segunda-feira, 30 de junho de 2014

Da série 'Copa no Brasil - parte 23' - Europeus x Africanos

Hoje se viu uma disputa entre os países europeus e os africanos. A França foi pegar a Nigéria e a Alemanha, a Argélia. 

Apesar da menor tradição em futebol, os africanos conseguiram fazer os europeus sofrerem. 

No primeiro jogo, a França só conseguiu fazer gols no final do segundo tempo. Até então a Nigéria conseguia segurá-los e até fez um gol impedido e corretamente anulado. O clima de Brasília favorecia os representantes do continente negro. Depois da substituição de Giroud por Griezmann, os franceses pressionaram melhor. Pogba fez aos 34 minutos. Quando o jogo já estava decidido a favor dos enfants de la patrie, Yobo conseguiu piorar as coisas para a Nigéria, desviando a bola para as redes. Com este resultado, o "fantasma" francês está em rota de colisão com o Brasil nas semifinais - se os colombianos não organizarem um 'Castelazo' no estádio do Castelão. 

Com a Alemanha, no estádio Beira-Rio, a situação ficou ainda mais complicada. Contra a Argélia, pressionou bastante, mas não conseguiu marcar o gol, e ainda viu os rivais jogando melhor do que de costume. Com o placar zerado, a partida foi para a prorrogação, o que ninguém esperava. No sufoco, os representantes do deutscher fussball-bund conseguiram o gol pelos lances de Müller e Schürlle, aproveitando-se da distração na defesa argelina. Mesmo assim, os rivais não quiseram voltar para o Saara mais cedo e resistiram bravamente, tentando aproveitar a apatia de um time que os subestimou. Ozil fez a diferença e ampliou, mas os argelinos não se renderam e fizeram o gol de honra bem no final. Resultado: vitória de um favorito com gosto de zebra. A Argélia vendeu caríssimo a derrota e quis se vingar de 1982, quando foi eliminada por um empate combinado entre alemães e austríacos na fase de grupos.

Com estas partidas, os africanos se despedem da Copa 2014. Só restam representantes de dois continentes: Europa e América.

França e Alemanha irão se enfrentar nas quartas-de-final, e o vencedor será um representante do Velho Continente nas semifinais para pegar o Brasil (ou a Colômbia...) no Mineirão. O retrospecto parece equilibrado, com uma vitória para cada lado (França em 1958 e Alemanha, em 1986) e um empate em 1982. Será um duelo duro no Maracanã.

domingo, 29 de junho de 2014

Da série 'Copa no Brasil - parte 22' - Duas lutas

Hoje foi um dia de equilíbrio entre os jogos. Um deles foi marcado pela grande presença dos dois times. Já o outro foi o que se esperava de dois azarões. 

No primeiro jogo, o México justificou em parte por que conseguiu segurar o Brasil, e ainda por cima fez um gol no início do segundo tempo (naquele jogo a partida terminou zerada), quando Giovani marcou. Por quase todo o tempo final o time latino-americano estava na frente e tentou segurar a ofensiva neerlandesa. Sneijder empatou o jogo aos 42 minutos do segundo tempo, e Huntelaar, cobrando um pênalti aos 46 minutos, virou o jogo. Não houve chances para Ochoa, o goleiro conhecido pela atuação contra o Brasil. Com sacrifício e enfrentando o calor do Castelão, em Fortaleza, os holandeses avançaram para as quartas-de-final. 

O outro foi a disputa pelas zebras. A Costa Rica não mostrou o futebol visto na fase de grupos e sofreu contra a Grécia, criticada por seu jogo excessivamente defensivo. Depois de um primeiro tempo que despertava a questão "Como eles conseguiram avançar com um futebol desses?", no segundo os times melhoraram. Bryan Ruiz aproveitou uma brecha no sistema defensivo grego e marcou. Os gregos tentaram reagir e explorar os contra-ataques. A expulsão de Duarte facilitou as coisas. Conseguiram um gol de Papastathopoulos e poderiam ter vencido na prorrogação, mas tudo acabou decidido, mesmo, nos pênaltis. Os costarriquenhos cobraram bem. Já os gregos só falharam na quarta cobrança, graças a Navas. Com isso, o sonho grego virou ruínas, e a grande zebra da Copa voltou a ser, incontestavelmente, a seleção da América Central. 

Só há lugar para um azarão nas quartas! (Justin Bowen/National Geographic)

Holanda e Costa Rica vão se enfrentar nas quartas-de-final. Caberá ao time europeu tentar parar um time que nunca foi tão longe na história das Copas.

Da série 'Copa no Brasil - parte 21' - Brasil avança no sufoco sem 1950 no caminho

Desde 1990 a classificação para as quartas-de-final nunca esteve tão ameaçada. O Brasil jogou mal, desfigurado, uma caricatura do que poderia ser. Já os chilenos foram valentes, apesar de também mostrarem suas limitações.

Neymar mostrou sinais de cansaço e os marcadores rivais não o deixaram em paz. Aos 28 minutos, ele recebeu uma falta, e das feias, de . Seus companheiros de ataque Hulk e Fred erraram feio e poderiam ter provocado um verdadeiro 'Mineirazo' se Júlio César, o goleiro, não estivesse em boa fase. Mas vou falar dele depois.

O Brasil fez um gol logo aos 18 minutos, com David Luiz, que deixou de ser um quarto zagueiro para virar atacante. Depois, permitiu a reação chilena ao recuar demais, e pagou caro por esse erro, quando Sánchez aproveitou erros da defesa (digna de preocupação) e principalmente de Hulk, que foi "ajudar" o quarteto David Luiz, Thiago Silva, Marcelo e Daniel Alves. Hulk ainda faria um gol irregular, devidamente anulado pois ele tocou a bola com o braço.

Devido ao empate, veio as temidas prorrogações, e o episódio mais destacado foi o chute de Jara. Bateu na trave, o que poderia fazer a zebra entrar em campo e acabar com a "freguesia". Os chilenos aproveitaram para fazer catimba e segurar o resultado.

Conseguiram o mínimo: levar a disputa para os pênaltis. Thiago Silva estava se comportando de maneira estranha: sentou na bola e pediu para não cobrar, como se estivesse em pânico. David Luiz foi o primeiro a cobrar, e converteu. Júlio César defendeu o chute de Pinilla. William cobrou mal.

O responsável pelo gol chileno Sánchez cobrou bem, mas aí veio o goleirão, que se consagrou.

 Júlio César salvou o Brasil e evitou o desastre no Mineirão, mas o sonho do hexa ainda corre perigo (AFP)

Marcelo fez o seu, seguido por Aranguiz. Hulk mostrou toda a sua má fase e comprometeu o Brasil novamente. Díaz contribuiu para o clima de um possível 'Mineirazo', mas aí veio Neymar, e mesmo apagado no jogo não comprometeu.

Jara foi o responsável pela última cobrança. A bola explodiu na trave, e o Brasil avançou, para grande tristeza dos chilenos, mais uma vez derrotados, e desta vez sadicamente.

Neymar, Thiago Silva e outros choraram histericamente, como se tivessem surtado. O pior já passou, mas o mundo viu a que ponto a seleção chegou.

Só restava ao Brasil aguardar quem iria enfrentá-lo nas quartas-de-final. O risco era o fantasma de 1950 retornar, com o Uruguai, e muitos temiam que a história iria se repetir, dado o desempenho apresentado da Seleção.

No entanto, a Colômbia contribuiu para espantar essa possibilidade. Sem Suárez, os uruguaios foram presa fácil para os rivais, e derrotados por 2 a 0, gols de James Rodríguez, o "Neymar colombiano". Não haverá Brasil x Uruguai, e o time dos Andes vai para as quartas-de-final pela primeira vez, com boas chances de ir mais longe, se houver pelo menos duas dessas cinco condições:

- Neymar for neutralizado como foi neste sábado;

- o time brasileiro ficar excessivamente recuado;

- má pontaria de Hulk e Fred;

- Júlio César não repetir o desempenho na partida contra o Chile;

- o capitão Thiago Silva mostrar descontrole emocional de novo.

Ou seja, com o futebol apresentado pela Colômbia até agora, o sonho do hexa pode virar um pesadelo e a zebra zurrar de novo na sexta-feira, em Fortaleza. 

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Um candidato para "bagunçar" a disputa

Por enquanto ele é visto como uma figura folclórica da política, algo como um Enéas sem barba e com mais cabelo. O sujeito é um pastor, categoria discriminada até mesmo pela patrulha politicamente correta, que neste caso deixa a cartilha de lado para ridicularizar sem perdão uma crença. Para piorar tudo, está filiado ao PSC, um daqueles inúmeros partidos nanicos, que ainda abriga o polêmico e histriônico pastor Feliciano, ex-líder da Comissão pelos Direitos Humanos que perdeu muito tempo brigando com o patrulhamento ideológico e nada conseguiu fazer de notável, ficando com a pecha de homofóbico, racista e obscurantista. 

Quem está acompanhando o processo eleitoral, iniciado há muito tempo pelo governo e acompanhado pela oposição, analisa também este candidato. Muita gente flerta com os valores tradicionais cristãos, como a inviolabilidade da família e a não aceitação de "modernismos" como o aborto, a homossexualidade e as práticas contraceptivas. Para eles, Dilma é uma aberração vermelha. Eduardo Campos, também, porém um pouco menos ameaçador. Aécio Neves é também considerado "esquerdista", assim como todos os tucanos. Sobrou, então um candidato alternativo. 

É o Pastor Everaldo, da Assembléia de Deus, vice-presidente nacional do PSC. 

O Pastor Everaldo (PSC) pode incomodar bastante os rivais

Elogiado pelos colunistas da tal "lista negra" do PT, elaborada por setores em conflito com a imprensa que não diz amém aos atos do governo (este é um assunto que vou abordar no próximo intervalo entre os jogos da Copa), ele não precisa usar a verborragia e as idéias ultranacionalistas e neofascistas do finado Enéas. Só precisa falar idéias em sintonia com o conservadorismo e a democracia liberal: um Estado enxuto e sem tantos ministérios e cargos ditos "de confiança", valorização da família tradicional, reforma tributária, concentração dos gastos estatais com saúde, segurança e educação. 

Logicamente ele não pode ser visto como um candidato que vá resolver todos os problemas, mesmo porque isso não existe nem mesmo nos Estados Unidos e nas democracias modernas da Europa e da Ásia. É mais uma opção de voto para o eleitor escolher. 

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Da série 'Copa no Brasil - parte 20' - Fase de grupos termina com mais um astro da Copa indo embora, e mais uma zebra

A zebra contou com ajuda valiosa, de um jogador que vai ser lembrado por muito tempo. 

Trata-se de Argélia e Rússia. Os russos eram favoritos, e trataram de marcar no começo do jogo, aos 10 minutos, com jogada de Kerzakhov e Ozorin. Como precisaram da vitória, trataram de segurar os argelinos o mais que puderam. Por outro lado, o representante da África mostrou novamente por que não está na Copa à toa e tratou de intimidar os adversários. O gol só veio no segundo tempo, aos 14 (60) minutos, com Slimani, chutando uma bola fácil que o já conhecido goleiro russo Akinfeev não soube defender - de novo. 

Outra falha grotesca que custou a vaga dos russos. Não adiantou nada a eficiência em segurar a ofensiva argelina, pois eles não foram para o ataque. O empate deu a vaga à Argélia, que pela primeira vez vai disputar as oitavas, enfrentando a Alemanha. 

Por falar neles, os sempre fortes alemães derrotaram a seleção dos Estados Unidos com um gol de Thomas Muller, aos 8 minutos do segundo tempo. Os americanos queriam vencer, e os rivais não deixavam, desmentindo os rumores de "jogo de compadres" na Arena Recife. Outra prova de disputa "de verdade" foi a inclusão de Klose logo depois do intervalo, mas ele não fez gol. A chuva atrapalhou bastante os dois times. Com a vitória, a Alemanha avança em primeiro lugar, e os Estados Unidos também se classificaram. 

Quem salvou os Estados Unidos foi Portugal, que se aproveitou mais da crise na seleção ganesa do que do talento de Cristiano Ronaldo. 

Uma briga envolvendo Boateng e Muntari, dois dos principais jogadores do time, contra a comissão técnica, e ameaça de greve do elenco abalaram a concentração do time, que precisava ganhar de Portugal para conseguir a vaga e manter a tradição de sempre avançar nas Copas das quais disputou. Os dois responsáveis foram suspensos. Depois disso, de forma algo folclórica, os dirigentes mandaram vir para cá um avião cheio de dinheiro para pagar os jogadores. Por um milagre, esse avião não foi assaltado. Mesmo assim, os ganeses não corresponderam. Foram displicentes, principalmente Boye, que fez gol contra e abriu o placar a favor dos lusitanos. Gyan consertou o erro do colega e empatou, mas deixaram Cristiano Ronaldo fazer o que queria: um gol no fim do jogo. 

A vitória de Pirro marcou a despedida de Portugal da Copa. Mais uma vez um favorito deu adeus. E a vaga ficou mesmo com um time sem destaques mas competente, os Estados Unidos, que vão pegar a Bélgica. 

Esta tinha a fama de ser uma sensação na Copa, mas fez um futebol tão burocrático contra a Coréia do Sul que chegou a irritar muita gente no Itaquerão, que teve de sediar mais um jogo ruim. Muitos comemoraram a expulsão de Defour, imaginando que a Coréia do Sul iria reagir para conseguir uma vaga. O jogo ficou ainda mais feio. Os coreanos não conseguiram vencer a defesa belga, mesmo esta desfalcada. Jan Verthongen fez um gol no final, mas não diminuiu o desejo, até de alguns anti-americanos contumazes, de ver uma vitória "ianque" contra os belgas nas oitavas-de-final. 

Essa fase só começa no sábado, com Brasil x Chile às 13h e Colômbia x Uruguai às 17h. Aliás, nossos possíveis rivais (ou não) estão desfalcados de Suárez, que recebeu uma pena draconiana de nove jogos, pela Fifa. É a pena mais dura (e exagerada) já aplicada em Copas. A mordida custou caro demais ao "vampiro".

Depois, é a vez de Holanda x México e a pitoresca disputa entre Costa Rica e Grécia. Segunda, tem França x Nigéria e Alemanha x Argélia. Finalmente, terça encerra a fase com uma das partidas mais interessantes  - Argentina x Suíça - além de Bélgica x Estados Unidos. 

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Enquanto isso...

O STF já está sentindo os efeitos da presidência de Ricardo Lewandowski e do novo relator do mensalão, ministro Luís Roberto Barroso. Eles negaram prisão domiciliar a José Genoíno, mas permitiram que José Dirceu faça trabalho externo. Neste último caso, somente o decano Celso de Mello votou contra. 


No Legislativo, o senador José Sarney resolveu não mais se candidatar à presidência do Senado e acena com a aposentadoria. Ele teme uma derrota, já que não possui mais o apoio de antes e está idoso (84 anos). Para quem achava que ele não ia nunca deixar a vida pública, este é um sinal de que os pessimistas podem estar errados.

A presidentA Dilma está perdendo o apoio do PTB, antigo aliado nestes 12 anos de petismo. Em compensação, os adesistas PP, PR, PSD e PMDB continuam na base. Tudo na base dos entendimentos políticos, leia-se promessas de cargos e coligações, em troca de alguns minutos na campanha eleitoral. Cresce a convicção de que um único mandato para Dilma está sendo mais que suficiente.

Fora do Brasil, as facções sunitas estão aterrorizando o Iraque, e o governo de coalizão chefiado por Nouri Maliki está relutando na idéia de nova intervenção americana, e desta vez o Irã está disposto a intervir para ajudar a população xiita, maioria no país vizinho. Há risco de conflito em toda a região, lembrando que o Iraque é vizinho da Síria, onde a guerra civil continua a fazer milhares de mortes.

Não muito longe dali, o conflito na Ucrânia parece estar longe de uma solução e Putin parece esconder parte do jogo para não fazer da Rússia um pária internacional. O governo russo quer que Kiev cesse as hostilidades contra os rebeldes do leste, na região de Donetsk, sem uma contrapartida por parte destes. Não quer, porém, apoiar explicitamente as aspirações separatistas.

Finalmente, temos uma notícia mais amena: descobriram uma estrela anã constituida de carbono, em forma de diamante. É absolutamente impossível explorar uma riqueza dessas, pois o astro está a 900 anos-luz de distância da Terra.

Da série 'Copa no Brasil - parte 19' - O brilho de Messi e o apagão de Benzema

Mais uma vez deixou clara a dependência do time argentino em relação a Messi. Ele foi o responsável por 2 dos 3 gols feitos pelo time, um logo no comecinho do jogo, para assustar os nigerianos, e outro nos acréscimos do primeiro tempo. Por outro lado, a defesa mostrou ser um ponto fraco dos argentinos, pois levaram 2 gols de um time sem inspiração. Rojo, que também fez o seu gol, foi o destaque, mas seus companheiros não mostraram a mesma categoria. A torcida estava praticamente em casa, lotando o Beira-Rio, a cerca de 700 km da fronteira Brasil-Argentina. 

Messi mostra seu talento no jogo contra a Nigéria e empata com Neymar em número de gols nesta Copa (Diego Vara/RBS)

No outro jogo do grupo F, o Irã mostrou toda a sua fragilidade diante da Bósnia, que se despediu do Mundial com uma vitória convincente. O estádio Fonte Nova, desta vez, não viu uma chuva de gols. Foram 3 a 1 para uma partida considerada desinteressante. Por outro lado, o limitado time iraniano conseguiu fazer um gol no final, de Ghoochannedjhad (argh! que sobrenome...). Ele era pior até que a Grécia em qualidade no ataque. Os gols bósnios foram de sobrenomes igualmente estranhos para os brasileiros: Dzeko, Pjanic, Vrsajevic. 

Também não houve nenhuma surpresa no jogo entre a Suíça e Honduras, pelo grupo E. Os suíços não tiveram dificuldade para vencer a equipe mais fraca do grupo, por 3 a 0, todos os gols feitos por Shaqiri, mais um do cosmopolita elenco suíço por ser descendente de kosovares, e considerado um dos melhores jogadores do time. Os hondurenhos confirmaram a fama de serem sacos de pancadas, e se despedem da Copa. Mesmo sofrendo com o calor da Amazônia, que não sediará mais nenhum jogo (para alívio dos times europeus), os representantes do país dos queijos e dos relógios avançam para as oitavas. 

Surpresa mesmo é a França, mesmo com Benzema, não conseguir fazer gols no Equador, mesmo beneficiados pela expulsão de Valência. O goleiro Dominguez não deixou passar nenhuma bola, e os franceses não tinham a mesma fome de gols de antes. Nem mesmo o maior craque deles, que estava apagado.

Sofreram demais com a retranca equatoriana, principalmente a atuação de Erazo, que neutralizava Benzema, as defesas de Dominguez e o calor do veranico carioca. Jogaram apáticos, mesmo porque não precisavam de uma vitória para serem os líderes do grupo. Os equatorianos também não se esforçaram muito.

Quanto aos brasileiros que assistiram a tudo, a sensação era mais uma vez de dinheiro jogado fora. Nada de gols. Mais um zero a zero nesta Copa!

Como resultado, os franceses saem um tanto desacreditados, e o Equador se tornou o único sul-americano a cair fora do Mundial. 

A Suíça vai pegar a Argentina para tentar deter Messi com seu jogo retrancado e valorização das marcações. Já a tarefa da França será derrotar a Nigéria, algo aparentemente bem mais fácil, para ver se consegue apavorar o Brasil, já que eles podem se encontrar nas semifinais. Muitos tem medo, muito medo, de isso acontecer, mas outros já descobriram as limitações de um time que também depende de um craque - no caso, Benzema.

terça-feira, 24 de junho de 2014

Da série 'Copa no Brasil - parte 18' - A maior zebra da Copa avança (e não é a Costa Rica), e o fantasma de 1950 continua a rondar

Este foi outro dia memorável da última rodada na Copa do Mundo no Brasil. Viu-se cinco times, dos grupos C e D, disputarem apenas duas vagas. 

Às 13h, nos dois jogos do grupo D, Itália e Uruguai disputaram uma vaga, enquanto a Inglaterra tentava sair da Copa com dignidade. 

Neste último caso, não deu: o jogo ficou num amargo 0 a 0, com Inglaterra um pouco melhor e a Costa Rica pior do que antes, quando até há pouco, para um placar desses, acontecia o oposto. O time centro-americano só se preocupou em segurar o resultado, enquanto os ingleses tentavam fazer um gol. A Brazuca ficou quadrada. 

Com Uruguai e Itália, a bola não estava muito mais redonda. Jogo truncado, feio de assistir. Houve mais uma expulsão, e injusta ainda por cima, pois o italiano Marchisio cometeu uma falta não tão violenta assim para merecer a expulsão. O gol só veio depois, aos 35 minutos do segundo tempo (81 minutos), o de Godin, para o Uruguai. Com o fim da partida, termina a história do "grande grupo da morte", e as vítimas foram os europeus.

Porém, mais do que o gol que mandou os outrora poderosos tetracampeões do mundo de volta para casa, e pela segunda Copa seguida na fase inicial, falou-se muito da mordida de Luiz Suárez em Giorgio Chiellini. Na ocasião, o árbitro Marco Rodriguez, da Colômbia, não viu, mas as gravações foram mandadas para a Fifa. Caso o dentuço mordedor seja punido, mesmo que com apenas um jogo de suspensão, o Uruguai corre risco de desmoronar na fase seguinte, porque ele está para o time como Neymar para o Brasil, talvez até mais decisivo. Com ou sem Suárez, o vizinho do sul ainda terá de passar pela Colômbia, que merece respeito, antes de uma possível partida com o Brasil nas quartas, para tentar reviver o desastre de 1950. 

Suarez e seus temíveis dentes ajudou o Uruguai a manter o fantasma de 1950 no caminho do Brasil - mas pode ser suspenso por morder Chiellini (Foto de 2013 em jogo contra o Peru nas Eliminatórias - Leo La Valle/EFE)

No segundo horário, jogaram os integrantes do grupo C. A Colômbia sofreu um pouco com a pressão japonesa, mas no final deu a lógica, e massacrou os nipônicos por um contundente 4 a 1, um aviso para o Uruguai. 

Porém, o jogo mais interessante ficou para Costa do Marfim e a Grécia. Os africanos tinham Drogba, e os gregos, nada. Nem mesmo alguém capaz de fazer um gol nas duas partidas anteriores. São duas equipes que participaram três vezes de Copas e até agora nunca passaram de fase. Parecia um jogo definido, mas o futebol desafia a lei das probabilidades. Os europeus e seu jogo apagado cresceram na partida final e conseguiram segurar a ofensiva africana. Samaris abriu o placar e outro grego de sobrenome parecido, Samaras, converteu um pênalti (contestado por muitos, pois foi marcado nos acréscimos - 47 minutos do segundo tempo) que deu a vitória aos helênicos. A Costa do Marfim só conseguiu fazer um gol, de Bony, aos 29 minutos do segundo tempo. Foi insuficiente para salvar os marfinenses do fiasco. 

É mais uma ZEBRA na Copa. Os gregos conseguiram a proeza de serem os maiores azarões, tirando a Costa Rica. Dificilmente haverá outro time menos esperado para as oitavas. Por ironia, eles e os costarriquenhos se enfrentaram, em um duelo improvável. Um deles irá para as quartas-de-final, proeza inimaginável para 99% dos que acompanham este torneio. 
A briga das zebras nas oitavas-de-final está definida: Costa Rica x Grécia (The Grosby Group)

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Da série 'Copa no Brasil - parte 17' - Brasil nas oitavas

Confirmou-se o previsto: o Brasil classificou-se para as oitavas-de-final em primeiro lugar do grupo, mas outra vez dependendo do talento de Neymar. 

Nesta terceira rodada começa a haver quatro jogos, com dois horários. Cada horário será jogado por membros apenas de um grupo. Assim, hoje jogaram os grupos A (17h) e B (13h). Chile e Holanda jogaram no Itaquerão. Espanha e Holanda, na Arena da Baixada. Croácia e México lutaram pela vaga na Arena Recife. Por fim, o Brasil contra Camarões no Mané Garrincha, estádio de Brasília. 

Sim, houve goleada. Porém, mesmo o 4 a 1 sobre a já eliminada seleção de Camarões não convenceu a todos. Mostrou a fragilidade do sistema de defesa quando o time africano fez seu gol solitário, após o primeiro gol de Neymar (o centésimo da Copa), e por alguns minutos o Brasil levou sufoco. Enquanto isso, o México empatava com a Croácia por 0 a 0. Caso Camarões virasse o jogo, o Brasil estacionava nos quatro pontos. A Croácia ia a quatro também, com saldo de gols melhor, e o México, a cinco. 

Este era um ambiente para os adeptos da eliminação comemorarem. Paulinho e, até certo ponto, Fred, contribuíam para isso. As limitações de Camarões e a presença de Neymar mostraram a fragilidade dessa situação. O camisa 10 canarinho fez mais um aos 35 minutos, e se tornou o artilheiro deste Mundial, com quatro gols (o quarto gol de Benzema para a França contra a Suíça não foi validado, como já foi postado aqui).

Depois, já no início do segundo tempo, Fred foi oportunista e  calou os críticos com um gol. Neymar, muito visado e contundido após uma dividida forte, foi substituído por William. O Brasil, a esta altura, já estava melhor, graças a Fernandinho, que substituiu Paulinho. Ele foi o autor de quarto gol, que trouxe alívio, pois o México estava ganhando da Croácia por 3 a 0. O time europeu fez seu gol de honra aos 41 minutos do segundo tempo, garantindo o primeiro lugar para o Brasil e o segundo para o México.

Foi bom de ver? Até certo ponto, mas a dependência de Neymar pode custar caro ao Brasil.

 Neymar foi o "salvador da pátria" (Clive Brunskill/Getty Images)

A Seleção vai enfrentar mesmo o Chile, segundo do grupo B, que perdeu da Holanda em uma partida para disputa de posição - ambos estavam classificados - e os neerlandeses fizeram dois gols (Fer e Depay) no segundo tempo. Com isso, vão pegar o México. O Chile até que deu trabalho para a Holanda, e mostrou que não será fácil de bater. Muitos apostam que a velha freguesia pode ser rompida nas oitavas de final. 

Ah! Não se pode esquecer da Espanha, que goleou a Austrália por 3 a 0 e diminuiu o vexame. Villa e Fernando Torres finalmente fizeram gols. Voltam para a Espanha que já tem novo rei, Felipe VI.

domingo, 22 de junho de 2014

Da série 'Copa no Brasil, parte 16' - Três a caminho do desastre

Este foi o último dia da segunda rodada, acabando, hoje, o turno de três jogos. Neste domingo, a única coisa garantida é a classificação da Bélgica para as oitavas de final. Porém, três seleções passaram a depender de si e de outros resultados para escaparem: Rússia, Coréia do Sul e Portugal. Sim, Portugal ainda não vai seguir o caminho da Espanha e da Inglaterra.

O primeiro foi a Rússia. Em um jogo terrível de se ver, marcado pelas vaias de uma torcida com sentimento de dinheiro jogado fora para comprar o ingresso no Maracanã, belgas e russos não saíam do zero, até que Origi, bem no final do jogo (88 minutos, ou 42 do segundo tempo), marcou. Isso não melhorou os ânimos de boa parte dos 70 mil torcedores, mas salvou a Bélgica, que está garantida nas oitavas de final. A Rússia soma apenas um ponto e ficou de olho no jogo seguinte. 

Coréia do Sul e Argélia foi o próximo jogo, no Beira Rio. A escassez de gols no Maracanã contrasta com a abundância no segundo jogo. A Argélia surpreendeu e expõs as falhas na defesa coreana. Fez 4 gols, de Slimani, Halliche, Djabou (nesta ordem, aos 26, 28 e 39 minutos) e, no segundo tempo, Brahmini. A Coréia, em compensação, fez dois, com Soung Heung Min no início do segundo tempo e, mais tarde, Jacheol, quando o time do Saara já havia feito seus quatro gols. Com três pontos, a Argélia tem boas chances de avançar para as oitavas. O time da Coréia tem sérios riscos de fazer as malas no próximo jogo, se não vencer a Bélgica. 

Portugal estava em situação pior do que os dois times ameaçados anteriores. Foi goleado pela Alemanha e precisava vencer os Estados Unidos na Arena Amazônia. Conseguiu marcar primeiro, com Nani, aos 5 minutos. Passou a maior parte da partida na frente, mas precisava ampliar o placar. Não conseguia, e os americanos também passaram a arriscar. Cristiano Ronaldo não estava satisfeito com a função de armar as jogadas de ataque. Aos 18 minutos da etapa final, Jermaine chutou forte e empatou. Os portugueses passaram a se desesperar, mas a situação piorou aos 36 minutos, quando Dempsey aproveitou a falha na defesa lusa e virou o jogo. 

O técnico do time português, Paulo Bento, parecia aterrorizado pela possibilidade de eliminação. Depois do jogo, a situação não melhorou muito (Reuters)

Com a possível zebra, as chances de Portugal morriam. Mas a arbitragem argentina deu (excessivamente) generosos 5 minutos de acréscimo, quando o time português pressionava desesperadamente. Cristiano Ronaldo e Varela salvaram o time, aos 49 minutos. Um empate que tirou a chance dos EUA se classificarem hoje e parece adiantar pouco para os lusitanos. Os empates de ontem e hoje tornaram a vida dos quatro integrantes do grupo G, inclusive a Alemanha, bastante dura. Este grupo se tornou mais agressivo do que o grupo D, onde só dois (Uruguai e Itália) disputam uma vaga. Portugal ainda está vivo, mas na mórbida situação de um condenado ao enforcamento salvo no momento da execução. Varela "cortou a corda".

sábado, 21 de junho de 2014

Da série 'Copa no Brasil - parte 15' - Jogos disputados

Quem esperava vitórias fáceis de Argentina e Alemanha neste dia teve surpresas. Os dois times sofreram para enfrentar Irã e Gana, respectivamente. 

No primeiro jogo, diante de um Mineirão lotado de torcedores, o time sul-americano teve de contar com Messi para evitar mais um 0 a 0 na Copa 2014, espantando a zebra. O craque desequilibrou já nos acréscimos (46 minutos do segundo tempo). Se por um lado los hermanos conseguiram avançar para as oitavas-de-final, por outro escancararam suas limitações. Com o melhor jogador isolado e o time sem opções para furar a defesa asiática, mais uma vez se provou que o time azul-e-branco não é invencível. Um lance duvidoso também marcou o jogo: Dejagah teria sido derrubado por Zabaleta, e o juiz não viu nada de mais, enfrentando a irritação dos iranianos. 

 Messi teve que salvar de novo a Argentina de um resultado ruim (Superesportes)

Se a Argentina não era um time impossível de superar, a mesma coisa se pode concluir da Alemanha. Muito mais forte e técnica do que Gana, teve também dificuldades consideráveis, não sofridas quando enfrentou Portugal. Os alemães sofreram com o calor cearense e as investidas rivais, que não tiveram medo e procuraram jogar com equilíbrio de forças, que se reflete até mesmo no placar final: 2 a 2.

Um empate para adiar a classificaçao alemã, que fica também na dependência do jogo entre Portugal e Estados Unidos. Gana não saiu satisfeita, também: levou o gol de Götze no início do segundo tempo, conseguiu virar o jogo com Ayew e Gyan, e estava próximo de causar outra zebra na Copa quando Klose marcou. O veterano conseguiu igualar o recorde de gols em Mundiais, até então conquistado por Ronaldo Fenômeno. Em suma, um empate em derrota, pois Gana segue na degola e fortemente dependente dos outros dois times do grupo. 

 O veterano descendente de poloneses só está na Copa para fazer gols e tirar o recorde de Ronaldo (AFP)

O último jogo, em Cuiabá, foi realmente mais equilibrado, com a estreante Bósnia enfrentando uma Nigéria sem o brilho de outros torneios. Porém, os nigerianos trataram de mostrar sua maior experiência e fizeram um gol aos 29 minutos. Não conseguiram marcar mais gols devido à retranca dos bósnios e à falta de pontaria. Os europeus até se esforçaram para fazer gols, mas não conseguiram, e estão desclassificados. Triste destino de um estreante com potencial. Quanto aos nigerianos, jogam por um empate com a Argentina para não depender dos bósnios, que podem fazer corpo mole contra o Irã. No caso de vitória argentina e iraniana nos últimos jogos da fase inicial, a seleção do país tiranizado pelos aiatolás é que irá conseguir a segunda vaga.

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Da série 'Copa no Brasil - parte 14' - Massacre em Salvador e complicação em Curitiba

Depois da zebra costarriquenha vencer o duro desafio no "super grupo da morte" (grupo D), restam os dois jogos do grupo da França, os quais poderiam ser potencialmente menos interessantes. Errado. 

França e Suíça protagonizaram um dos mais empolgantes jogos desta Copa. A eficiência de um dos considerados "vilões" para a nossa torcida contra um time que usou a retranca para segurar os adversários, inclusive a própria França, nos últimos 10 anos. O palco era a Arena Fonte Nova, onde se realizaram goleadas: Holanda 5 x 1 Espanha e Alemanha 4 x 0 Portugal. Curiosamente, na quente Salvador, somente europeus jogaram até agora. 

O calor não podia servir de desculpa para os suíços serem facilmente dominados, pois a França também sofreu. Mesmo assim, não perdoou a seleção do país vizinho. Após 15 minutos de jogo truncado, a França conseguiu romper as defesas. Giroud fez o primeiro gol, após o goleiro Benaglio quase conseguir defender. Dois minutos depois, os suíços pagaram caro pela troca de passes em seu próprio campo de defesa. A bola acabou nos pés de Benzema, que cruzou para Matuidi fazer o segundo gol francês. 

Houve um pênalti de Djourou em Benzema, cobrado pelo craque, mas o goleiro Benaglio defendeu, para frustração da torcida francesa, que já estava recebendo reforços até dos soteropolitanos. O terceiro gol veio mesmo aos 40 minutos, com Valbuena. 

No segundo tempo, houve certa reação suíça, com algumas ameaças à defesa francesa. Porém, a superioridade era dos "Bleus". Benzema, aos 21 (67) minutos, fez seu gol tão almejado, o quarto dos representantes da bandeira tricolor. Seis minutos depois, foi a vez de Sissoko. Era uma surra histórica. Poderia ser pior se não houvesse uma reação, aproveitando os vacilos da defesa francesa. Os suíços marcaram, para amenizar o massacre: Dzemaili e Xhaka fizeram seus gols. 

O lance mais polêmico veio depois, quando Benzema fez um gol logo após o juíz apitar o fim de jogo. Este gol não foi validado, o que foi considerado um insulto ao futebol, para muitos. Benzema seria, dessa forma, o artilheiro da Copa. Oficialmente, até agora fez três. 

Benzema contribuiu para derreter a Suíça, mas sua felicidade foi estragada pelo juiz no final (AFP)

Curiosamente, a Suíça levou uma surra "de criar bicho", como se dizia antigamente, e derretida como fondue, mas pode encontrar a salvação se o Equador for derrotado pela França, o que é quase certo. A eterna pedra no sapato da Seleção Brasileira é a maior goleadora desta Copa. 

Por falar em Equador, ele venceu Honduras (com dificuldade extrema, diga-se) e complicou o grupo. O time da América Central ainda conseguiu fazer um gol, aliás, o primeiro na Arena da Baixada, em Curitiba, que por ora é uma perfeita antítese de Salvador e suas goleadas. Porém, continuava o mesmo time limitado, e curiosamente os rivais estavam jogando quase à altura de sua ruindade. O time sul-americano conseguiu virar o jogo com dois gols de Valencia, mas ficou nisso. Mais um jogo que os curitibanos tiveram de aguentar. Os equatorianos se salvaram, mas a terceira rodada pode mudar a sorte novamente, e favorecer novamente o time mais humilhado deste dia, que poderá alcançar a redenção enfrentando os quase eliminados hondurenhos.


Da série 'Copa no Brasil - parte 13' - Surge a sensação do torneio

De um lado estava a poderosa Itália, com Balotelli e Pirlo, e tendo quatro títulos no currículo. De outro, o azarão do grupo, a Costa Rica, sem nenhum grande nome além de Campbell, e muito menos títulos internacionais. Todo mundo apostava no time centro-americano como saco de pancadas do "super grupo da morte" (pois os grupos B e G também podem ser considerados assim).

Quem ainda achava que a Itália podia espantar a zebra e, assim, salvar a Inglaterra, enganou-se redondamente. A Costa Rica não teve medo dos representantes da bota, apesar de não apresentarem uma técnica tão apurada. Há de se considerar o fator torcida, pois os torcedores latino-americanos tinham o reforço da maioria dos recifenses. 

Apesar de tudo, e dos erros de arbitragem do Sr. Enrique Osses, a grande maioria favorecendo a Itália, que não deu um pênalti a favor da Costa Rica, eles chegaram lá, graças a um gol de Bryan Ruiz, feito da maneira mais polêmica (mas validado corretamente). Isso foi aos 44 minutos do primeiro tempo. 

Os italianos viram a zebra passear no campo (sobre foto da Getty Images)

Fora do jogo, os ingleses ainda contavam com a reação da Itália, que não veio no segundo tempo. Com isso, a zebra veio, para classificar antecipadamente o único time do qual não se esperava nada. De quebra, os ingleses terão de fazer as malas mais cedo, para desgosto de Sua Majestade Britânica. A Inglaterra tornou-se a quarta equipe a ser eliminada da competição, e ainda teve de ouvir piadas sobre o Mick Jagger, assíduo torcedor cuja fama de pé-frio veio da Copa passada.

De quebra, o time costarriquenho foi alçado à categoria de sensação desta Copa. As chances de ser o primeiro do grupo são grandes, e com isso, pela tabela da Copa, não poderá pegar o Brasil nas quartas-de-final, se superar algum adversário nas oitavas (provavelmente não a Colômbia, que pode se classificar em primeiro do grupo C). Caso isso acontecesse, é bem provável que a torcida brasileira vá se virar contra Neymar e cia. se eles não jogarem direito (como infelizmente está sendo o caso, até agora).

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Da série 'Copa no Brasil - parte 12' - Grande jogo no Itaquerão (e outros nem tanto)

O feriado de Corpus Christi, o mais contestado no Brasil por celebrar a Eucaristia em um país com cada vez menos católicos, foi marcado por três jogos, dos quais só um merece destaque. 

Vamos a ele: Uruguai e Inglaterra, no Arena São Paulo, vulgo Itaquerão ou Arena Corinthians. 

São Paulo teve a sorte de sediar um jogo bem no feriado, amenizando o flagelo do trânsito (segunda vai haver mais um jogo e sem feriado, bem num dia onde vai haver jogo no Brasil, mas isso é outro assunto). Ainda por cima, um duelo clássico, entre dois campeões mundiais. 

Inglaterra e Uruguai precisavam vencer para não seguirem o mesmo rumo da Espanha. Ambos lutaram e foram perigosos nos ataques, principalmente no segundo tempo. Os uruguaios tiveram vida mais fácil no primeiro tempo, graças à volta de Suárez, o craque que não havia jogado na estréia contra a Costa Rica para recuperar-se de uma cirurgia no joelho feita no mês passado. Com ele, o time fez a diferença e reavivou a esperança de fazer o Brasil chorar novamente. Por enquanto, a maioria estava com eles, enquanto os europeus demoraram para engrenar e o astro Rooney estava tentando se esforçar para fazer um gol. Todavia, quem fez o gol foi Suárez, aos 39 minutos. 

No segundo tempo, houve um equilíbrio de forças, para melhor. A Inglaterra lutou para não ter o triste destino de seus colegas espanhois. Rooney desencantou e fez o seu gol tão almejado, aos 75 minutos (27 do segundo tempo). Antes disso, a tradicional marra uruguaia foi mostrada por Álvaro Pereira, que teimou em ficar mesmo levando uma joelhada na cabeça de Sterling e ficar um bom tempo caído. 

O empate seria potencialmente terrível para as duas equipes, e ambos continuaram a árdua luta, até Suárez desequilibrar novamente, para fazer a maior parte da torcida vibrar. 

 Luis Suárez foi o nome do jogo (blog do Toni Martins)

Por ora, o Uruguai está salvo e a Inglaterra está seriamente ameaçada, mas ela ainda pode respirar se a Itália vencer a Costa Rica. Um empate já seria uma zebra capaz de, num coice, mandar Rooney e cia. para a torre de Londres. 

Enquanto uruguaios e ingleses disputavam, protestos pipocaram em São Paulo, com uma grande manifestação reunindo o Movimento Passe Livre e os metroviários na região da Paulista, da Rebouças e, depois, na Marginal Pinheiros. Havia os black blocs infiltrados para cometer vandalismo sob o pretexto de, inutilmente, tumultuar a Copa. Só conseguiram causar mais prejuízos: agências bancárias e uma concessionária da Mercedes-Benz na capital foram destruídas.

Os outros dois jogos são do grupo mais fraco, o da Colômbia. No primeiro jogo, o time andino venceu a Costa do Marfim em uma disputa equilibrada, mesmo sem atuação efetiva de Drogba. Ficou no 2 a 1, Equilíbrio houve também no pior jogo do dia, entre Japão e Grécia. Um empate medonho sem gols, que só serviu para classificar a Colômbia. O Japão não conseguiu se impor, mesmo com a Grécia desfalcada desde o fim do primeiro tempo. Esse empate pode condenar as duas equipes, merecidamente, por serem tão ruins e abusarem dos maus-tratos à Brazuca.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Da série 'Copa no Brasil - parte 11' - Camarões flambados

Após os grandes jogos do grupo B, esta partida do grupo A só tem certo interesse porque define as estratégias para a Seleção avançar às oitavas e enfrentar a terrível Holanda e o perigoso Chile (este último freguês dos canarinhos, mas com tudo para quebrar o paradigma e estragar a festa). Croácia e Camarões foram para Manaus decidir quem irá impedir pelo menos o México de avançar.

O time dos Balcãs estava abalado pela má arbitragem no jogo inaugural, e uma vitória corrigiria os rumos. Os representantes da costa oeste africana (são quatro nesta região, tirando a Argélia, mais ao norte) precisavam de uma vitória para sobreviver.

Surpreendemente, a Croácia mostrou que quer mesmo avançar. Mostrou um futebol superior ao combalido time de Camarões, que não tinha Eto'o. A falta do craque foi fatal para os africanos, que vão para casa mais cedo e só cumprir tabela contra o Brasil, o que não é necessariamente uma barbada para nós, pois eles podem surpreender e não querer sair da Copa sem um empate ou mesmo uma (improvável) vitória. 

Improvável, pois os europeus aplicaram um contundente 4 a 0, aproveitando a expulsão de Song no final do primeiro tempo, quando os croatas já haviam feito um gol, graças a Perisic e Olic. Com apenas dez em campo, e sem o brilho do já citado Eto'o, os camaroneses foram presas fáceis. Levaram mais três: Perisic (2 min.), Mandzukic (16 min.) e novamente Mandzukic.

Com isto, a Croácia desconta sua ira nos Camarões e de quebra ainda os manda de volta mais cedo. O time africano é o terceiro a ser eliminado. Os croatas ainda precisam de uma vitória sobre o México para conseguirem a vaga. Ou um empate, no caso do Brasil perder de Camarões, mas isso seria uma quimera (ou não).

Depois de um dia pavoroso, a Brazuca voltou a ser bem tratada hoje. Amanhã tem Colômbia x Costa do Marfim e Inglaterra x Uruguai. Japão x Grécia também pode valer uma espiada, pelo menos. 

Da série 'Copa no Brasil - parte 10' - 'Maracanazo' espanhol

Fala-se muito no grupo D, que reunia três campeões mundiais e uma zebra que está liderando, a Costa Rica. O termo "grupo da morte", em sentido mais amplo, pode ser estendido ao quarteto cabeceado pela Espanha. Aliás, o termo é bem adequado, pois já temos dois eliminados. A segunda rodada da primeira fase mal começou. 

O primeiro time a ser eliminado foi o da Austrália, como era de se esperar, mas de uma forma bem diferente: os australianos foram valentes, como sempre dificultando a vida da Holanda. Os jogadores da terra dos cangurus nunca foram derrotados no futebol nos encontros anteriores. Hoje foi exceção, mas venderam caro: Robben abriu o placar aos 20 minutos, mas Cahill empatou em seguida. Tudo ficou equilibrado e os holandeses, por incrível que pareça, não conseguiam reagir. Os australianos, cujo uniforme é parecido com o do Brasil, ganharam a torcida do Beira Rio. 

No segundo tempo, o jogo continuava equilibrado, com a experiência holandesa medindo forças contra a eficiência australiana. A torcida vibrou quando houve o pênalti a favor da Austrália, e Jedinak converteu, aos 7 minutos, para virar o placar. Os neerlandeses não se abalaram e resolveram jogar melhor. Van Persie empatou de novo aos 12 minutos. O terceiro e último gol poderia ser da Austrália, se não fosse a falha na finalização de Leckie. Em seguida, o lema "Quem não faz toma" foi aplicado, e Depay arriscou de longe, para desempatar. 

Com este resultado, eles foram esperar por um resultado adverso da Espanha, para concretizar dois desejos: passar para as oitavas-de-final e se vingar de um time que lhe tirou o título em 2010 (de forma merecida, diga-se). 

Os espanhóis foram ao Rio para tentar uma reação, mesmo abalados com o terrível resultado contra seus "inimigos" dos Países Baixos. Já os chilenos contavam com o favoritismo, por serem sul-americanos e porque Diego Costa, um brasileiro, estava no time rival. Também é costume dos cariocas torcerem por um time mais fraco se ele tiver chances. O Chile vem preocupando os rivais devido à evolução de seu futebol, e podem ser candidatos a surpreender na Copa.

No segundo jogo do dia, os chilenos não perdoaram a má fase espanhola, e após um início disputado Vargas levou a melhor, fazendo o primeiro gol aos 19 minutos. Era o começo do fim. Os espanhóis tentaram reagir para evitar o naufrágio, mas tudo inútil. Aránguiz, aos 42 minutos, marcou o segundo gol, consolidando o "Maracanazo" dos últimos campeões do mundo. O segundo tempo foi só de vãs tentativas de Iniesta & Cia., e por incrível que pareça Diego Costa ainda estava no jogo, mesmo sem fazer uma atuação digna, substituído por Fernando Torres só no final do jogo. Os 6 minutos de acréscimo só tornou a partida um pouco mais cruel para os ibéricos. 

Foi assim a mais desastrosa campanha de um campeão do mundo em toda a História das Copas. Com apenas dois jogos realizados, a Espanha foi eliminada. Nem Brasil (eliminado na primeira fase em 1966), França (2002), Argentina (2002) ou Itália (2010) foram tão mal. Em todos esses casos, tropeçaram "somente" no terceiro jogo da fase inicial. O touro espanhol virou boi de piranha e se acabou em território brasileiro. Nem em 1950, quando a Seleção Espanhola não tinha a força atual, a campanha foi tão pífia.

O time chileno pôs termo à efêmera era do Tiki-Taka

Três acontecimentos chamaram a atenção. Desta vez o som do Beira Rio estava normal e puderam executar os hinos, para alimentar os rumores de falha intencional contra a "algoz" França. Outro fato, bem mais chamativo, foi um grupo de chilenos tentar invadir o Maracanã para assistir ao jogo, sendo reprimidos pela polícia.

O terceiro, longe do Brasil, foi... na Espanha, onde o rei Juan Carlos assinou sua abdicação. Será coincidência?

terça-feira, 17 de junho de 2014

Da série 'Copa no Brasil - parte 09', ou o dia da bola quadrada

Se o grupo D, o da Itália, Inglaterra e Uruguai, mas liderado pela Costa Rica, é considerado o "grupo da morte", o grupo H, que reúne somente equipes pouco brilhantes no futebol - Bélgica, Argélia, Rússia e Coréia do Sul - é agora chamado como "o grupo de matar", pois poucos aguentaram assistir aos dois jogos de hoje. Ainda há o famigerado jogo entre eles, o de uma certa Seleção que mereceu levar as vaias em Fortaleza. Mas vamos falar disso depois. 

No jogo das 13 horas, no Mineirão, a bola foi castigada pela primeira vez, com duas equipes limitadas. A Bélgica é candidata a virar uma zebra no torneio, enfrentando uma Argélia pouco mais forte do que antes para enfrentar os adversários, mas ainda longe de fazer um bom futebol. Os argelinos conseguiram abrir o placar em mais um pênalti, valendo-se da escalação inicial feita pelo técnico belga Marc Wilmots, que não conseguia segurar os oponentes. Feghouli converteu o penal. Depois, no segundo tempo, a Bélgica fez substituições e melhorou bastante, fazendo os dois gols, de Fellaini aos 8 minutos e Mertens aos 14, que lhe valeram a vitória. Mesmo assim, ninguém aposta que os "Diabos Vermelhos", ausentes de uma Copa desde 2002, irão chegar muito longe.

No mesmo grupo H, outro jogo ruim, desta vez entre os russos e os sul-coreanos. A Arena Pantanal viu um jogo sem qualidade técnica, mas muito corrido. Houve um certo equilíbrio entre os dois times, mas nada de finalizações. Somente no segundo tempo houve maior poder ofensivo da Rússia, mas quem acabou marcando primeiro foram os coreanos, com Lee Keun Ho, ajudado pela incrível defesa de Igor Akinfeev, um discípulo mal aplicado de Lev Yashin, o lendário goleiro soviético, deixando passar a bola para as redes. Os russos tiveram de crescer novamente no jogo, e Kerzakhov, 6 minutos após o "frango" de seu colega, empatou. E ficou nisso.

Melhor tecnicamente do que esses jogos, porém, uma decepção para a torcida, foi o jogo das 16 horas, em Fortaleza. Os cearenses queriam ver gols, pois era a nossa seleção, enfrentando os mexicanos. Nas Copas, eles são conhecidos pela "freguesia", nunca derrotando os canarinhos, embora em outros torneios, como as Olimpíadas, a história seja outra (basta lembrar a final traumatizante em Londres, 2012). Este blog afirma que foi o jogo melhor tecnicamente, mas isso quer dizer muito pouco: a Seleção jogou mal e mereceu empatar. 

Neymar não deixou o costume de cair para simular faltas, Fred estava novamente sem inspiração, o ataque estava mal calibrado, não havia muita velocidade nos contra-ataques e a defesa ainda preocupava nos lances de ataque dos muchachos. Por sorte, eles também não conseguiam finalizar. Por outro lado, as tentativas de fazer gol eram frustradas pela grande atuação do goleiro Ochoa, o melhor jogador de todos na partida. 

Tudo isso resultou em mais vaias e decepção da torcida no Castelão. Foi o segundo 0 a 0 no jogo. Os mexicanos comemoraram o empate com sabor de vitória. Já os comandados de Felipão vão ter de vencer Camarões para garantirem a vaga para as oitavas-de-final. Pelo menos Marcelo não fez gol contra nem Fred caiu para simular pênaltis.

Essas três partidas lembram um outro mexicano, o personagem Quico do seriado "Chaves". Parecia que usaram a bola dele hoje. 

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Da série 'Copa no Brasil - parte 08' - EUA e Irã entram para a guerra

Irã e Estados Unidos são países inimigos entre si, devido ao programa nuclear iraniano, acusado pelos americanos e seus aliados de ser um plano para destruir Israel. Por outro lado, os iranianos sempre fazem questão de denunciar o que eles consideram atitudes imperialistas dos EUA no Oriente Médio. Nesta série de postagens, porém, o foco não é este.

No mesmo dia, travam a primeira batalha de outra guerra, desta vez pacífica. Não lutam entre si, mas contra os "soldados" vindos da África. O Irã foi enfrentar a Nigéria em Curitiba e os representantes do "Grande Satã", usando os termos dos clérigos iranianos que mandam e desmandam no país, lutaram contra as forças de Gana em Natal. Os locais das batalhas enfrentam problemas. O primeiro estádio é aquele que quase foi excluído pela Fifa. Já o outro estava sem o aval dos bombeiros e ainda sofreu com as chuvas. Os dois foram motivo de rusgas da Fifa devido ao atraso nos cronogramas.

Quanto às batalhas em si, a primeira estava mais para uma pelada do fim de semana. A diferença é que na pelada quase sempre há gol. Não foi o caso de Irã e Nigéria. Foi o pior jogo da Copa até agora, e o primeiro 0 a 0 de um jogo entre prováveis candidatos à queda na primeira fase, deixando a vaga para a Bósnia.

No grupo da Alemanha, ainda há Gana e Estados Unidos. É a terceira vez seguida em Copas que eles se enfrentam, e nas duas vezes anteriores deu Gana. Desta vez foi diferente: os EUA não quiseram colocar o rótulo de "fregueses" dos africanos e fizeram o gol mais rápido de toda a Copa até agora: 29 segundos, e Dempsey foi o autor da proeza. Gana sentiu o golpe e não conseguiu ser efetivo no primeiro tempo, devido à defesa norte-americana, que perdeu a ingenuidade dos outros tempos. Bem mais tarimbados, os americanos foram superiores até o segundo tempo, quando não aguentaram o calor e a pressão dos ganeses, que passaram a crescer. Com isso, Ayew, aos 35 minutos do tempo final, acabou marcando. A partida caminhava para um empate. Brooks, como bom patriota americano, salvou o dia para os seus companheiros, e desempatou aos 41 minutos.

Com isto, quem está mais próximo da vaga são os americanos, que podem ir longe. Não é o caso de dar razão ao Ibraimovic, desgostoso porque a Suécia não se classificou para a Copa: ele disse que os EUA seriam campeões, só por despeito. O tempo dirá se os sobrinhos do Tio Sam vencerão esta guerra pacífica, para tristeza dos brasileiros.

Da série 'Copa no Brasil - parte 07' - Alemães dão o recado

Diferentes dos dias anteriores (entre sexta e domingo), a primeira partida do dia 16, segunda, foi a mais merecedora de atenção. Um clássico europeu, entre a sempre temível Alemanha e o time de Portugal, que tenta acalentar o sonho do primeiro título em Copas com a ajuda de seu superastro, Cristiano Ronaldo.

A tarefa logo se mostrou ingrata, quando Götze sofreu um pênalti aos 10 minutos de jogo, por João Pereira. Müller cobrou e converteu.

Portugal não conseguiu reagir e deixou o nervosismo tomar conta dos jogadores. Os alemães aproveitaram-se disso. Em uma cobrança de escanteio, Mats Hümmels fez o segundo gol aos 26 minutos.

Pepe fez falta em Müller, agrediu-o quando ele estava caído e levou o cartão vermelho. Tornou-se o vilão da partida e foi vaiado. Essa atitude deixou tudo mais fácil para os alemães. Müller ampliou no início do segundo tempo. Não satisfeito, ainda fez mais um para assumir a artilharia da Copa, aos 32 minutos.

Müller foi o protagonista do jogo, deixando Cristiano Ronaldo apagado (Patrick Stollarz/AFP)

Esse resultado obriga Portugal a vencer os dois jogos contra os EUA e Gana, adversários também perigosos. Um tropeço e Cristiano Ronaldo & cia. voltam para o além-mar. Quanto aos alemães, mandam um recado contundente para os outros: quer ser o primeiro time europeu a conquistar a América. Este é só o primeiro passo, mas o rumo não podia ser mais certeiro.


domingo, 15 de junho de 2014

Da série 'Copa no Brasil, parte 06' - As estréias de França e Argentina

Até agora, o primeiro jogo de cada dia foi o menos interessante, com dois times coadjuvantes na Copa. A Suíça tinha a intenção de mudar a história e ganhar um certo protagonismo, começando por fazer um bom resultado contra o Equador, que não está entre as potências do futebol sul-americano mas quer também fazer bonito no Mundial.

De certa forma, os suíços, considerados - segundo os peculiares critérios da Fifa - como "cabeça-de-chave" (?!?!) do grupo E, cumpriram seu papel, embora com a ressalva do primeiro gol do jogo ser dos equatorianos, aos 22 minutos. Os europeus só fizeram gols nos acréscimos de cada tempo, para garantir a vitória: Mehmedi aos 48 minutos e Seferovic aos 47 minutos do tempo final. Curiosamente, os dois jogadores da Suíça que balançaram a rede não têm sobrenome nem alemão, nem francês, e muito menos italiano, como a grande maioria dos habitantes de lá. O primeiro é descendente de albaneses cujos país viviam na Macedônia, e o segundo nasceu em uma família de imigrantes bósnios.

Este não é nem de longe o jogo mais interessante, pois neste dia estrearam França e Argentina. Dois rivais muito visados pela torcida brasileira.

A França estreou contra a fraca Honduras no Beira-Rio, e o resultado estava longe de surpreender, mesmo com uma goleada de 3 a 0, um deles contra, do goleiro Valladares, que espalmou após tentar defender um lance de Benzema. O gol, feito no início do segundo tempo, foi confirmado graças à tecnologia embutida na bola, que entrou bem discretamente e emitiu um sinal ao árbitro brasileiro Sandro Meira Ricci. Os outros também foram do craque Benzema, o primeiro deles, de pênalti, aos 45 minutos, e o final foi na metade do tempo final.

Os franceses fizeram bonito, enquanto os hondurenhos abusavam das faltas violentas, e um deles foi expulso, o meia Palacios. Mesmo se ele não fosse mandado para o chuveiro mais cedo, a vitória francesa seria certa. O time centro-americano era considerado um dos mais fracos da Copa, candidato certo a voltar para casa ainda na primeira fase.

Um ponto negativo para a organização é a falha no sistema de som, que impediu a execução dos hinos. E aí teremos até mais uma teoria da conspiração envolvendo a "inimiga" França, time considerado sempre uma ameaça à nossa Seleção, e os representantes de um país cujo governo não reconhecido pelo Brasil e por alguns países seguidores do tal "bolivarianismo" (devido ao golpe sofrido por Manuel Zelaya, um fiel seguidor de Hugo Chavez, em 2009, e novas eleições no mesmo ano que consagraram Porfírio Lobo, um "anti-bolivariano" reconhecido por poucos países sul-americanos). Mas isso não passa de uma daquelas hipóteses furadas.

Por fim, temos os nuestros hermanos, e eternos rivais, com Messi e tudo, contra os estreantes bósnios. Tudo parecia adverso para os novatos: os adversários são fortíssimos, têm o melhor jogador do mundo e a torcida lotou o Maracanã. Os poucos brasileiros e bósnios torciam contra, mas isso não ia ajudar muito. É um jogo que poderia ser bem tranquilo para os argentinos, mas não foi tanto assim. Apesar de um gol contra de Kolasinac, por sinal o gol mais rápido da Copa, aos 3 minutos, o time argentino não mostrou superioridade. O jogo foin equilibrado demais para os prognósticos, com uma Bósnia bem armada e os argentinos sem muitas chances de finalizar. No segundo tempo, tudo parecia melhor para o time mais forte e experiente. Messi teve a honra de fazer o primeiro gol (strictu sensu) dos argentinos, aos 20 minutos do segundo tempo (65 minutos, na contagem oficial). Um golaço digno dele.

Messi salvou a pátria argentina (Michael Dalder/Reuters)

Contudo, o craque argentino não podia fazer tudo sozinho, e o time continuava a não conseguir impor sua superioridade. O castigo veio com o gol de Ibisevic, nos minutos finais. Um decepcionante 2 a 1, principalmente para os argentinos que fizeram do Maracanã uma versão da Bombonera ou do Monumental de Nuñez.

Portanto, o domingo não teve nenhuma surpresa. Amanhã haverá poucas possibilidades disso, pois o jogo entre Alemanha e Portugal é bastante equilibrado, assim como Irã e Nigéria (com algum favoritismo para este último time). Gana deve ter trabalho com os Estados Unidos, e também nenhum deles irá golear o outro. 

Da série 'Copa no Brasil, parte 05' - A luta na selva e a batalha do Recife

Já havia destacado o primeiro jogo no Grupo D, considerado o "da morte", onde o inesperado aconteceu. Itália e Inglaterra, os representantes europeus, acompanharam com interesse a zebra centro-americana derrotar um dos sul-americanos considerados mais fortes. 

Na Arena Amazônia, em Manaus, a torcida estava em clima de festa, para receber o primeiro clássico da Copa. Aparentemente, esqueceram as polêmicas com o técnico inglês Roy Hodgson, que condenou o local no ano passado, mas adotou uma postura oposta quando visitou o estádio. Essa trégua não durou muito no estádio. Torciam pelos italianos.

Os dois times ora tinham a vontade necessária para brigar pelo título e quebrar o tabu de nenhum europeu levar o troféu em terras americanas, ora pareciam com dificuldades para aguentar o calor de Manaus.

Claudio Marchisio abriu o placar após um certo tempo de futebol equilibrado, aos 35 minutos. Danny Welbeck, dois minutos depois, empatou para a Inglaterra. Após o intervalo, Balotelli marcou o seu tento, aos 5 minutos. Pirlo foi um dos destaques do jogo, sendo o responsável pelo primeiro gol da Itália e comandando o time.

A "luta na selva" terminou com os italianos em vantagem, começando bem como não costuma acontecer em Mundiais, ainda mais considerando as circunstâncias difíceis. Enquanto isso, a Inglaterra ainda tem boas chances de conseguir uma segunda vaga, se vencer a líder (por enquanto) Costa Rica e o desacreditado Uruguai. A tarefa será dificultada pelo seu mais famoso torcedor, o líder dos Rolling Stones, Mick Jagger, conhecido "pé-frio" na Copa de 2010, desta vez não foi pessoalmente, talvez com receio de enfrentar o calor manauara.

Mais tarde, milhares de quilômetros de lá, na histórica cidade do Recife, capital de Pernambuco, houve a partida de dois membros do grupo C tentando diminuir a desvantagem em relação à Colômbia, que havia vencido a Grécia por 3 a 0 no Mineirão. O esforçado mas limitado Japão saiu na frente, mesmo enfrentando a favorita Costa do Marfim. Honda marcou aos 15 minutos. Depois, os asiáticos trataram de se defender das investidas africanas, e isso durou o primeiro tempo inteiro. As finalizações dos marfinenses não resultaram em nada. A seleção dos Elefantes conseguiu se impor só no segundo tempo, com passes de Aurier e finalizações de Bony (19 minutos) e Gervinho (21 minutos).

O mais famoso jogador marfinense, Drogba só foi atuar pouco antes dos gols dos companheiros. Estava esquentando o banco até os 16 minutos da etapa final. Depois ele foi tentar vencer a defesa japonesa, mas o goleiro Kawashima conseguiu defender o seu canto. O astro do time africano vai ter de esperar até terça-feira, quando eles enfrentarem a Grécia.

sábado, 14 de junho de 2014

Da série 'Copa no Brasil, parte 04' - A zebra passeou em Fortaleza

Ontem, o resultado de 5 a 1 da Holanda sobre a favorita Espanha não foi considerado uma zebra, embora a rigor seja um resultado inesperado. A sério, nenhum torcedor da Holanda iria apostar nisso. Ouso dizer que o cara precisaria estar sob efeito de alucinógenos bem fortes, lembrando a velha crença (preconceituosa) que o país é um paraíso para os usuários de drogas, devido à liberdade de comercialização. 

Desta vez, todos puderam dizer que a zebra apareceu. Foi em Fortaleza, no primeiro jogo do chamado "super grupo da morte", reunindo campeões como Itália, Inglaterra, Uruguai e Costa Rica. Pois bem, estes dois últimos foram jogar. O Uruguai precisava fazer a sua parte para sobreviver a um grupo tão equilibrado. Não fez, pelo menos não no segundo tempo. 

No primeiro tempo, o Uruguai conseguiu segurar os costarriquenhos, inclusive na pancada. O time da América Central sabia que não podia ser usada como "saco de pancadas" do grupo e não se acovardou. Os uruguaios pareciam satisfeitos com um eventual 1-0 ou 2-0, e avançaram relativamente pouco. Numa das jogadas de ataque, houve um erro crasso da defesa centro-americana: Díaz puxou Lugano dentro da área. Cavani cobrou com autoridade e abriu o placar. Outro lance parecido em favor da Costa Rica não foi marcado pelo árbitro alemão Felix Brych. 

No intervalo, o time costarriquenho não se deixou abalar pelo revés e pela não marcação do pênalti. Voltou melhor, e começou a surpreender. Campbell, o atacante com sobrenome inglês, já estava dando certo trabalho no primeiro tempo e aproveitou sua chance. Ele, que também joga no Arsenal (curiosamente, um time da Inglaterra, para confundir os incautos), fez o gol de empate aos 9 minutos. Três minutos, a zebra começou a zurrar quando Oscar Duarte fez outro gol. 

 Joel Campbell, o jovem astro do time que surpreendeu o Uruguai e o resto do mundo (Getty Images)

A partir daí, o desespero tomou conta do Uruguai. O time não foi mesmo aquele que fez bonito na Copa de 2010, quando ficou em quarto lugar, muito menos o de 1950, quando fez o Brasil chorar na primeira Copa feita aqui. O risco de repetir o feito ficou ainda menor quando houve outro gol... da Costa Rica, com Marco Ureña. Ainda houve um inacreditável acréscimo de 5 minutos, que só trouxe mais martírio aos celestes. Maxi Pereira, ainda por cima, agrediu Campbell e foi o primeiro jogador da Copa a ser expulso. 

Este promete ser o jogo mais comentado de hoje, considerando todas as quatro partidas. A primeira delas foi uma esperada goleada da Colômbia na frágil Grécia, por 3 a 0, pelo grupo C. Ainda há o jogo da Itália contra a Inglaterra na Arena Amazônia. O primeiro duelo de campeões, na capital do Amazonas.

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Da série 'Copa no Brasil, parte 03' - O Chile pode complicar a Espanha

Devido à inesperada goleada da Holanda sobre a Espanha, o Chile deixou de ser um mero coadjuvante para virar um antagonista no drama espanhol. A ex-colônia na América do Sul começou previsivelmente bem contra o bisonho mas esforçado time australiano. 

Poderia simplesmente afirmar que o time chileno só cumpriu sua obrigação, mas a realidade é um pouco mais complicada. No primeiro tempo, eles envolveram facilmente a defesa australiana, a ponto de fazer dois gols, um deles, aos 14 minutos, de Valdívia, o célebre craque palmeirense. Depois, o time sul-americano começou a se acomodar, algo perigoso até mesmo para um time sem experiência como a Austrália, que está longe de ser um time de tolos. Os representantes da Oceania se esforçaram e conseguiram fazer um gol, sentido fortemente pelos adversários. 

A partir daí, a Austrália cresceu ainda mais e o risco de uma zebra na Arena Pantanal parecia deixar de ser desprezível. No final do primeiro tempo e começo do segundo, os australianos tomaram conta. Tiveram um lance de pênalti não marcado, pois Cahill foi agarrado por Jara na grande área, aos 5 minutos da etapa final. Ainda por cima, marcaram um gol impedido, e corretamente anulado pelo juiz, pouco depois, mostrando que este grupo também pode ser bastante difícil. 

Depois de sofrer, os chilenos resolveram correr atrás e conseguiram ameaçar mais a defesa australiana. Conseguiram o gol salvador somente nos acréscimos, para selar o destino da Austrália, que certamente irá voltar para casa mais cedo, mas não de forma humilhante. Quem pode sair dessa forma é a Espanha, que precisa vencer ambos os times dessa partida, para não correr o risco de ceder a vaga para sua ex-colônia na costa do Pacífico. 

Duas vítimas de quedas - e duas perdas na classe artística brasileira

Dois dias antes, o humorista Max Nunes faleceu aos 92 anos. Criou programas como Balança Mas Não Cai e Planeta dos Homens, marcos do humor popular na década de 1970. Também foi o idealizador de personagens como o Primo Rico e o Primo Pobre, e o Capitão Gay interpretado por seu amigo Jô Soares. 

Hoje, também morreu a cantora Marlene, de 89 anos, estrela da Rádio Nacional e considerada a Rainha do Rádio, rivalizando com Emilinha Borba. Fez sucesso por duas décadas, até o advento da televisão, e gravou vários discos. 

Os dois eram amigos e encantaram muita gente em meados do século XX. Também houve algo em comum entre eles: os dois foram internados devido a quedas domésticas. Esta é considerada a quinta maior causa de morte, só perdendo para doenças cardiovasculares, câncer, pneumonia e AVC.

Max Nunes quebrou a tíbia em maio, foi internado e sofreu uma infecção generalizada. Marlene se feriu na perna e no rosto no começo do mês ao cair em sua residência e, no hospital, contraiu uma pneumonia. 

Max Nunes (1922-2014) e Marlene (1924-2014), dois artistas do século XX que tiveram vida longa mas interrompida pela lei da gravidade

Curiosamente, a já citada Emilinha Borba também morreu em circunstâncias semelhantes, de infarto, mas apenas quatro meses depois de cair de uma escada, em 2005. 

Apesar das melhorias nos atendimentos e nas condições internas das residências, cujos donos investem mais em tapetes emborrachados e corrimões nas escadas e nos locais mais difíceis por onde os idosos passam, as quedas ainda motivam a internação de milhares deles todos os anos. As consequências variam: embolia pulmonar decorrente de cóagulos saídos de ferimentos nas partes lesionadas do corpo, danos cerebrais e infecções oportunistas. Quando essas complicações não matam em alguns dias, elas podem impossibilitar a vida normal da vítima, que paga o preço do envelhecimento e do enfraquecimento dos ossos, mais sujeitos a se quebrarem. 

Max Nunes e Marlene engrossam também a lista de grandes nomes de uma época cultural bem diversa, onde o rádio e a TV prosperavam e nem se cogitava o uso da Internet. 

Da série 'Copa no Brasil, parte 02' - Incrível! A Laranja Mecânica voltou!

No segundo dia da Copa no Brasil, três jogos aconteceram, um do grupo A (onde está o Brasil) e dois do grupo B, onde estão os futuros adversários da nossa seleção. 

Primeiro, o jogo entre mexicanos e camaroneses. Esses últimos, mesmo com Eto'o, não mostraram a mesma garra das últimas Copas. Os mexicanos foram superiores, mesmo fortemente prejudicados pelo árbitro Wilmar Roldan, colombiano. Um apito latino-americano já era criticável para um jogo do México, devido à possibilidade de errar a favor, mas o fato de ter anulado dois gols legítimos dos mexicanos é algo que alimentou ainda mais os rumores sobre uma máfia do futebol atuando na Copa. As atitudes do sr. Roldan fizeram muitos esquecerem a lambança do Nishimura, mas outros vêem relações entre os dois profissionais do apito. 

Giovanni dos Santos fez os dois gols anulados erradamente. Peralta fez o seu, e não foi anulado. 

O segundo deles era justamente Espanha e Holanda, a repetição da final da última Copa. Esperava-se que o time dos moinhos de vento vingasse aquela partida contra os representantes da terra de D. Quijote. O troco foi dado com juros de quatro anos acumulados. No entanto, nos primeiros minutos parecia que a Fúria ia repetir a partida, apesar da até então discreta superioridade dos laranjas (que jogaram de azul, com detalhes e identificação alaranjados), que tentaram um sistema 3-5-2 adotado pelo técnico Louis van Gaal. 

Xabi Alonso fez o seu gol aos 27 minutos, mas a Espanha não conseguiu se impor no jogo e, no final do segundo tempo, aos 44 minutos, Van Persie empatou. Parecia que a partida ia ficar equilibrada.

No segundo tempo, o jogo foi bem outro. Os holandeses valorizaram a posse de bola e a força dos contra-ataques, receita praticada pelos espanhóis. Começaram a deslanchar com Robben, aos 7 minutos, Vrij aos 19 minutos, novamente Van Persie aos 26 minutos e Robben aos 35. Dessa forma surpreendente, a Holanda se vingou de um time que tinha Iniesta, Xabi Alonso, Xavi, Piqué e Casillas. Este último estava em péssima fase e foi um dos responsáveis por um dos maiores fiascos sofridos por uma seleção campeã em Copas. 



Os destaques do jogo: Van Persie (AP/Natasha Pisarenko), Robben (AP/Damien Meyer) e, de forma negativa, o brasileiro Diego Costa (EFE/EPA/Guilaume Horcajuelo)

Para piorar, a torcida que lotou o Fonte Nova em Salvador estava torcendo pela Holanda, indignada com a presença de um brasileiro, Diego Costa, considerado outro "traidor da pátria" ao jogar no time espanhol. Quando ele foi substituído por Fernando Torres - outro veterano sem a mesma presença - houve muitas vaias. 

Mal comparando, os tais moinhos de vento pareciam que viraram mesmo gigantes para pisotear D. Quijote com Rocinante e tudo. Ninguém acreditou no acontecido, nem mesmo os torcedores que lotaram o estádio baiano mesmo com chuva. 

No final, temos um jogo aparentemente bem menos interessante, também pelo grupo B, que pode virar outro "grupo da morte". O respeitável time chileno estava otimista com o resultado do clássico europeu em Salvador e tinha a missão fácil - em teoria - de despachar a pouco experiente Austrália. A próxima postagem vai falar sobre o jogo, a ser realizado na Arena Pantanal.

Este jogo também fez um estrago danado nas casas de apostas, e também nas "previsões" feitas neste blog. Agora só posso dizer que o Brasil vai sofrer para ganhar o hexa, mas já errei os adversários nas oitavas e no jogo final. Pelo jeito, nada de bancar mesmo a falecida mãe Dinah. 

quinta-feira, 12 de junho de 2014

Da série 'Copa no Brasil, parte 01' - O Brasil vence mas...

Se há um jogo digno de ser usado para sustentar diversos pontos de vista, é o da abertura. 

Brasil e Croácia jogaram no Itaquerão, ou Arena Corinthians, onde as coisas parecem ter dado certo apesar de tudo. 

Para começar, a abertura para estrangeiro ver e mostrar todos aqueles exotismos. Nada parecido com um país europeu, mas uma terra com muita natureza, folclore, capoeira e música, inclusive aquela aberração horrível criação denominada "hino oficial da Copa Fifa 2014". A abertura, como todas as outras, passará em branco. Ninguém se lembra nem das cerimônias semelhantes feitas na França, Ásia (Coréia do Sul e Japão), Alemanha ou África do Sul. Com a Copa de 2014, não será diferente. Curiosamente, nada de mulheres seminuas. O Rio de Janeiro também não foi lembrado. só Pernambuco, Bahia, Amazonas e Rio Grande do Sul.

Prometeram mostrar um paraplégico usando um exoesqueleto projetado pela equipe do pesquisador Miguel Nicolelis, um grande feito para a neurociência no país. Ele apareceu e chutou a bola durante a abertura, mas a mídia não deu muita atenção. 

Preferiram ver a Jennifer Lopez com a Cláudia Leite e o MC Pitbull acalentando os ouvidos da torcida com o "WC song" (WC é sigla para "World Cup", mas também lembra o lugar onde costumam soltar esse tipo de coisa). 

Após a rápida cerimônia, de 25 minutos, chegou a hora de tocar os hinos nacionais. Mais uma vez, só foram tocados trechos curtos, mas a torcida tratou de cantar mesmo sem a música de fundo. 

Soltaram algumas pombas para representar uma mensagem de paz, mas elas tiveram dificuldade para saírem da Arena Corinthians. Algumas pessoas devem ter pensado que elas iriam ficar no campo. 

Finalmente, a partida. Começou mal, com a Croácia mais ameaçadora do que o Brasil. Os torcedores viram o castigo aos 10 minutos: Marcelo tentou desviar a bola numa jogada feita por Olic, o jogador mais perigoso deles, e Jelavic. Ele tocou a bola, que foi para as redes para apreensão da torcida. Foi o primeiro gol da Copa, e também o primeiro gol contra da Seleção na história das Copas, feito suficiente para o lateral ser visto como uma espécie de Silvério dos Reis do nosso tempo. Boa parte da torcida esperava pelo pior, mas se lembrou que o time tinha outros nomes.

Dois deles foram Oscar e Neymar. O primeiro deu a assistência para o astro-mor da Seleção marcar o gol de empate, aos 28 minutos. No segundo tempo, Fred simulou um pênalti, validado pelo japonês Yushi Nishimura, o mesmo juiz muito criticado na partida entre Brasil e Holanda na Copa de 2010 (de triste memória, pois foi o da eliminação dos canarinhos). Neymar cobrou e ampliou, aos 25 minutos. Depois de cometer uma falta acintosa contra Modric, dando-lhe uma cotovelada que poderia resultar em expulsão, mas punida "apenas" com o amarelo, o aspirante à "sucessão" de Pelé foi substituído aos 32 minutos, por Ramires. Oscar brilhou de novo e fez o gol salvador da pátria, aos 45 minutos. 
 Neymar consertou o estrago feito por Marcelo, que aparece na foto junto com Hulk, o camisa 7 que não estava tão incrível (AZ).

Para os otimistas, uma vitória para o Brasil seguir rumo ao hexa. Por outro lado, os pessimistas apontaram o nervosismo do time, o individualismo de Neymar e a apatia de alguns jogadores, como Fred. Os teóricos da conspiração viram a atuação de Nishimura, visto como lacaio da máfia das apostas. Já a Fifa viu um ótimo jogo com grande presença de público, ou seja, rentável. 

Só o governo não ficou com a imagem muito boa. Não houve baderna nem vandalismo, mas um coro homenageou Dilma, mandando-a tomar no @. Acharam que estava à altura do respeito a uma chefe de Estado e Governo, maior autoridade do nosso país. Esta manifestação não parece estar dentro das regras dadas pela Fifa aos torcedores. Aliás, a agremiação presidida por Joseph Blatter também foi "homenageada" dessa mesma forma.