terça-feira, 16 de agosto de 2016

Da série Olimpíadas no Rio, parte 14 - Thiago e Robson: sem choro e com ouro! (Menção honrosa para Isaquias)

Em caráter excepcional, tive de escrever primeiro os insucessos do dia. Agora finalmente vou escrever sobre a medalha inesperada de ontem. 

Todos estavam surpresos com a medalha de Poliana Okimoto e a relativamente frustrante prata para Arthur Zanetti. Do atletismo, poucos esperavam alguma coisa. E foi de lá que veio uma medalha. 

DE OURO!

 Thiago Braz, após saltar 6,03 m na grande final olímpica (Phil Noble/Reuters)

Thiago Braz da Silva, o jovem de 22 anos que teve uma infância difícil, abandonado pelos pais, criado pelos avós, e ainda marcado pelo insucesso no Pan em Toronto, quando fracassou nas eliminatórias, teve de se superar. Foi enfrentar o último campeão olímpico de salto com vara, francês Renaud Lavillenie, e mais outros atletas talentosos, como o americano Sam Kendricks. No final, somente os três ficaram. Kendricks conseguiu pular 5,85 m, mas não além disso. Lavillenie pulou bem mais alto: 5,98 m. Porém, quando a marca ficou em 6,03 m, só ficou no "quase", pois esbarrou na trave e a derrubou, invalidando o salto. O brasileiro de Marília tentou duas vezes: na primeira, nem chegou perto da trave, mas na segunda pulou com sobras. Lavillenie resolveu pular 6,08 m, mas fracassou novamente. E o brasileiro acabou ficando com o ouro. Incrédulo com a sua própria façanha, cobriu-se com a bandeira do Brasil, como é de praxe nos atletas brasileiros vitoriosos. Ao contrário da maioria deles, e do seu quase homônimo do futebol, por ter também um "Silva" no nome, não derramou uma lágrima. 

Restou ao francês reclamar da torcida, que realmente estava mal comportada, como aconteceu várias vezes, vaiando os adversários de Thiago. Chegou a compará-los à torcida da Alemanha nazista, que teria vaiado Jesse Owens nas Olimpíadas de 1936. Foi esculachado por muita gente. 

Hoje, outro brasileiro superou o passado de dificuldades para resolver se dar bem dando socos. Como o paulista Thiago, o pugilista baiano Robson Conceição era pouco conhecido. Foi derrotando seus adversários, com repercussão morna mas crescente, até enfrentar o cubano Lázaro Álvarez, considerado favorito. Com dificuldade, apesar de toda a sua valentia, Conceição venceu, e foi às finais. Foi enfrentar o também surpreendente Sofiane Oumiha, da França, e após uma luta franca, onde os dois partiram para o ataque, o brasileiro venceu por pontos (30-27; 29-28; 29-28). Superou Esquiva Falcão, até então o maior boxeador brasileiro, prata em Londres, e ganhou a sua medalha de ouro, tornando-se o maior lutador olímpico do país na História. Ele havia afirmado que não se contentava com outra medalha, a não ser a dourada. Foi à luta para isso.

 Robson Conceição também era um quase anônimo que virou herói (Peter Cziborra/Reuters)

São feitos notáveis, fazendo o Brasil saltar como Thiago Braz, do trigésimo para o décimo quinto lugar no ranking de medalha. Outro grande esportista que se empenhou e não quis pagar de vítima da falta de patrocínio e incentivo é o baiano Isaquias Queiroz, da canoagem. Em sua primeira participação numa Olimpíada, após fazer bonito no Pan de Toronto, ele disputou a liderança arduamente com o alemão Sebastian Brendel, que mostrou grande categoria e faturou o ouro nos 1000 m. Porém, o jovem baiano não ficou muito atrás, e esta é apenas a sua primeira das três participações na Rio-2016. 

Isaquias cumprimenta o alemão Sebastian Brendel após a disputa (Tom Pennington/Getty Images)

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