Vivenciamos um paradoxo na vida de cada brasileiro. Nunca o destino de uma nação ficou tão determinado pela vontade de um preso condenado.
O desembargador plantonista Rogério Favreto, do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da Quarta Região), que já foi militante petista, acolheu pedido de habeas corpus da defesa do ex-presidente Lula, e mandou Sérgio Moro, que está em férias, soltá-lo. O juiz de primeira instância de Curitiba disse que ele, "com todo o respeito, é autoridade absolutamente incompetente". Não estava questionando a competência jurídica de Favreto, mas apenas dizendo que ele não devia decidir a soltura. Por suas palavras serem consideradas "insultuosas", Moro foi alvo de críticas e até de um pedido formal para mandar prendê-lo por desobediência. Não há dúvidas de ter havido falta de tato e precipitação do juiz de Curitiba, e ele saiu do episódio ainda mais visto como parcial.
Depois, o relator da Lava Jato no TRF-4 João Pedro Gebran Neto disse que a decisão do colega era nula, e Lula deve seguir preso. Favreto confirmou a ordem de soltura. O presidente do tribunal Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz acabou com as disputas e determinou que o ex-presidente deve continuar preso. Durante este tempo, Lula permaneceu em sua cela na Polícia Federal, enquanto a militância petista se agitava.
Este episódio foi tratado como mais um capítulo da crise institucional vivida pelo Brasil, inclusive pela imprensa estrangeira. Por causa dessa e de outras decisões tomadas por quem dita os rumos do Brasil, vamos fatalmente ter um período de grande turbulência, que não terminará com 2018. Talvez nem em 2022, quando terminaria o mandato do presidente a ser eleito. Os efeitos podem, aliás, ir bem além disso.
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