terça-feira, 18 de agosto de 2020

Deltan Dallagnol tenta reagir

Deltan Dallagnol, um dos líderes da Lava Jato, o movimento que permitiu a prisão de centenas de políticos, empresários e doleiros, e enfrentou o maior esquema de corrupção deste século, agora precisa enfrentar o Conselho Nacional do Ministério Público, que ameaça puní-lo por irregularidades operacionais. 

Deltan Dallagnol tenta mostrar força diante das acusações (José Cruz/Agência Brasil)

O CNMP é apoiado por Augusto Aras, procurador-geral da República, que já mostrou toda a sua insatisfação com os rumos da Lava Jato, acusando-a, na prática, de ser uma espécie de "Quarto Poder". Deputados e senadores, muitos deles réus na Lava Jato, querem Deltan afastado do Ministério Público. 

Enquanto isso, ele conseguiu protelar a decisão, recorrendo ao STF. Celso de Mello suspendeu dois processos administrativos contra o procurador, um deles feitos por Katia Abreu (PP-TO), integrante do Centrão e ex-ministra da Agricultura de Dilma Roussef, que o acusa de fazer promoção pessoal; o outro é de Renan Calheiros, considerado um oponente terrível da Força Tarefa, que quer afastar o jovem procurador do comando da operação porque ele teria interferido na campanha para eleição da presidência do Senado,  disputada pelo cacique alagoano e vencida por Davi Alcolumbre em 2019. 

Um dos motivos pelos quais CNMP quer punir Dallagnol é o famigerado powerpoint exibido para acusar o ex-presidente Lula, considerado o grande beneficiário da mega-rapinagem. Juristas dizem que faltam provas concludentes para sustentar as acusações expostas. Há farto material jornalístico que compromete o ex-presidente, mas os processos contra ele arrastam-se na Justiça. 

Outro, mais comprometedor, é a intenção de Dallagnol de usar parte do dinheiro recuperado da Petrobras, maior vítima da predação exercida pelos corruptos anos atrás, para um fundo bilionário administrado pelo Ministério Público Federal, o que é inaceitável. Ele também é acusado de enviar informações importantes da Força Tarefa a entidades vinculadas ao governo dos Estados Unidos - constituindo perigo à soberania brasileira, se isso for verídico. 


N. do A.: Enquanto isso, acontecem outros fatos importantes para o Brasil. Paulo Guedes parece estar se entendendo com os outros ministros, e isso acalma o mercado, que espera pelas reformas administrativa e tributária. O mercado também parece estar em paz (relativa) com o presidente Jair Bolsonaro, que teve aumento na aprovação de seu governo segundo as pesquisas, inclusive o Datafolha, principalmente entre os mais pobres e em redutos oposicionistas, como o Nordeste. Nos Estados, as medidas de contingenciamento de gastos preocupam certos setores, como as universidades, que terão as verbas cortadas, inclusive para o custeio de pesquisas importantes, como as feitas para a COVID-19; a preocupação é mais sentida em São Paulo, onde está a USP e a Unicamp. 

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