quinta-feira, 31 de outubro de 2019

Não é preciso ter medo de bruxas

Não quando temos motivos reais para temer. 

Alguém pensar em falar numa espécie de AI-5 numa democracia, a pretexto de querer conter uma radicalização das oposições, até agora bem comportadas apesar das manobras para dificultar as reformas, as quais, bem ou mal, são apoiadas e sustentadas pelo governo atual, demonstra não ter nenhum apreço pelos conceitos democráticos, ou seja, respeito às liberdades, às instituições, à Constituição, ao povo. 

Isso se torna mais grave quando quem expressou esse desejo é o filho do presidente, Eduardo Bolsonaro, o mesmo que ameaçou o STF com um cabo e um soldado. 

Também não cabe dizer quem é hiena na verdade, atacando o leão, mesmo porque se aqui fosse um reino selvagem, estamos numa situação de desgraça, onde o povo estaria não no topo da cadeia alimentar, mas na base dela. 

quarta-feira, 30 de outubro de 2019

Da série "(Des)industrialização no Brasil atual", parte 9 - Indústria de cosméticos

Continuando a série sobre a industrialização no Brasil, é bom abordar um setor ligado às postagens anteriores, partes 7 (química) e 8 (farmacêutica). 

Cosméticos, como desodorantes, colônias, batons, rimeis, estojos de maquiagem e perfumes em geral, são na verdade parte da indústria química (latu sensu), por envolverem produtos químicos, em geral compostos aromáticos e ésteres, além de substâncias de origem vegetal (principalmente extratos de flores e especiarias) e animal (já foram predominantes no passado, como óleos extraídos de glândulas de animais e o âmbar gris das baleias). 

Historicamente, remetem à Antiguidade, para realçar a beleza, principalmente feminina, e preservar a saúde da pele. Muitos compostos foram utilizados, como cera de abelha, gordura animal, azeite, óxido de chumbo e stibium (sulfeto de antimônio, para dar aspecto metálico à pele). Mas, no Brasil, a fabricação de cosméticos só começou em 1801, já no alvorecer do século XIX, a partir das primeiras indústrias de sabões, autorizada pelo príncipe regente D. João, futuro D. João VI, na então colônia de Portugal. A maior parte dos perfumes e outros utensílios, no entanto, era importada. Somente em 1870 houve um incremento com a Casa Granado, ainda existente, fabricante do famoso polvilho. Desde então, outras empresas foram fundadas, a maior parte delas já não existente na nossa época. 

Atualmente, a indústria de cosméticos possui uma boa participação de empresas brasileiras, como a Natura, uma das mais poderosas do mundo desde a aquisição da Avon. Não se pode esquecer a Boticário e a inesquecível Jequiti, da Patrícia Abranavel (filha do Sílvio Santos). Como sempre acontece, as transnacionais abocanham boa parte do mercado, representadas pela Coty, L'Oreal, Procter & Gamble, Chanel, Unilever, Kao e Revlon, entre outras. Esta participação estrangeira já foi bem maior no passado. 

Houve uma certa retração nos últimos dois anos, após um período de expansão relativamente forte. Porém, no primeiro trimestre deste ano, as vendas aumentaram em 10,6%. E a tendência é haver uma certa expansão, explorando a avidez dos brasileiros e das brasileiras pela conservação da beleza. 

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Carros híbridos invadem o Brasil

O Brasil possui um mercado de carros sui generis, dominado pelos veículos do tipo flex, funcionando tanto com gasolina quanto com álcool, contribuindo para diminuir a dependência do país em relação ao petróleo e garantir altos lucros para o agronegócio, além de não lesar (muito) o meio ambiente nas emissões de gases. 

Esqueçamos, portanto, alguns detalhes dos carros nacionais, cujo custo benefício é, em geral, amplamente questionável, invertendo totalmente o sentido do slogan "bom, bonito e barato". Ruins, mal acabados, sem tecnologia, caros, etc., etc. Vamos nos concentrar na questão dos motores, que pode sofrer um novo abalo, com a chegada dos modelos híbridos. 

Começou com o Ford Fusion Hybrid, um carro de grande porte vendido por aqui entre 2010 e 2018. Apesar de vender muito pouco, e custar, na época, a bagatela de R$ 182 mil, chamou a atenção por reunir luxo e conforto com economia de carro pequeno. Ele utiliza um motor 2.0 de ciclo Atkinson (diferente dos motores convencionais, de ciclo Otto) e um motor elétrico, rendendo, juntos, 190 cv. A (enorme) bateria é abastecida por um sistema semelhante ao Kers da Fórmula 1, transformando energia da frenagem em recarga, dispensando o uso de tomadas. Uma comodidade bem maior do que os carros elétricos convencionais, cuja autonomia continua a ser baixa e o tempo gasto nas recargas, muito elevado.

Em 2012, passou a ser vendido o Toyota Prius, um carro médio até então pouco conhecido em forma hatchback, importado do Japão. Já chamava a atenção por sua grande economia na cidade, quando os dois motores elétricos de 72 cv ao todo, um para movimentar o carro e outro para recarregar a bateria, são mais exigidos do que o motor a gasolina de 98 cv, ciclo Atkinson. A bateria para fornecer a energia dos motores elétricos é carregada pelo sistema de freios do carro, como no Fusion, mas ela é bem menor e não rouba tanto espaço no porta-malas.

Depois, a mesma montadora trouxe o Corolla Altis Hybrid, desta vez com motor flex de 101 cv a álcool (manteve os 98 cv para a gasolina) somado aos dois motores elétricos que mantiveram a mesma potência. O Corolla, sendo um sedã parcialmente montado aqui, oferece mais requinte e espaço custando menos do que o Prius. O preço de tabela é de R$ 124.990, mas é difícil obtiver um carro assim sem ágio. As filas de espera duram até três meses, mesmo num país com baixo poder aquisitivo como o nosso.

Apesar de caro, o Corolla Altis Hybrid gera filas de espera (Motor1.com)
O japonês Honda Accord, o "irmão maior" do Civic, virá para o Brasil com motores a gasolina e elétricos (Motor1.com)


Os mais abastados (e mais preocupados com o meio ambiente, ou mais sovinas em termos de gastos com combustível) vão ainda ver o Honda Accord híbrido, um carro de categoria superior ao Corolla, concorrente do mais "modesto" Civic. Por ser um carro grande, exige um motor também mais forte, com 145 cv, a gasolina, por ser importado. Os dois motores elétricos geram, juntos, 184 cv. Na cidade, o carrão faria inveja nos donos dos carrinhos populares, até mesmo na economia de combustível.

Aos poucos, essa categoria de automóveis irá conquistar as ruas. Em um tempo não muito distante, não veremos naves como as dos Jetsons, os personagens futuristas da antiga Hanna-Barbera, mas veículos parcialmente elétricos, não tão "inimigos" do meio ambiente e nem tão "amigos" dos frentistas dos postos de combustível. 

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Começo da semana do Halloween 2019

Citando mais uma vez um aspecto da aculturação norte-americana, temos mais uma semana para dar susto em muita gente. 

Alberto Fernández foi eleito, mas quem de fato irá governar é a vice, Cristina Kirchner (Martin Zabala/Xinhua)


Uma das notícias de maior repercussão é o resultado das urnas na Argentina. O peronista Alberto Fernández foi eleito no primeiro turno, derrotando o atual presidente e candidato à reeleição Augusto Macri. A vice-presidente do vencedor é nada menos que Cristina Kirchner, a ex-presidente entre 2007 e 2015, cujo mandato foi marcado por medidas populistas, típicas do peronismo. Para evitar pânico nos mercados, Macri limitou a compra de dólares a US$ 200 por pessoa. Pelo menos ele recebeu Fernández para dar início a um processo de transição até a posse, no dia 10 de dezembro. 

Quem teve motivos para temer o futuro, também, é o prefeito Bruno Covas, diagnosticado com um câncer em processo de metástase no esôfago. Ele corre risco real de morte por causa dessa doença, tal como o avô, Mário Covas, morto em 2001. Vai submeter-se a uma quimioterapia. 

Futuro no além teve o diretor Jorge Fernando, vítima de um aneurisma na aorta. Ele foi o responsável pela direção de novelas como Guerra dos Sexos, Que Rei Sou Eu, Rainha da Sucata, A Próxima Vítima e a última novela das sete da emissora, Verão 90, quando ele retornou após um longo período se recuperando de um AVC. O diretor da Rede Globo tinha apenas 64 anos. 

Menos funesto, porém não menos inquietante para o Brasil, são os rumos do presidente Jair Bolsonaro, que já está pensando em ir para um novo partido (mais um!), chamado Partido da Defesa Nacional (PDN). No momento, ele está na Arábia Saudita, para se encontrar com o governante de facto do país, o príncipe Mohammed bin Salman, em sua visita aos países asiáticos. Recentemente, ele esteve na China, e depois nos Emirados Árabes e no Catar.

Outros acontecimentos ainda provocam medo, como a poluição por óleo no Nordeste, a crise após os resultados da eleição presidencial na Bolívia e os protestos políticos no Chile e no Equador. 


N. do A.: Surpreende a reação do mercado brasileiro; incentivada pela alta das ações dos bancos e de um iminente acordo entre Estados Unidos e China, a Bovespa chegou a 108.187 pontos, recorde histórico. Eles certamente sentiram fortemente a eleição argentina, capaz de afastar a América Latina dos investidores. O dólar, por sua vez, caiu e ficou abaixo dos R$ 4,00. Isso é resultado de uma forte especulação, típica de países com notas abaixo do chamado "grau de investimento".

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Protestos no Chile lembram 2013

820 mil pessoas reuniram-se próximo à sede do governo chileno, na Praça Itália, em Santiago (Muhammad Emin Canikq/Anadolu Agency/Getty Images)

Apesar das tentativas do governo chileno de minorar os efeitos causados pelos protestos, nada parece acalmar os manifestantes. Agora, eles tentaram invadir a sede do Parlamento e encheram a Praça Itália, a principal de Santiago, para pressionar o governo do presidente Sebastián Piñera. 

Como em 2013, no Brasil, o aumento nas passagens do transporte público é um pretexto para multidões externarem sua ira contra a política. Pautas se misturavam: o sistema de aposentadorias, as deficiências no sistema de saúde, as acusações contra as mortes durante os protestos (até agora, 18, segundo a subsecretaria do Interior, órgão oficial). As manifestações foram convocadas por meio das redes sociais. 

Os caminhoneiros também estão participando ativamente, mas aí a semelhança não é com 2013, mas com 2018, e foi motivada por razões diversas. Por aqui, era devido aos fretes, às facilidades ilusórias no financiamento dos caminhões e à excessiva dependência do Brasil em relação ao transporte rodoviário para escoamento de cargas. Em comum, "somente" o preço dos pedágios nas estradas e a radicalização política da categoria. 

Porém, o Chile não está vivendo uma crise decorrente da corrupção (ela é um problema sério no país e em qualquer outro no mundo, mas não chega a ser tão pantagruélico como foi no Brasil em 2013). Os problemas sociais, embora haja uma grande desigualdade de renda, não são tão graves quanto os do Brasil, da Bolívia ou do Equador. 

Outra diferença é o grau de violência entre as partes. Em 2013, eram grupos isolados, chamados de "black blocs", infiltrados nas manifestações em geral pacíficas, e a repressão aos movimentos foi pequena. Agora, estão havendo vários casos de depredações, incêndios criminosos, saques, motivando uma repressão mais dura. 

Não se sabe, ainda, como isso irá terminar, se Sebastiãn Piñera irá renunciar ou fazer mais concessões. Ele já aumentou, por exemplo, em 20% os vencimentos dos pensionistas. Por aqui, depois de uma resposta tacanha do governo Dilma, incluindo aí a criação do programa "Mais Médicos", algo que não fazia parte das reivindicações de 2013, houve a operação Lava Jato, o processo de impeachment e a campanha política de 2018, resultando na eleição de Jair Bolsonaro, um admirador confesso da velha ditadura, inclusive do antigo governo chileno - do general Augusto Pinochet. 


N. do A.: Por aqui, os assuntos políticos são vários, motivando reações exaltadas, mas longe da radicalização no Chile: julgamento da prisão em segunda instância no STF, a capa da revista Veja acusando o ex-presidente Lula de ter mandado matar o prefeito de Santo André em 2002, a capa da revista IstoÉ denunciando a família de Jair Bolsonaro, entre outras pautas. 

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Flamengo na final para enfrentar o River Plate

Há tempos um jogo da Copa Libertadores da América não era tão comentado quanto Flamengo e Grêmio, realizado no Maracanã. Esperava-se de tudo, menos um placar elástico. E o que aconteceu?

5 a 0 para os donos da casa!

Quem apostaria num placar assim? Nem o mais otimista dos flamenguistas! (Divulgação)

Teve gol do "Gabigol". Não apenas um, o segundo, logo no começo do primeiro tempo, mas dois, pois ele marcou também o terceiro dos cariocas, cobrando pênalti cometido por Geromel ao tentar deter Bruno Henrique. 

Aliás, foi este que abriu o placar, quando o Flamengo conseguiu respirar após certo nervosismo, com o time mais evitando as roubadas de bola do que saindo para o ataque. Houve muitas faltas e o jogo seguia amarrado no primeiro tempo. Depois de algum tempo, o atacante flamenguista marcou bem no final do primeiro tempo (42 minutos).  

Quando o Grêmio parecia perdido e sem reação, vieram mais gols humilhantes. O quarto foi feito pelo zagueiro espanhol Pablo Mari. O quinto, para desgosto de Renato Gaúcho, foi marcado por outro zagueiro, Rodrigo Caio, o mesmo ex-são paulino chamado uma vez de "zagueiro de condomínio" e visto quase como figura folclórica pela torcida do São Paulo, e não como aquele que fez parte da Seleção Olímpica, medalha de ouro em 2016.

Jorge Jesus, o técnico flamenguista, conseguiu extrair alto desempenho de seu elenco estelar. Já Renato Gaúcho até tentou se virar com um time sem tantas estrelas, a não ser Everton "Cebolinha", que não conseguiu brilhar, a não ser numa tentativa já no fim de jogo, e a temida dupla de zaga, Geromel e Kannemann, muito piores do que costumavam jogar.

Todavia, a tarefa do time sensação do Brasil atual não será fácil: enfentar o River Plate, comandado por Marcelo Gallardo, que despachou na semifinal o maior adversário, o Boca Juniors, após vencer no jogo de ida por 2 a 0 e perder por 1 a 0, passando graças ao saldo de gols. O retrospecto do time argentino é digno de respeito: sob o comando de Gallardo, foi campeão em 2015 e 2018 e semifinalista em 2017, quando perdeu para o também argentino Lanús. 

O dia 23 de novembro será inesquecível para os torcedores do mais imprevisível dos esportes. Quando o time do Flamengo superar o último obstáculo para se apossarem da taça mais cobiçada das Américas, será considerado digno de ser comparado àquela equipe de 1981, cuja estrela maior era nada menos do que Zico. Aliás, essa honraria deveria ser conquistada quando eles ganharem a taça do Mundial de Clubes, repetindo o feito daquele ano, quando o adversário era também... o Liverpool!

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Da série 'Mondo Cane', parte 61

Encontrados 39 corpos de pessoas dentro de um caminhão em Essex, Inglaterra. 

Mc Gui ganha seguidores nas redes sociais após fazer bullying com uma garotinha na Disneyworld. 

Marco Aurélio Mello manda soltar o chefe do PCC em Santa Catarina porque o STJ ainda não analisou a prisão preventiva após cinco anos. 

Russa é condenada a 13 anos de prisão por esfaquear e arrancar os olhos da própria irmã. 

Manchas de óleo no litoral do Nordeste agora ameaçam o arquipélago de Abrolhos. 

Psicopata mata um idoso de 73 anos com barra de ferro, amarra o corpo na picape e o arrasta por 2 km em Pereira Barreto.

Na Inglaterra, mulher de 55 anos vai a julgamento por decapitar um colega de trabalho com uma garrafa quebrada.

Açougue no Espírito Santo é fechado por servir carne de gato e de cachorro.

Vão mesmo fazer um filme do Batman com o Robert Pattinson como o "cavaleiro das trevas" (só para descontrair... hehehe!)


Pensamento de quem lê certas notícias, em relação à humanidade

Da série '(Des)industrialização no Brasil atual', parte 8 - Indústria farmacêutica

Um caso à parte, dentro do nicho formado pela indústria química, é o setor farmacêutico. 

Dominado pelas grandes corporações, como a já citada Bayer (no post anterior), a Eurofarma, a Roche, a Ciba-Geigy, a Pfizer, a Sanofi, a Bristol-Myers-Squibb e outras gigantes, existem brasileiras que conseguem a proeza de resistir e faturar, fabricando principalmente remédios que dispensam receita médica, como o paracetamol, e medicamentos genéricos. A EMS, a Hypera Pharma (dona de marcas famosíssimas como o Doril, o Vitasay, o Benegrip, o Engov, o Epocler e o Gelol) e a Aché são testemunhas disso. 

Ao contrário dos outros tipos de indústria, o faturamento cresce a cada ano, devido à maior expectativa de vida e à preocupação com a saúde. Embora a quantidade de remédios seja, em volume, liderada pelos genéricos, o faturamento é puxado ainda pelos fármacos novos, um negócio lucrativo mas explorado quase exclusivamente pelas gigantes. Os dados, correspondentes aos anos anteriores a 2017, podem ser lidos AQUI

Também ao contrário dos outros setores, a tendência para as empresas de remédios é de crescimento e expansão. Pelo menos, há por aqui motivos para otimismo. 

Infelizmente, porém, é um caso isolado, a exceção que confirma a regra. 

terça-feira, 22 de outubro de 2019

Breves do dia 22-10-2019

1. Finalmente aprovaram a reforma da Previdência, mas deixando de fora os Estados e municípios e a proposta de capitalização, ou seja, o brasileiro precisaria custear, ele próprio, a sua aposentadoria, e não mais as empresas, como acontece nos planos de previdência privada dos bancos. É possível que todas essas questões voltem a ser discutidas num futuro próximo, pois o rombo na Previdência, vítima da administração errática dos governos e dos esquemas de roubalheira, vai demorar para ser efetivamente coberto. 

2. Muitos analistas políticos, principalmente os ligados à oposição, temem protestos acontecendo aqui no Brasil, como ocorrem no Chile. No entanto, o modelo adotado no país andino é diferente: a Previdência é privada, com capitalização. Um dos motivos das revoltas violentas é a baixa rentabilidade desse sistema, gerando uma aposentadoria bastante inferior à dos últimos vencimentos dos trabalhadores.

3. O presidente Jair Bolsonaro está no Japão. Assistiu à entronização do imperador Naruhito, e amanhã irá se encontrar com o governante da nação, primeiro-ministro Shinzo Abe, e com empresários para tentar convencê-los a investir no Brasil. Depois, ele viaja para a China, maior parceira comercial, e em países árabes, como Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes, consumidores do frango brasileiro. A viagem dura, ao todo, 12 dias.

4. Continua o desastre ambiental nas praias do Nordeste e vários animais estão morrendo em decorrência do óleo derramado no Oceano Atlântico. Enquanto isso, a Marinha e os outros órgãos responsáveis não conseguem obter indícios da autoria desse crime. Os maiores suspeitos são navios clandestinos sem identificação e com os sistemas de localização desligados, levando óleo bruto comprado (ou roubado) de fontes fora do Brasil.

5. Começa a definição de quem vai disputar a final da Copa Libertadores da América. No momento, estão jogando Boca Juniors e River Plate, na Bombonera. O Boca precisa reverter a derrota sofrida no Monumental de Nuñez (2 a 0). Amanhã, Flamengo e Grêmio farão o jogo mais esperado do ano para os torcedores brasileiros. Como será a final? Na postagem de quinta-feira, este blog vai fazer um apanhado da disputa, a ser feita no Maracanã.

segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Inquietação política crescente na América do Sul

Não é só no Brasil e na Venezuela que está havendo uma crescente radicalização política, onde os atores políticos tentam definir mais claramente posições de "esquerda" ou de "direita". Em outros países, como o Chile, a Bolívia e o Equador a polarização está causando turbulências e abalando o status quo institucional. 

Há alguns dias, há protestos no Equador devido às tentativas liberalizantes de Lenin Moreno, ex-partidário do antigo dirigente, Rafael Correa, agora visto como traidor. A retirada dos subsídios dos combustíveis foi o estopim da reforma feita por oposicionistas e indígenas, provocando violência e a suspensão dos direitos constitucionais por parte do governo. Embora o estado de exceção seja previsto pela Constituição equatoriana, Lenin Moreno foi tachado de ditador inclusive por aqui, e considerado um presidente de "direita", acusação improcedente porque ele não saiu de seu partido, o Allianza País, signatário do "Foro de São Paulo". Houve acordo entre o governo e as lideranças indígenas, para desmentir as acusações, apoiadas pelo mais emblemático defensor das "esquerdas", o ditador venezuelano Nicolás Maduro, e também por Rafael Correa. Oito pessoas morreram durante os confrontos entre manifestantes e a polícia.

No Chile, a política econômica do conservador Sebastián Piñera é desafiada pelos estudantes e outros revoltosos, que organizaram protestos em Santiago contra o aumento no preço das passagens de metrô, que passaram a até 830 pesos (ou R$ 4,73). Houve violência, com vandalismo, incêndios e saques, e o governo chileno decretou estado de emergência para tentar forçar a normalidade na capital do país. Ao mesmo tempo, mandou suspender o aumento das passagens. Mesmo assim, os manifestantes não se acalmaram. Houve ataques em outras cidades, como Concepción e Valparaíso. A oposição, formada pelos socialistas e uma minoria de simpatizantes do "bolivarianismo" (ou, mais precisamente, do "chavismo"), não condenou a violência dos protestos, e foi acusada pelo governo de ter apoio de supostos "inimigos (do Chile)", contra os quais o presidente disse estar "em guerra".

Ontem, na vizinha Bolívia, o presidente Evo Morales concorreu a seu quarto mandato, nas eleições presidenciais. Seu principal concorrente é o ex-presidente Carlos Mesa, que ficou no poder por apenas dois anos (2003 a 2005) e foi obrigado a renunciar devido aos protestos contra os aumentos de preços do gás natural, o principal combustível e uma das fontes de renda do país. Apesar de ser visto como um dos poucos "bolivarianos" a adotar uma administração menos populista e mais competente para minorar o crônico problema da miséria no país andino, Evo estava enfrentando insatisfação principalmente na região de Santa Cruz de La Sierra, mais oriental e fronteiriça com o Brasil, mas também em Potosí,  Durante a confusa apuração dos votos, houve resultados desiguais, motivada pela metodologia adotada para uma contagem mais rápida. No final, apesar dos protestos da oposição, que denunciou fraude eleitoral, Evo foi declarado vencedor no primeiro turno antes de terminar a contagem dos votos. Há o risco de haver protestos no país.

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

Da série '(Des)industrialização no Brasil atual', parte 7 - Indústria química

Como os outros setores industriais, a fabricação de produtos químicos tem sofrido grandes transformações no Brasil, um país pujante neste caso desde meados do século passado, mas também com alguns problemas, agravados atualmente. 

No meio das gigantes multinacionais como a Bayer, a Monsanto (adquirida pela precedente), a Basf, a Du Pont, a Oxiteno, a Dow Chemical, a Akso, a Henkel, a Bünge e outras, algumas brasileiras vinham se destacando. Era o caso da Braskem, atualmente nas mãos da Odebrecht. Como todas as outras indústrias do grupo, ela também foi prejudicada pela gestão de pessoas envolvidas em corrupção, responsáveis pelos prejuízos bilionários para o conglomerado (e para o resto do país). Premidas pelas dificuldades causadas pelas incertezas na economia e por questões administrativas, houve outros casos de dificuldades financeiras (Fertilizantes Heringer) e extinções (Companhia Nacional de Álcalis, antiga estatal). Outras, como a White Martins, foram adquiridas por empresas estrangeiras. 

As poucas empresas brasileiras com destaque no mercado estão relacionadas à indústria de bens de consumo, como a Química Amparo (produtos Ypê), e à indústria petroquímica, como as subsidiárias da Petrobras. 

Há crescente importação de produtos químicos, devido ao encolhimento da produção local, e a tendência é o agravamento da situação, a não ser que haja uma reação consistente da economia e das outras indústrias, como as de metalurgia, alimentos e remédios. Segundo o Valor Econômico, no primeiro semestre houve a importação de US$ 20,4 bilhões em insumos, um aumento de 6,1% em relação ao mesmo período do ano passado. 


quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Quinta-feira do medo

Medo por parte dos defensores da Lava Jato e da punição aos corruptos a qualquer custo. O STF começa a julgar as prisões em segunda instância, confrontando duas interpretações jurídicas: prender os condenados mas garantir amplo direito a defesa e acionar os recursos para poder recobrar a liberdade, ou mantê-los soltos recorrendo às instâncias superiores. Pois a Constituição, em seu artigo 5, inciso LVII, diz que: 

"ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória"

Com base neste inciso, muitos querem a liberdade de Lula, considerado por outros o maior beneficiário do mega-esquema de corrupção que dilapidou o NOSSO DINHEIRO e levou a um clima de revolta, para desencadear a eleição mais polêmica da História recente, por causa da qual Jair Bolsonaro é o atual presidente. Para quem quer o ex-presidente e outros condenados cumprindo suas penas, o inciso não impede a vigência das prisões, ainda mais se elas forem respaldadas pelas instâncias superiores. Lula foi julgado pelo STJ, o Supremo Tribunal de Justiça. 

O STF está iniciando o julgamento que poderá selar o destino da Lava Jato e dos condenados pela segunda instância da Justiça (Fábio Rodrigues Pozzabom/Agência Brasil)

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Medo, também, espalhado entre os defensores das reformas, devido às divergências entre Bolsonaro e seu partido, o PSL. Ele sofreu nova derrota para os seguidores do chefe do partido, o deputado Luciano Bivar. 29 deputados do partido foram favoráveis a Bivar e ao atual líder do partido na Câmara, o deputado Delegado Waldir. Bolsonaro queria colocar Eduardo Bolsonaro neste cargo, mas fracassou. Ele ainda não desistiu de colocar o filho para ser embaixador nos Estados Unidos. 

Recentemente, Bivar foi alvo de uma operação na Polícia Federal, por causa de um suposto envolvimento dele no esquema de exploração de "candidaturas laranjas". Os partidários de Bolsonaro também são alvo dessas acusações, mas não foram atingidos. Desconfia-se da ingerência do presidente na PF, para lesar seu atual desafeto. 

Esta briga enfraquece o PSL como protagonista das reformas no Congresso, e beneficia o "Centrão", a difamada massa de parlamentares sempre vista como oportunista, corrupta e defensora de seus próprios interesses, mesmo se isso prejudicar seus eleitores e o país como um todo. 

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Medo é o sentimento de muitos paulistas, principalmente em Campinas e região, provocado por uma quadrilha que aterrorizou o Estado, roubando uma empresa de valores dentro do Aeroporto de Viracopos, baleando dois seguranças e interditando o trânsito da Rodovia Santos Dumont com o uso de carretas em chamas. Os ladrões, durante a fuga, entraram em confronto com a polícia. Dois deles foram mortos, mas o bando era enorme, e se espalhou. Um dos criminosos invadiu uma residência próxima, fez uma mulher e sua filha de apenas 10 meses de reféns e a polícia teve que recorrer a um sniper para matar o bandido e salvar as reféns. Infelizmente, a mulher também foi ferida por estilhaços do disparo, e não corre grandes riscos. O bebê saiu fisicamente ileso, mas a violência pode deixar sequelas psicológicas. 

Até o momento a Polícia está à procura dos outros criminosos e do dinheiro roubado. Espera-se que esses valores sejam recuperados. Os paulistas ainda estão esperando devolverem os 720 kg de ouro roubados no Aeroporto de Cumbica, meses atrás, outro crime terrível, com potencial de alimentar o chamado "poder paralelo", ameaça ao Brasil e ao resto do mundo.

quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Fernanda Montenegro faz 90 anos

Não é comum uma pessoa atingir 90 anos com saúde e disposição, ainda mais se ela for famosa e tem um currículo invejável como grande artista e profissional. 

Parabéns, Arlete Pinheiro da Silva! 

Ou melhor: Fernanda Montenegro!

 

terça-feira, 15 de outubro de 2019

Soluções para os problemas do Brasil passam por um caminho

Há problemas demais no Brasil, aparentemente difíceis de resolver, desde a corrupção até o analfabetismo, passando por n outras coisas. 

Por n entende-se: um número natural tão grande quanto se possa imaginar. 

Impunidade, violência, criminalidade. Agressões ao meio ambiente e à língua portuguesa. Desemprego e baixa produtividade. Tratamento da política como se fosse uma partida de futebol. Ignorância profunda e falta de interesse no conhecimento. Vulnerabilidade social e dependência em relação ao Bolsa Família. Notas baixas nas escolas e no rating soberano do país. Doenças de carência convivendo com enfermidades próprias de países ricos. Falta de tratamento de esgotos. Desperdício de alimentos enquanto milhares passam fome ou comem mal. Inadimplência nas famílias. Juros altíssimos nas dívidas e ridículos nos investimentos. Desconhecimento do cálculo desses juros no nosso cotidiano. Falta de respeito e noções de cidadania. Impunidade. Desvalorização da cultura. Desabamentos de prédios e barragens. Outras tragédias causadas por erros humanos ou dolo. Dificuldade em cantar o Hino Nacional por não saber o significado das palavras. Corrupção e facilidade em criar fraudes. Leis permissivas e confusas. Populismo. Pessimismo em relação ao futuro... 

Para solucionar tantos e tão graves problemas, há soluções, mas elas não são fáceis nem imediatas. Todas elas passam pelo trabalho de alguns profissionais que merecem ser valorizados. 

São os PROFESSORES. 

Sem eles, não há como as crianças e adolescentes aprenderem a lidar com as dificuldades da vida e contribuírem para a melhoria de todos os problemas citados acima e vários outros subentendidos por falta de espaço e de tempo. 

Foram os profissionais de ensino os protagonistas no desenvolvimento de vários países que antes eram pobres, como Cingapura e Coreia do Sul. 

A formação de trabalhadores competentes, em qualquer área do conhecimento, passa pelo ensino nas escolas técnicas, faculdades e universidades, onde a presença de gente preparada para ensinar é fundamental. 

Transmitir conhecimentos e habilidades é um nobre ofício, pois forma cidadãos plenos e capazes. 

Este é mais um artigo sobre o Dia do Professor. Sem mais palavras, pois elas não são suficientes para mostrar o devido respeito a esta categoria profissional.

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Santa Dulce

Ontem houve a canonização de Irmã Dulce pelo papa Francisco em Roma, introduzindo mais uma santa entre poucos representantes brasileiros a serem venerados pelos fieis católicos. 

Santa Dulce dos Pobres (1914-1992)

A agora Santa Dulce dos Pobres nasceu há pouco mais de um século, em 1914, em Salvador. Dedicou sua vida a ajudar os pobres e necessitados da cidade, sendo responsável por várias instituições de caridade, como o Hospital Santo Antônio. Recebeu a visita de outro santo canonizado recentemente, o papa João Paulo II, durante sua visita ao Brasil em 1980. Foi indicada para o Nobel da paz em 1988, sendo uma das brasileiras mais próximas de conquistar o até agora inédito prêmio da Academia, mas perdeu para as Forças de Manutenção da Paz da ONU. Muito doente, faleceu em 1992. 

Desde então, os devotos do "anjo bom da Bahia" fizeram a Igreja Católica iniciar um dos mais rápidos processos de canonização nos últimos anos, só perdendo para João Paulo II e Madre Teresa de Calcutá. Durou apenas 27 anos. Neste tempo, dois milagres foram reconhecidos: o estancamento de uma hemorragia em uma mulher, Cláudia Cristina dos Santos, em 2001, e a recuperação da visão de um músico que sofria de glaucoma por 14 anos e, em 2014, rezou em nome de Irmã Dulce para aliviar as dores de uma conjuntivite. 

Em uma cerimônia na Santa Sé, a religiosa baiana foi canonizada juntamente com outros quatro beatos, todos relativamente recentes: John Henry Newman (1801-1890), Margherita Bays (1815-1879), Giuditta Vannini (1859-1911) e Mariam Thresia Chiramel Mankidiyan (1876-1926). 

Os cinco novos santos consagrados em Roma, no dia 13 de outubro deste ano; Irmã Dulce é a primeira à esquerda (Divulgação)

Como não poderia deixar de ocorrer, políticos brasileiros formaram uma comitiva para ir a Roma, assistirem à cerimônia. Alguns, como o ex-presidente José Sarney e o procurador-geral da República, Augusto Aras, disseram ter pago as despesas do próprio bolso, enquanto o vice-presidente Hamilton Mourão, o presidente do STF Dias Toffoli e outras autoridades se valeram do direito (assegurado pela Constituição) de gastar o NOSSO DINHEIRO na viagem.

sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Charge: Bolsonaro, representante do nosso Brasil, não consegue entrar na OCDE

Desculpe, senhor! Não há lugar para mais ninguém! (Desde que a Argentina entrou)

quinta-feira, 10 de outubro de 2019

Da série '(Des)industrialização no Brasil atual', parte 6 - Motores, geradores e veículos

Continuando a parte sobre a indústria metal-mecânica, ainda há o setor de motores e geradores, para o aproveitamento das diversas fontes de energia disponíveis. Atrelados a eles, ainda há o setor de veículos. 

Infelizmente, este nunca foi um terreno muito fértil para a indústria brasileira. Os grandes fabricantes são, em geral, estrangeiros. 

Na parte de motores a combustão, que transformam líquidos inflamáveis em energia mecânica, além dos fabricados pelas montadoras de veículos, como a Volkswagen, General Motors, Fiat, Ford, Renault, Toyota, Honda, Yamaha e outros, temos ainda a MWM (antes alemã, mas agora nas mãos da Navistar, americana) e a britânica Perkins no mercado de propulsores a óleo diesel. A Agrale é a única empresa nacional com poder para competir com estas gigantes. 

A situação do mercado de motores elétricos é melhor. Há diversos fabricantes no mundo, mas existem empresas nacionais que dominam boa parte do mercado, como a Weg e a Nova. A Eberle também disputava o mercado, mas o grupo Voges, que controlava a empresa desde a aquisição em 2013, entrou em falência recentemente, há dois meses atrás. 

Também dominado pelas transnacionais, o mercado de geradores de energia, para fornecimento de eletricidade, já foi mais favorável para as empresas brasileiras. A Stemac ainda resiste, mas a Leon Heimer faliu em 2018. Multinacionais como a alemã Deutz e a MWM, entre outras, aumentaram sua participação no mercado. 

Por fim, o conhecido mercado de veículos. Já houve uma empresa brasileira notável, a saudosa Gurgel. Agora apenas a Agrale fabrica veículos em pequena escala. O resto é dividido entre as poderosas montadoras cujas marcas foram citadas na parte de motores a combustão. Menção honrosa para as fabricantes de carrocerias para ônibus e veículos comerciais, como a Marcopolo e a Induscar (Caio).

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Nobel de Química para os criadores das baterias de lítio

Esta semana há as premiações do Prêmio Nobel, e um deles, o de Química, foi concedido hoje, para o trio de pesquisadores responsável pelo desenvolvimento das baterias de lítio, velhas conhecidas dos usuários de smartphones

O primeiro a analisar as propriedades do metal lítio como armazenador de energia foi o americano Stanley Wittingham, na década de 1970, durante a crise do petróleo. Primeiro, ele desenvolveu uma bateria com lítio metálico como ânodo (polo negativo, que sofre oxidação), tendo como cátodo (polo positivo) o dissulfeto de titânio. Obteve certo sucesso, mas logo notando o pouco potencial do elemento em seu estado elementar, muito instável quimicamente, isto é, sujeito a explosões. 

John B. Goodenough retomou as pesquisas e empregou o óxido de lítio, fornecedor de íons, desenvolvendo um protótipo em 1980 com os dois polos feitos com o material, permitindo a troca mútua de cargas e a possibilidade de recarga por fonte de energia externa; ele estava com 58 anos na época, logo recebeu o Nobel, agora, com 97 anos, tornando-se o ganhador mais idoso da História.

Mais tarde, em 1985, o japonês Akira Yoshino empregou coque de petróleo no ânodo, material capaz de armazenar íons de lítio, tornando a bateria mais durável.

Nos dias anteriores, foram concedidos pela Academia Sueca os prêmios de Medicina (segunda), pelas pesquisas sobre afinidade das células pelo oxigênio e a adaptação dos organismos a diferentes concentrações desse gás, e os de Física (terça), pelo estudo sobre o Universo após o Big bang e as técnicas para a descoberta de exoplanetas.

Amanhã, é a vez de descobrir quem ganha o Nobel de literatura. Sexta-feira, o prêmio mais esperado - o da Paz. O prêmio especial de Economia ficará para a próxima segunda. 


N. do A.: No Brasil, país com a "proeza" de não ter Nobel algum, há interesse maior no pré-sal e na repercussão da rixa entre o presidente Jair Bolsonaro e seu próprio partido, o PSL, do que nos prêmios da Academia.

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Pia Sundhage ajeita o time


Os amistosos da Seleção feminina mostram um time mais focado no comando de Pia Sundhage; espera-se como elas irão atuar em torneios como a Olimpíada de 2020 (Daniela Porcelli/CBF)

Esqueçamos os amistosos da Seleção masculina, verdadeiros caça-níqueis sem valor. Os jogos da Seleção feminina parecem mais válidos como teste, e eles mostram boas notícias. 

Com a sueca Pia Sundhage, o time não foi derrotado. Conseguiu golear a Argentina por 5 a 0 e vencer a Inglaterra por 2 a 1, algo que nunca aconteceu antes. 

Agora, venceram as polonesas por 3 a 1, na Suzuki Arena (apesar so nome, fica na Polónia). A veterana Formiga fez um dos gols, e também Tamires e Debinha. Neste jogo, Marta não participou. 

Para terminar a avaliação das canarinhas, falta ver como elas se saem em jogos oficiais. Não irá demorar muito: haverá o Torneio da China em novembro. 



N. do A. 1: A equipe de ginástica artística feminina não irá disputar as Olimpíadas em Tóquio. Elas tiveram um desempenho ruim, e tudo piorou ainda mais com a lesão no joelho de Jade Barbosa, que precisará ficar um bom tempo longe das quadras. Flávia Saraiva é a única atleta dessa modalidade garantida para Tóquio. É uma péssima notícia para o esporte brasileiro. 

N. do A. 2: Estas notícias não chamam tanto a atenção quanto a política, e por bons motivos. O WhatsApp confessou ter permitido a enxurrada de fake news durante as eleições de 2018, enquanto Jair Bolsonaro acena com a saída do PSL, causando irritação em alguns membros do partido, como o Major Olímpio. Além disso, o BNDES sugeriu indiciar Lula e Dilma pelos gastos bilionários feitos para financiar obras no exterior. Por falar neles, o jornal Gazeta do Povo, do Paraná, está divulgando os gastos com os cartões corporativos: Lula esbanjou dinheiro com diversas bebidas e rabada bovina, enquanto Dilma gastou com passeios de lancha, camarões e filé mignon; o jornal ainda vai divulgar os gastos feitos por Michel Temer.

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Começa o sínodo da Amazônia


O Papa Francisco abre o sínodo da Amazônia no Vaticano (Daniel Ibañez)

O sínodo da Amazônia começou ontem, e irá se estender até o dia 27, reunindo bispos e cardeais católicos em torno da delicada situação dos indígenas.

Na presença dos seus subordinados, o papa Francisco defendeu o respeito aos povos da Amazônia e alertou sobre as ideologias empregadas na aculturação deles. Fez a comparação do "fogo de Deus" (citando o livro do Êxodo; Ex 3, 2) com o fogo que devasta a floresta. 

Sua posição agrada aos progressistas, é vista com reservas pelos moderados e irrita os tradicionalistas, que veem a atuação do papa como "permissiva" e "herética". 

Por aqui, os bolsonaristas veem a reunião como mais uma interferência em assuntos do Brasil, despida de maior sentido religioso. Os ultra-tradicionalistas da TFP, aliados do presidente, consideram o papa como um heresiarca comunista e inimigo do governo brasileiro. 

Para os defensores da Amazônia, o sínodo, que não pode ser visto como um gesto de má vontade contra Bolsonaro (pois foi definido muito antes das eleições de 2018), e pode ser mais uma chance de conscientização sobre a importância da maior cobertura vegetal do mundo. A Amazônia precisa ser preservada e estudada, respeitando a soberania dos países, a cultura dos povos locais, a necessidade de exploração mais racional de suas riquezas minerais e biológicas. 


N. do A. 1: No dia 13 de outubro, durante a vigência do Sínodo, o papa Francisco irá canonizar Irmã Dulce, conhecida na Bahia e em todo o resto do Brasil por suas obras de caridade e cuidado para com os doentes e os pobres. É a primeira santa nascida no Brasil independente. Frei Galvão nasceu em solo brasileiro, quando este ainda era uma colônia, morrendo pouco depois da Independência. Os demais nasceram na Europa, inclusive Madre Paulina, de origem italiana.

N. do A. 2: Enquanto há a preocupação com as queimadas na Amazônia, outra catástrofe ecológica é enfrentada pelo Brasil: a enorme mancha de óleo que contamina o litoral dos nove estados do Nordeste e compromete projetos de preservação como o Tamar, responsável pelas tartarugas marinhas. Vários animais já morreram por causa do crime ambiental, e a atividade pesqueira está prejudicada. Mais de 100 toneladas de petróleo bruto foram recolhidas, e segundo fontes oficiais ele não é de origem brasileira.

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Rapidinhas

1. O presidente Jair Bolsonaro teve motivos para comemorar a queda da violência no Brasil. Foram 22,6% a menos de mortes violentas nos sete primeiros meses de 2019, em relação ao mesmo período do ano passado.

2. Todavia, a sensação de impunidade não cessa. A PF indiciou o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, acusado de participar de um esquema para validar candidaturas laranjas do seu partido, o PSL. Bolsonaro, membro desse mesmo partido, não vai tirá-lo do cargo.

3. Certos procuradores usaram o pretexto deixado por Rodrigo Janot para deixarem aflorar suas tendências sociopatas. Um deles esfaqueou uma juíza e alegou ser influenciado pelo ex-procurador geral da República, que confessou ter pensado em matar o ministro Gilmar Mendes, do STF.

4. Hoje faz 60 anos que um rinoceronte, Cacareco, foi "eleito" vereador em São Paulo, como protesto contra o sistema eleitoral. Muitos comparam o animal com o atual presidente, o que é uma ofensa. Para o finado paquiderme.

5. Também hoje foi o dia do metal no Rock in Rio, com Iron Maiden. Scorpions, Sepultura, Anthrax, Megadeth e Chuck Billy, integrante do Testament. Muita gente foi sacudir a cabeleira, com um gênero que não pode faltar no evento organizado por Roberto Medina. 

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Um dia de visita numa cadeia de um país fictício

TELEVISOR DENTRO DA CADEIA: I am becoming a victim of a coup! A COUP!!

VISITANTE: Epa! Epa!

PRISIONEIRO: Companheira, é mesmo um absurdo! Ninguém merece ouvir uma coisa dessas!

VISITANTE: Não mesmo! 

PRISIONEIRO: O mandatário maior deste mundo...

VISITANTE: Protesto!

PRISIONEIRO: Calma, companheira! Não precisa ficar brava, porque alguém tão importante falou um palavrão desses! É só isso que eu entendi...

VISITANTE: Não, companheiro! Ele diz que está se tornando vítima de um golpe! "Coup" não é aquela palavra feia. É golpe, em inglês.

PRISIONEIRO: Golpe é palavrão em qualquer parte do mundo! Eh! Eh!

VISITANTE: Eu é que fui vítima de um golpe! Eu era a presidenta legítima!

PRISIONEIRO: Eu sei, eu sei...

VISITANTE: Preciso tomar umas providências!

PRISIONEIRO: O que você vai fazer, minha cara? Você tem é que continuar a provar a minha inocência, junto com os outros companheiros...

VISITANTE: Como ex-presidenta, vou processar aquele gringo por plagiar a minha frase!

GUARDA: É mais fácil a senhora conseguir provar a inocência do prisioneiro com todos os processos nas costas dele do que ganhar o processo contra o mister Trump. Fim da visita!

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Da série '(Des)industrialização no Brasil atual', parte 5 - O setor de máquinas e ferramentas

As indústrias de máquinas e equipamentos são consideradas produtoras de bens intermediários ou de capital, dependentes principalmente da metalurgia (bens de produção) e cujos clientes são também industriais, ligados aos bens de consumo. 

Por máquinas entende-se todo o conjunto ordenado de peças mecânicas para a produção de outros bens. Isso inclui as chamadas máquinas operatrizes, como prensas, tornos, fresadoras, retificadoras e aplainadoras, e também bombas, betoneiras, guindastes, compressores, macacos hidráulicos e equipamentos destinados a fins específicos, como misturadoras de ingredientes para tintas ou para produtos alimentícios. 

Um caso particular são as máquinas agrícolas, como os tratores, colheitadeiras, motosserras e roçadeiras. Elas são destinadas principalmente ao agronegócio, embora os equipamentos menores também se destinem aos consumidores comuns. Destacam-se empresas como a Agrale e a Tatu Marchesan.

As ferramentas são auxiliares na produção de bens e na manutenção dos equipamentos citados acima. Abrangem desde as chaves de fenda e alicates, que dependem fundamentalmente da aplicação de uma certa quantidade de força ou pressão exercida diretamente pelo operador, até as ferramentas elétricas e pneumáticas, que podem ser consideradas como máquinas portáteis e dependem de pequenos motores internos, geralmente elétricos.

Motores e geradores serão abordados em outra postagem.

Já houve uma variedade bem maior de empresas desta área, as quais prosperaram entre o governo Vargas e a ditadura militar. Muitas pequenas fabricantes de máquinas para determinados fins, embora juntas empregassem intensivamente mão de obra, ao lado de grandes corporações para a produção de ferramentas, como é o caso da Bosch, da Makita, da Black & Decker, da Starrett, da Gedore. Também havia mais fabricantes de peças para máquinas: engrenagens, polias, correias, rebolos (ferramentas feitas de material abrasivo para lixar e polir), rolamentos, etc. 

O setor sentiu fortemente as graves crises ao longo do tempo. Houve fechamento de estabelecimentos, enquanto outros foram adquiridos por corporações de maior porte. Enfim, a "mortalidade" de indústrias foi bastante severa. 

A Tramontina e a Romi são algumas das indústrias nacionais sobreviventes de destaque.

terça-feira, 1 de outubro de 2019

Orgulho e vergonha de setembro (e mais um caso de 'Vergonha mundial')

Como é praxe em todo início de mês, este blog vai selar os destaques, tanto positivamente quanto negativamente. 

Quem ganhou o prêmio de 'Orgulho Nacional' foram, mesmo, as equipes que pesquisam os efeitos da memantina na doença de Chagas, mal ainda incurável e fazedor de muitas vítimas no Brasil. 


Em sentido horário, a partir do canto esquerdo superior, os pesquisadores Prof. Dr. Ariel Silber, Profa. Dra. Flávia Damasceno, Prof. Dr. Cláudio Marinho e Prof. Higo Fernando Souza, alguns dos responsáveis pela pesquisa sobre a memantina, publicada no mês passado na revista PLOS - Neglected Tropical Diseases

Agora, quem conseguiu se destacar, mas da pior forma, foi o procurador de Minas Gerais que ousou chamar de "miserê" o salário de R$ 24 mil, pago mensalmente com o NOSSO DINHEIRO. 

O procurador Leonardo Azevedo dos Santos ousou reclamar de um "miserável" salário de R$ 24 mil...

Finalmente, quem merece mesmo levar o pior dos selos, o da "Vergonha Mundial", é o tratamento dado por criminosos e estúpidos em relação à Amazônia. Os desmatamentos e as queimadas aumentaram demais, comprometendo seriamente a imagem do país no exterior, com consequências nefastas contra o nosso agronegócio, que precisa ser louvado como gerador de riquezas para o Brasil, principalmente os empreendedores capazes de conciliar produção com sustentabilidade. 

O Brasil e o presidente Jair Bolsonaro passaram vergonha no mundo devido ao aumento nas queimadas