é o caso da ideia abortada do "trem-bala" (neste caso, seria uma espécie de Transamazônica do século XXI se isso fosse levado adiante, devido à relação custo-benefício do projeto). 




terça-feira, 1 de julho de 2014

Da série 'Copa no Brasil, parte 24' - Duas partidas duras de assistir

Os dois jogos que encerram as oitavas-de-final não agradaram, principalmente nos tempos normais. Argentina x Suíça e Bélgica x EUA terminaram no zero a zero, exigindo uma prorrogação. 

A "messidependência" argentina e o futebol defensivo e opaco da Suíça impediam uma definição. Messi não esteve bem, e brilhou somente na prorrogação, dando o passe para Di María fazer o gol salvador, que deu a vitória a nuestros hermanos. A caminhada rumo a uma possível final Brasil x Argentina continua. Já a torcida que lotou o Arena Corinthians saiu com dúvidas sobre a viabilidade desse sonho. 

Mais tarde, a última partida das oitavas, entre os esforçados norte-americanos e o "futebol de resultados" da Bélgica. Nenhum deles agradou quem estava na Fonte Nova, "mal" acostumada às goleadas. Pela primeira vez, o estádio de Salvador viu um placar zerado no tempo normal. Os gols só vieram nas prorrogações, quando os belgas trataram de atacar mais. De Bruyne marcou, e doze minutos depois foi a vez de Lukaku. O gol de honra dos EUA foi de Green. Eles ainda tentaram desesperadamente empatar, mas não havia tempo suficiente. Com isso, a Bélgica passa para as quartas-de-final pela primeira vez desde 1986. 

Duas partidas onde se viu este tipo de placar no tempo normal. Argh!!

Agora, serão dois dias de recesso, sem futebol. A Copa só retorna na sexta-feira. 

20 anos de Real, e os desafios a superar

Desde o dia primeiro de julho de 1994, portanto há exatos 20 anos, o Real é a moeda do Brasil. Desde então, o descontrole na deterioração do poder de compra, vigente desde o início da década de 1980, tornou-se coisa do passado. Passamos a conviver com níveis de inflação de menos de 1% ao mês e não 1% ao dia, como foi, por exemplo, em 1988. 

Os brasileiros passaram a ter maior noção do dinheiro, e se desacostumaram com as remarcações constantes. Ficou muito mais fácil planejar o orçamento. 

Já o governo teve de organizar metas de superávit, a fim de controlar os gastos públicos. Fez aprovar a Lei de Responsabilidade Fiscal, durante o governo FHC. Com isso criaram-se fundamentos para a estabilidade da moeda. Porém, houve a crise mundial de 1998, e o governo teve de fazer ajustes para não correr o risco de perder todo o trabalho, que estava apenas no começo. No ano seguinte, foram instituídas metas de inflação, possibilitando a redução maior dos índices. O problema é que essas metas só foram cumpridas em 2000. Em 2001 houve o problema da desvalorização cambial vigente desde 1998, agravado pelo excessivo gasto com as importações. Em 2002 havia o temor causado pelo PT, levando à disparada do dólar e ao aumento da inflação, que ficou em 12%, quando a meta era de 3,5%. 

Mais tarde, o governo Lula manteve esses pilares do combate à inflação, que permaneceu baixa. Porém, o loteamento do governo exigiu o constante aumento dos impostos. Com o governo Dilma, houve afrouxamento do controle sobre a inflação, que sempre esteve perto do topo da meta. 

Outro problema econômico não devidamente combatido é o baixo crescimento do PIB. O Brasil não consegue crescer desde o fim daquela ilusão chamada "milagre econômico", feito durante o regime militar. Isso limita a capacidade do país de combater a miséria. Ficamos muito atrelados à exportação de produtos primários, como minérios e soja. A falta de dinamismo na nossa economia é estimulada pela burocracia e baixa qualidade do ensino, já que os setores industriais e de serviços requerem capacitação cada vez maior. Informática e inglês são pré-requisitos fundamentais. Além disso, o país não consegue produzir soluções tecnológicas próprias, ficando dependente de conhecimento vindo de fora. Mais uma vez isso é reflexo da baixa qualidade da educação, e também ao nosso vício de esperar tudo do governo. 

O Brasil, portanto, precisa fazer reformas. Faz-se necessário ter mais critérios nos gastos do governo, que sempre gastou muito e mal, gerando péssimos resultados nos serviços públicos, saúde e educação. Para isso, uma reforma no Estado é fundamental, para aumentar sua eficiência e diminuir seu apetite pelo NOSSO DINHEIRO. Infelizmente, um segundo mandato da Dilma não é garantia alguma de que isso irá ocorrer. Com isso, o Plano Real continuará a não funcionar satisfatoriamente. Felizmente, no entanto, o país amadureceu neste ponto, e não vai querer a volta da inflação descontrolada.