segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Inquietação política crescente na América do Sul

Não é só no Brasil e na Venezuela que está havendo uma crescente radicalização política, onde os atores políticos tentam definir mais claramente posições de "esquerda" ou de "direita". Em outros países, como o Chile, a Bolívia e o Equador a polarização está causando turbulências e abalando o status quo institucional. 

Há alguns dias, há protestos no Equador devido às tentativas liberalizantes de Lenin Moreno, ex-partidário do antigo dirigente, Rafael Correa, agora visto como traidor. A retirada dos subsídios dos combustíveis foi o estopim da reforma feita por oposicionistas e indígenas, provocando violência e a suspensão dos direitos constitucionais por parte do governo. Embora o estado de exceção seja previsto pela Constituição equatoriana, Lenin Moreno foi tachado de ditador inclusive por aqui, e considerado um presidente de "direita", acusação improcedente porque ele não saiu de seu partido, o Allianza País, signatário do "Foro de São Paulo". Houve acordo entre o governo e as lideranças indígenas, para desmentir as acusações, apoiadas pelo mais emblemático defensor das "esquerdas", o ditador venezuelano Nicolás Maduro, e também por Rafael Correa. Oito pessoas morreram durante os confrontos entre manifestantes e a polícia.

No Chile, a política econômica do conservador Sebastián Piñera é desafiada pelos estudantes e outros revoltosos, que organizaram protestos em Santiago contra o aumento no preço das passagens de metrô, que passaram a até 830 pesos (ou R$ 4,73). Houve violência, com vandalismo, incêndios e saques, e o governo chileno decretou estado de emergência para tentar forçar a normalidade na capital do país. Ao mesmo tempo, mandou suspender o aumento das passagens. Mesmo assim, os manifestantes não se acalmaram. Houve ataques em outras cidades, como Concepción e Valparaíso. A oposição, formada pelos socialistas e uma minoria de simpatizantes do "bolivarianismo" (ou, mais precisamente, do "chavismo"), não condenou a violência dos protestos, e foi acusada pelo governo de ter apoio de supostos "inimigos (do Chile)", contra os quais o presidente disse estar "em guerra".

Ontem, na vizinha Bolívia, o presidente Evo Morales concorreu a seu quarto mandato, nas eleições presidenciais. Seu principal concorrente é o ex-presidente Carlos Mesa, que ficou no poder por apenas dois anos (2003 a 2005) e foi obrigado a renunciar devido aos protestos contra os aumentos de preços do gás natural, o principal combustível e uma das fontes de renda do país. Apesar de ser visto como um dos poucos "bolivarianos" a adotar uma administração menos populista e mais competente para minorar o crônico problema da miséria no país andino, Evo estava enfrentando insatisfação principalmente na região de Santa Cruz de La Sierra, mais oriental e fronteiriça com o Brasil, mas também em Potosí,  Durante a confusa apuração dos votos, houve resultados desiguais, motivada pela metodologia adotada para uma contagem mais rápida. No final, apesar dos protestos da oposição, que denunciou fraude eleitoral, Evo foi declarado vencedor no primeiro turno antes de terminar a contagem dos votos. Há o risco de haver protestos no país.

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