quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Dilma saiu, mas a bagunça continua



Por 61 votos a 20, o Senado cassou o mandato de Dilma Rousseff, como a maioria da população esperava. O que não se esperava era a forma com que isso foi feito.

Por uma decisão de última hora, a partir de uma ideia do petista Humberto Costa, e aceita, estranhamente, pelo presidente do STF Ricardo Lewandowski, a votação foi dividida em dois: cassar o mandato e votar pela suspensão dos direitos políticos.

Boa parte do PMDB, inclusive o presidente do Senado Renan Calheiros, fez a vontade do PT e votou pela manutenção dos direitos políticos. Não caíram numa armadilha. Parecia algo deliberado, para criar um precedente perigoso: cassar o mandato de parlamentares e governantes, mas dando-lhes o direito de se elegerem na próxima eleição.

É uma ameaça ao povo brasileiro e a Constituição!

Isso é golpe, mas não como a ex-presidente argumenta. Cumpriram a lei até agora, mas no último ato fizeram-na em pedacinhos e deixaram a palavra final para o Supremo e a Justiça Eleitoral, que pode impugnar a candidatura não só de Dilma, mas também a de Temer, eleito vice-presidente na chapa dela em 2014. Ficou algo como uma briga entre a Camorra e a Cosa Nostra.

Além disso, a artimanha fez a base aliada rachar. O PSDB e o DEM ameaçam dificultar o governo Temer como se voltassem para a oposição. Enquanto isso, o PT vai fazer oposição cerrada.

Temer, que viajará para a China e deixará a presidência para Rodrigo Maia, perdeu definitivamente o direito de fazer um mau governo, mesmo porque do jeito que está poderemos lamentar não termos votado na monarquia naquele plebiscito de 1993. Aliás, o regime monárquico foi derrubado por um golpe (atenção: este blog defende a república parlamentarista).

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