quinta-feira, 12 de junho de 2014

Da série 'Copa no Brasil, parte 01' - O Brasil vence mas...

Se há um jogo digno de ser usado para sustentar diversos pontos de vista, é o da abertura. 

Brasil e Croácia jogaram no Itaquerão, ou Arena Corinthians, onde as coisas parecem ter dado certo apesar de tudo. 

Para começar, a abertura para estrangeiro ver e mostrar todos aqueles exotismos. Nada parecido com um país europeu, mas uma terra com muita natureza, folclore, capoeira e música, inclusive aquela aberração horrível criação denominada "hino oficial da Copa Fifa 2014". A abertura, como todas as outras, passará em branco. Ninguém se lembra nem das cerimônias semelhantes feitas na França, Ásia (Coréia do Sul e Japão), Alemanha ou África do Sul. Com a Copa de 2014, não será diferente. Curiosamente, nada de mulheres seminuas. O Rio de Janeiro também não foi lembrado. só Pernambuco, Bahia, Amazonas e Rio Grande do Sul.

Prometeram mostrar um paraplégico usando um exoesqueleto projetado pela equipe do pesquisador Miguel Nicolelis, um grande feito para a neurociência no país. Ele apareceu e chutou a bola durante a abertura, mas a mídia não deu muita atenção. 

Preferiram ver a Jennifer Lopez com a Cláudia Leite e o MC Pitbull acalentando os ouvidos da torcida com o "WC song" (WC é sigla para "World Cup", mas também lembra o lugar onde costumam soltar esse tipo de coisa). 

Após a rápida cerimônia, de 25 minutos, chegou a hora de tocar os hinos nacionais. Mais uma vez, só foram tocados trechos curtos, mas a torcida tratou de cantar mesmo sem a música de fundo. 

Soltaram algumas pombas para representar uma mensagem de paz, mas elas tiveram dificuldade para saírem da Arena Corinthians. Algumas pessoas devem ter pensado que elas iriam ficar no campo. 

Finalmente, a partida. Começou mal, com a Croácia mais ameaçadora do que o Brasil. Os torcedores viram o castigo aos 10 minutos: Marcelo tentou desviar a bola numa jogada feita por Olic, o jogador mais perigoso deles, e Jelavic. Ele tocou a bola, que foi para as redes para apreensão da torcida. Foi o primeiro gol da Copa, e também o primeiro gol contra da Seleção na história das Copas, feito suficiente para o lateral ser visto como uma espécie de Silvério dos Reis do nosso tempo. Boa parte da torcida esperava pelo pior, mas se lembrou que o time tinha outros nomes.

Dois deles foram Oscar e Neymar. O primeiro deu a assistência para o astro-mor da Seleção marcar o gol de empate, aos 28 minutos. No segundo tempo, Fred simulou um pênalti, validado pelo japonês Yushi Nishimura, o mesmo juiz muito criticado na partida entre Brasil e Holanda na Copa de 2010 (de triste memória, pois foi o da eliminação dos canarinhos). Neymar cobrou e ampliou, aos 25 minutos. Depois de cometer uma falta acintosa contra Modric, dando-lhe uma cotovelada que poderia resultar em expulsão, mas punida "apenas" com o amarelo, o aspirante à "sucessão" de Pelé foi substituído aos 32 minutos, por Ramires. Oscar brilhou de novo e fez o gol salvador da pátria, aos 45 minutos. 
 Neymar consertou o estrago feito por Marcelo, que aparece na foto junto com Hulk, o camisa 7 que não estava tão incrível (AZ).

Para os otimistas, uma vitória para o Brasil seguir rumo ao hexa. Por outro lado, os pessimistas apontaram o nervosismo do time, o individualismo de Neymar e a apatia de alguns jogadores, como Fred. Os teóricos da conspiração viram a atuação de Nishimura, visto como lacaio da máfia das apostas. Já a Fifa viu um ótimo jogo com grande presença de público, ou seja, rentável. 

Só o governo não ficou com a imagem muito boa. Não houve baderna nem vandalismo, mas um coro homenageou Dilma, mandando-a tomar no @. Acharam que estava à altura do respeito a uma chefe de Estado e Governo, maior autoridade do nosso país. Esta manifestação não parece estar dentro das regras dadas pela Fifa aos torcedores. Aliás, a agremiação presidida por Joseph Blatter também foi "homenageada" dessa mesma forma.

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