quinta-feira, 5 de julho de 2018

Embraer e Boeing finalmente selam o acordo

Para os nacionalistas, a joint-venture entre Embraer e Boeing é uma tragédia pior do que a Seleção Brasileira tomar de 7 a 1, 49 a 1, 343 a 1, ou qualquer outro placar extravagante, numa Copa do Mundo. Mas analistas menos emotivos dizem que era a saída para a sobrevivência operacional da empresa brasileira, privatizada em 1994 mas ainda com uma golden share (ação que dá poder de veto) do governo. 

O acordo não significa a fusão da Embraer com a Boeing, pelo menos não a curto prazo (Eric Piermont/AFP)
Além disso, a joint-venture não é considerada uma fusão propriamente dita. A Embraer não vai ser comprada pela Boeing, apenas haverá uma nova empresa com capital majoritariamente da gigante americana, restrita ao setor comercial civil. O setor militar, considerado estratégico para as Forças Armadas, será a princípio bem menos afetado, embora houvesse parceiras entre as duas partes do negócio em 2012, na fabricação de aviões cargueiros militares. 

Isso não tranquiliza a muitos, que temem novas investidas da Boeing para se apropriar do know-how da Embraer, principalmente no setor militar, e transferir plantas industriais do Brasil para os Estados Unidos. 

Não faltará quem culpe os governos da Nova República por falta de visão estratégica e investimentos em pesquisas e tecnologia, causa do desaparecimento de muitas empresas de capital nacional, fusão de várias outras, e consequente perda de milhares ou até milhões de empregos qualificados. Mas outros irão apontar outros problemas, como falta de uma política decente para a educação formal e condições para o Brasil se tornar menos burocrático e mais atrativo para os investidores. Isso quando não defendem visões xenófobas e anticapitalistas. Mas agora não adianta ficarmos de "mimimi": o negócio foi selado, e só o governo brasileiro poderá desfazê-lo.


N. do A.: Este dia ficou marcado também pelo afastamento do ministro do Trabalho Helton Yomura por suposta participação em fraudes de registros sindicais, apurada pela Lava Jato. Yomura foi indicado pelo PTB por influência de Roberto Jefferson, pois sua filha Cristiane Brasil foi rejeitada após intensa pressão política contra ela, motivada pelo comportamento escandaloso dela. A decisão veio não pelo Executivo, mas pelo Judiciário, monocraticamente, pelo ministro Edson Fachin.

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