sexta-feira, 27 de julho de 2018

Sinais de decadência do futebol no Brasil?

1. Luiz Felipe Scolari, o famoso técnico da Seleção Brasileira na "Copa da Vergonha" e principal responsável pelo estapafúrdio 7 a 1 tomado da Alemanha, foi contratado pelo Palmeiras após a demissão da "eterna promessa" entre os técnicos, Roger Machado. Felipão é um caso de treinador "ultrapassado" (sic) com alta procura enquanto os jovens promissores, como Roger e Jair Ventura, ex-Santos, não conseguem os resultados esperados pelos clubes e perdem o emprego.

2. Neymar aparece em público, mas não é para tentar melhorar sua imagem, fortemente manchada pela sua atuação na Copa do Mundo na Rússia e sendo comparado com os bufões da Idade Média por suas quedas, simulações, firulas e gritos aparecerem mais do que o seu inegável faro por gols. Ele foi para uma competição de... pôquer. 

3. O Brasileirão e a Copa do Brasil são eventos patéticos onde os ratos conseguem mais destaque que os jogadores, cujos times têm desempenhos mais irregulares do que a trajetória da Bovespa. O Cruzeiro, por exemplo, conseguiu perder de um semi-dissolvido Corinthians (que vende jogadores até para o futebol egípcio, como é o caso de Rodriguinho) por 2 a 0 mesmo contando com um elenco bem superior. 

4. No futebol feminino, a situação é ainda pior: a Seleção ainda não se livrou da dependência de Marta e foi engolida pela Austrália na estreia do Torneio das Nações, nos Estados Unidos, com placar de 3 a 1. O time não consegue evoluir: após a demissão de Vadão, foi colocada Emily Lima, que não fez milagres e deu lugar novamente a Vadão, mostrando que a CBF não tem um rumo para esta modalidade.

E os velhos problemas persistem: amadorismo na gestão dos clubes, falta de incentivos à formação de novos atletas (não só ao futebol), excessiva influência política e dos empresários de jogadores, torcidas organizadas violentas, ineptocracia corrupta na CBF... por conta disso, veremos por muito tempo a hegemonia europeia nos campeonatos internacionais e na Copa do Mundo. 

Contra um cenário desses, não adianta nada dar murros na mesa nem urrar de fúria. Muito menos "sentar no meio-fio" e "chorar lágrimas de esguicho", como escreveu Nelson Rodrigues, um apaixonado pelo futebol de seu tempo, quando o romantismo e certa inocência se mesclavam com malandragem nos dribles e havia aparente disponibilidade de craques que não recebiam nem um décimo do salário de uma estrela atual e não se davam ao luxo de se comportarem como divas. Quando o Brasil era o país do futebol e agora passa vergonha em qualquer área de atuação, não só no esporte. 

Mas vamos esquecer a "síndrome de vira-lata" (outro termo rodrigueano) e ter esperança de progresso neste cenário de aparentes bolas furadas. Só nos resta tocarmos a vida, já que não podemos melhorar o futebol e nem o futebol tem condições de nos melhorar - só despertar os instintos mais primitivos, para muitas pessoas.

Deixemos as mudanças do futebol para quem tem a responsabilidade de fazer isso: os profissionais, empresários e dirigentes da área.



N. do A.: A permanência de Tite como comandante da Seleção da CBF também indica uma mudança, mas para melhor: não é possível mais punir um técnico como se ele fosse o único responsável por um fracasso; deve-se lembrar que não contamos mais com talentos de sobra, e a crise desencadeada pela Copa de 2014 requer um planejamento de longo prazo; por outro lado, se ele não ficasse, quem assumiria? 

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