quinta-feira, 11 de agosto de 2022

Nossa democracia resiste

O ato deste 11 de agosto no Largo São Francisco merece ser lembrado, dentro do contexto no qual está inserido. 

Milhares foram até o entorno da Faculdade de Direito da USP para ouvirem a leitura da Carta às brasileiras e aos brasileiros pela defesa do Estado Democrático de Direito, com a participação ativa da reitoria da USP e da diretoria da Faculdade. Juristas, empresários, artistas e pessoas comuns comparecerem para dar um recado a quem tiver a insolência de afrontar o regime democrático e o atual sistema eleitoral baseado nas urnas eletrônicas. A manifestação foi também um ato de protesto contra o presidente Jair Bolsonaro, e serviu para defender o STF, o STJ e, principalmente, o TSE, dos ataques. 

Abaixo, o vídeo transmitido pelo canal USP do Youtube: 


Presidenciáveis de oposição, como Lula, Ciro Gomes, Simone Tebet, aproveitaram o momento para se beneficiarem do evento, assim como as lideranças sindicais, os movimentos sociais que gritaram "Fora, Bolsonaro" e artistas como Daniela Mercury, Chico Buarque, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Fernanda Montenegro e outros, para aumentar a semelhança deste ato com os antigos protestos contra o regime militar, principalmente a Carta aos Brasileiros de 1977. Houve faixas com os dizeres "Ditadura nunca mais", "Para que jamais aconteça" e "Estado de Direito sempre".   

Cartaz afixado no prédio da Faculdade de Direito da USP durante a leitura da carta (Cecília Bastos/USP Imagens)

A carta da USP passou a ter mais de 1 milhão de assinaturas. Ultrapassou o Manifesto em Defesa das Liberdades, com seus 860 mil assinantes. 

Por outro lado, o presidente minimizou, lembrando a redução de 4,07% no preço do diesel às distribuidoras, a segunda neste mês, consequência da queda do ICMS e do preço do barril nos últimos meses, após a loucura vista nos postos no primeiro semestre do ano causada pela invasão da Rússia à Ucrânia e pela pandemia de coronavírus. Bolsonaro também atacou a carta, dizendo ser um "pedaço de papel", e tentou demonstrar tranquilidade.

Vale ainda registrar a votação do STF, unânime, para aumentarem os próprios salários em 18%, enquanto o povo em geral passa por dificuldades financeiras e a fome ameaça milhares de famílias no país. Essas circunstâncias prejudicam a repercussão da manifestação pró-democracia. 

Ainda assim, os acontecimentos do dia 11 de agosto dão alento às liberdades e à democracia no Brasil. Os descontentes têm direito a voz, assim como os apoiadores do atual governo. E isso precisa continuar. 

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