quarta-feira, 11 de julho de 2018

Da série Copa do Mundo 2018, parte 28 - Zebra indesejável para a Inglaterra (e a Rússia)

No segundo jogo das semifinais desta Copa do Mundo cheia de surpresas, a Inglaterra, uma das favoritas para ser a campeã, devido à ótima campanha feita pelos comandados de Gareth Southgate, foi eliminada da corrida para levar a taça. Pela Croácia, que também fez uma campanha muito elogiável, mas não era cotada. 

Os croatas vinham de duas disputas por prorrogação bastante duras, terminadas por pênaltis. Primeiro, foi contra a Dinamarca. Depois, contra a anfitriã Rússia. Por isso, a torcida local passou a odiar o time croata, ainda mais porque representa um país onde seu governo é aliado da Ucrânia, inimigo da Rússia, e possui também sérias rusgas contra a aliada dos russos, a Sérvia. 

Por outro lado, politicamente o governo inglês é hostil ao Kremlin, e os dois países chegaram perto de uma ruptura diplomática depois da tentativa de assassinato de um espião dissidente em terras britânicas pela substância Novichok, e a morte de uma cidadã britânica pelo mesmo agente nervoso. 

Mesmo assim, os russos compareceram ao estádio Lujniki, esquecendo o fator político e se concentrando no futebol. Torciam por Harry Kane e companhia e vaiaram o time dos Balcâs, principalmente o zagueiro Vida, autor de comemorações suspeitas de serem pró-Ucrânia e a favor do nacionalismo croata. Viram uma equipe forte nas marcações, sem medo de cometer faltas e ainda prejudicada pela arbitragem fraca do turco Cuneyt Cakir. A Inglaterra havia vencido a Suécia num grande jogo, sem a necessidade de prorrogação, mas não lembrava aquele time na fase semifinal. Pareciam ansiosos e os atacantes, sobretudo Kane, foram bem marcados. 

Depois de abrir o placar com Trippier, os ingleses não conseguiram ampliar o marcador para um placar mais tranquilizador, e no segundo tempo os croatas voltaram mais aguerridos, empatando com Perisic. O resultado levou o jogo para mais uma prorrogação. Exaustos, os balcânicos, ainda assim, mostraram fibra e não deixaram os rivais ameaçarem Subasic. Mandzukic, extenuado, teve forças para marcar o gol da virada, e a comemoração chegou a "esmagar" um fotógrafo com uma horda de jogadores felizes. O maior artilheiro da Copa e seus companheiros não conseguiram fazer um gol capaz de levá-los aos pênaltis, e o jejum de títulos se estende por mais atrozes quatro anos - são até agora 52, desde aquela polêmica final em 1966, na Copa da Inglaterra. A Croácia não existia como país naquela época: era uma província da então Iugoslávia. Só obteve a independência em 1991, sendo uma das mais jovens nações do mundo. 

Uma nação tão jovem já tinha uma boa campanha em 1998, com a geração de Davor Suker. Vinte anos depois, chegou a uma final pela primeira vez, para encarar a França. 

Mandzukic só conseguiu fazer um gol agora, o decisivo contra a Inglaterra (Carl Recine/Reuters)

A zebra se manifesta de novo, mas ela deve tomar cuidado, pois ela está a favor de uma nação rival na política internacional russa, e isso pode ser interpretado como uma dissidência!

Só resta ao time inglês, sobre o qual se depositou esperanças de glória pelos torcedores da ilha, disputar o terceiro lugar com a Bélgica, com o sério risco de perder a contenda e encerrar sua campanha de forma melancólica. Quanto à Seleção da CBF, ficou um gosto amargo de lamentar suas próprias limitações, a atuação decepcionante de Neymar e estar privada de disputar a vaga no lugar da Bélgica e da França, pois a Croácia era considerada uma freguesa - foi batida na estreia da Copa de 2014 por 3 a 1 e também num amistoso recente, mas quem disse que não poderia, por exemplo, sucumbir diante de um time capaz de superar tantas dificuldades para chegar à final, e que não pode ser mais apontado como aquela equipe que veste "toalha de mesa quadriculada"?

E o indefectível torcedor mais ilustre da Inglaterra, líder dos Rolling Stones e pé-frio crônico Mick Jagger esteve lá para torcer. Desta vez seu "poder" de dar azar se manifestou nas semifinais, bem quando o time estava próximo de ir às finais depois de mais de meio século!

C'mon England! (Getty Images)

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