O debate na Band, ocorrido no domingo (28), foi o tema mais comentado atualmente (Divulgação/Rede Bandeirantes) |
Quem viu o debate na Band percebeu um tom mais sério nos candidatos, sem declarações (muito) estranhas como a do folclórico cabo Daciolo, agora candidato ao senado pelo PDT do Rio, que falou de uma certa URSAL ("União das Repúblicas Socialistas da América Latina") para denunciar os governos socialistas na América Latina em 2018.
Não houve candidato folclórico, apenas Bolsonaro (PL), Lula (PT), Simone Tebet (MDB), Ciro Gomes (PDT), Soraya Thronicke (União Brasil) e Felipe D'Avila (NOVO). Os dois primeiros honraram o compromisso de participarem do debate, como líderes nas pesquisas. No Ipec, por exemplo, Lula está com 44% e Bolsonaro, com 32%.
No entanto, as declarações mais próximas da estranheza foram as do presidente candidato à reeleição, cujo ataque mais comentado não foi contra Lula, a quem chamou de "ex-presidiário" e "mentiroso", mas contra uma das organizadoras do debate, a jornalista Vera Magalhães, notória desafeta do presidente, acusada de "sempre pensar em" Bolsonaro, "divulgar mentiras" e "ser uma vergonha para o jornalismo". Bolsonaro deu motivos para ser apontado como "misógino" quando as duas candidatas mulheres, Tebet e Thronicke, foram defender a jornalista, reagindo agressivamente, mas sem conseguir intimidá-las. Também causou espécie Bolsonaro se referir ao seu maior adversário, Lula, como "presidente".
Outra fala comentada foi dizer "nossa Argentina", "nossa Colômbia", "nosso Chile", para criticar os regimes bolivarianos desses países. Não faltaram memes para ironizar o presidente, comparado até ao cabo Daciolo. Também houve troças a respeito de se falar de "nossa Argentina" em época de Copa do Mundo. Fora isso, destacou o Auxílio Brasil e a importância do agronegócio, por ser a principal responsável pelo PIB brasileiro.
Lula não se saiu bem no debate. Na verdade, foi até pior que Bolsonaro, pois não foi convincente ao se defender das acusações de corrupção perpretradas por todos os seus oponentes. Ele dedicou pouco tempo a fazer propostas, e não animou nem a sua equipe de campanha. Foi chamado de "ladrão" logo no começo por Bolsonaro, que se recusou a apertar-lhe a mão.
Ciro Gomes foi o mesmo de sempre, atacando os adversários e fazendo promessas em tom populista, ao estilo dos dois principais oponentes. falando em seu plano "antiganância" para combater os lucros dos bancos, sempre apontados como exorbitantes pelos candidatos a algum cargo público. Ele foi duro com o presidente candidato à reeleição, culpando-o pela condução da pandemia de coronavírus pelo governo federal, embora ele só tivesse parte da responsabilidade pelo trágico fiasco, dividida com os Estados, municípios, Congresso e STF.
Simone Tebet foi destaque ao criticar as declarações de Bolsonaro a respeito das mulheres, e por isso foi bem avaliada, principalmente pelo eleitorado feminino. Também não poupou de críticas a condução da pandemia, como ex-integrante da CPI da Covid-19. Por outro lado, também atacou o "calcanhar de Aquiles" de Lula, a corrupção nos governos petistas. Destacou a importância da educação e da pesquisa acadêmica, mas escorregou ao propor uma poupança para estudantes, para estimulá-los a continuar os estudos.
Soraya Thronicke preocupou-se na imagem de defensora das mulheres e da iniciativa privada. Ela tem como vice-presidente o economista Marcos Cintra, ex-integrante da equipe econômica de Paulo Guedes. Defendeu o imposto único, e disse não ter visto melhoras quando Lula foi presidente. O petista retrucou, dizendo que a empregada dela sentiu a melhora. Em troca, Thronicke engrossou os ataques generalizados contra a corrupção nos tempos do PT no governo.
Felipe D'Avila teve como alvos principalmente Lula e o fundo eleitoral, considerado uma afronta contra o dinheiro pago pelo contribuinte. Ele também defendeu maior liberdade econômica, defendeu os empresários e produtores, embora tivesse pouco tempo para falar sobre outros temas defendidos pelo seu partido, como a prisão em segunda instância e o fim do foro privilegiado. Foi criticado por errar o nome da lei Maria da Penha, contra a violência sofrida pelas mulheres, e também por seu patrimônio declarado de R$ 24 milhões, muito superior aos dos outros candidatos.
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