Desta vez a torcida brasileira teve realmente motivos de angústia. Não exatamente por Neymar, que mais uma vez fez um gol, não foi "cai cai" e jogou coletivamente, mas não deixou de fazer um drama pouco convincente após levar um pisão - não tão forte como dizem - do mexicano Layún no seu pé operado e fazer o jogo ficar interrompido por quatro minutos. Mas porque o México realmente jogou para vencer, e isso gerou uma dificuldade muito grande para a Seleção nos primeiros 23 minutos. Depois os canarinhos cresceram no jogo, embora não a ponto de ameaçar seriamente o temível goleiro Ochoa, o mesmo que, em 2014, conseguiu segurar os brasileiros. O primeiro tempo em Samara fez muita gente ficar apreensivo. E a defesa desta vez teve muito trabalho. Teríamos outro 0 a 0?
Não era possível isso se repetir num mata-mata, pois o Brasil poderia se dar muito mal nas prorrogações ou, principalmente, nos pênaltis. Então no segundo tempo a postura dos comandados de Tite melhorou. Neymar foi perigoso pela esquerda, e Willian, melhor do que nas partidas anteriores, armava as jogadas pela direita. Houve o gol do astro marrento, e depois o teatro, que exigiu a intervenção do VAR, o famigerado árbitro de vídeo. Após a não punição de Layún, Tite substituiu Philippe Coutinho, desta vez não tão decisivo, por Roberto Firmino. O número 20 aproveitou um passe de Neymar para fazer o segundo gol, e matar o sonho dos mexicanos. Faça-se justiça: eles nunca estiveram tão agressivos e técnicos. Jogaram como nunca e perderam como sempre. E, pela entrevista do técnico Juan Carlos Osório, ex-treinador do São Paulo, e das manifestações de alguns jogadores mexicanos, não souberam assimilar a derrota e descontaram suas frustrações em Neymar ("vergonha para o futebol", teria dito Osório, sem citar o nome do atacante) e na arbitragem. Só contribuíram para dar mais holofote a um jogador ávido por protagonismo, embora brilhante.
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Neymar voltou a polemizar, mas foi o nome do jogo. Willian também foi bem. Mas, onde esteve Gabriel Jesus? (Carlos G. Rawlins/Reuters) |
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Neymar conseguiu vencer a "muralha" Ochoa, e o astro maior do México, Chicharito, sumiu |
Roberto Firmino acertadamente é usado como o boneco das oitavas na matrioska do blog, embora Neymar e Willian fossem os nomes do jogo. Isso porque um dos dois vai representar a fase final.
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Brasil já tinha ido para as oitavas... |
E entramos nas quartas-de-final, sempre lembrando que não se pode subestimar o adversário da próxima fase, seja ela a poderosa Bélgica ou o surpreendente Japão.
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... e agora está nas quartas |
E deu Bélgica! Mas foi num sofrimento muito maior do que esperavam. A zebra ameaçou aprontar de novo e os belgas subestimaram a força nipônica. Não era mais aquele time dos anos anteriores. Perdeu da Polônia com um time misto, classificou-se mesmo assim e jogou contra Lukaku, Hazard, Meunier, De Bruyne, Kompany, com o time descansado. Abriram o placar após um primeiro tempo equilibrado mas sem gols com Haraguchi e depois com Inui. Isso desencadeou uma reação do técnico Roberto Martínez para evitar o desastre. Colocou Chadlí e o folclórico Fellaini, e eles corresponderam. Os belgas foram à luta. Fizeram um gol com o zagueiro Vertonghen, e depois Fellaini empatou. A seleção nipônica recusou-se a se render mesmo cedendo o empate, e queria ir pela primeira vez na fase das quartas-de-final. Mas Chadlí, nos acréscimos, espantou a zebra no último contra-ataque, e os japoneses voltaram mais cedo para casa, não sem vender caro a derrota. 3 a 2 em Rostov-sobre-o-Don, em partida memorável. Para a Seleção da CBF, a reação do time vencedor para reverter a desvantagem de 2 a 0 não é exatamente uma boa notícia, mas os homens de Tite mostraram hoje que podem enfrentar e vencer mais este desafio.
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Fellaini contribuiu para a Bélgica avançar, e agora eles estão no caminho do Brasil! (Reuters) |
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