domingo, 15 de julho de 2018

Da série Copa do Mundo 2018, parte 30 - Uma campanha francesa na Rússia que deu certo

Em 1812, Napoleão Bonaparte, o imperador dos franceses, quis invadir a Rússia para mostrar seu poder, e iniciou uma campanha fracassada, resultando no começo da sua ruína. 

206 anos depois, Didier Deschamps e seus comandados iniciaram uma nova campanha francesa, pacífica, na Rússia. Ao contrário de Napoleão, foram bem sucedidos. 

Enfrentaram times como a Argentina de Messi, o Uruguai de Suárez e a Bélgica de Hazard, e venceram todos. Na final, encararam o surpreendente time da Croácia, exemplo de resistência, força física e mental, que vinha de batalhas terríveis contra Dinamarca, Rússia e Inglaterra. 

Foi um grande jogo, embora prejudicado fortemente pela arbitragem do argentino Néstor Pitana, que deu falta inexistente em Griezmann, que cobrou e fez um gol com a ajuda de Mandzukic, o herói da semifinal transformado em vilão na final. Perisic empatou, para mostrar que não se abateram. Um pênalti duvidoso feito pelo mesmo Perisic, que tocou a bola com o braço (não intencionalmente, pelo visto), foi marcado com a ajuda do VAR e convertido por Griezmann. No segundo tempo, após breve interrupção por causa de invasão em campo de duas militantes da Pussy Riot (grupo feminista radical), os franceses voltaram melhores e trataram de legitimar uma vitória potencialmente contestável, com um gol de Pogba. Giroud, o camisa 9 que não fez gol, passou em branco e foi substituído - provavelmente vai ser mais ridicularizado do que louvado como os outros - e Mbappé deu trabalho demais aos croatas, selando o destino da Copa. Lloris fez uma das piores defesas da Copa no gol de Mandzukic. 

No final, 4 a 2 para a França. Bicampeã mundial.

Kylian Mbappé foi o principal nome da Copa na Rússia (Shaun Botterill/Getty Images/Fifa)

Devido à sua campanha memorável, a melhor em apenas 27 anos de existência do país, os croatas também foram aclamados, e receberam o carinho da presidente Kolinda Kitarovic, que compareceu à cerimônia de entrega junto com o colega francês Emmanuel Macron. O capitão e líder da Seleção croata, Luca Modric, foi escolhido como o craque da Copa, em mais uma decisão mais política do que técnica por parte da Fifa. Muitos torciam por Mbappé ou Hazard. O belga ficou em segundo lugar e Griezmann, em terceiro. Courtois foi o melhor goleiro, Néstor Pitana foi considerado o melhor árbitro (atuou bem nos outros jogos, mas foi horrivelmente ruim na final), Harry Kane levou a Chuteira de Ouro por sua artilharia - 5 gols - apesar da Inglaterra não conseguir seu objetivo. Durante a cerimônia, houve uma chuva forte, não a ponto de estragar a festa.

Modric foi considerado o melhor jogador da Copa, mas o que ele queria mesmo era o título, obviamente (Shaun Botterill/Getty Images)

Quem fez história no futebol foi o jovem Kylian Mbappé, o astro do Paris Saint-Germain com apenas 19 anos. Em sua primeira Copa, foi um dos destaques e escolhido a revelação, com justiça. Fez também algo só feito por Pelé: marcar gol numa final antes dos 20 anos. Promete ser um tormento para os adversários do PSG e da seleção francesa, quando chegar ao auge da sua técnica. 

Foi um jogo apoteótico para uma Copa do Mundo excelente. Antes, fizeram uma cerimônia de encerramento rápida, porém bem melhor que a abertura. Will Smith cantou, Ronaldinho Gaúcho apareceu tocando tambor e o lobo Zabivaka chorou, imitando o ursinho Misha das Olimpíadas de Moscou. 

Ninguém (ou quase) esperava por Ronaldinho Gaúcho na cerimônia de encerramento (Divulgação/Rede Globo)
O choro de Zabivaka (Divulgação/Rede Globo)
Voltaremos a falar de Copa apenas em 2022, prometendo mais atuações do VAR, muito sofrimento (e também ceticismo, descrença, críticas e, talvez, alegria) por causa da Seleção da CBF, e uma porção de memes, como aquele do russo misterioso, o "feiticeiro de Samara" Yuri Torsky.

Quem irá ser o torcedor marcante da Seleção em 2022, no Catar? Alguém parecido com o Bin Laden? (Divulgação, pelo jornal Extra)

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