terça-feira, 16 de agosto de 2016

João Havelange (1916-2016) e Elke Maravilha (1945-2016), duas personalidades brasileiras

João Havelange e Elke Maravilha foram duas personalidades inesquecíveis para o Brasil. Foram perdas bastante sentidas em seus meios, respectivamente o futebol e as artes, e dificilmente serão esquecidos. 


O primeiro, filho de belgas, colaborou grandemente para o futebol brasileiro se tornar respeitável e começar a ganhar competições mundiais, como a Copa do Mundo, e, quando foi alçado à presidência da Fifa, expandiu o futebol para regiões onde ele não era praticado e tornou-o um grande negócio, fazendo parcerias com grandes empresários, como Horst Dassler, dono da Adidas, até agora patrocinadora-mor da entidade. Infelizmente, escolheu o caminho da corrupção, favoreceu parentes, como o seu genro Ricardo Teixeira, à frente de uma administração nefasta na CBF, foi acusado dezenas de vezes por enriquecimento ilícito quando era presidente da Fifa, e fez muitas negociatas pouco investigadas na época, como quando foi dono da Viação Cometa, empresa de ônibus rodoviários, ganhando concorrências de forma suspeita e mostrando sua habilidade em fazer alianças políticas, com gente do quilate de Carlos Lacerda e Juscelino Kubitscheck, que eram inimigos ferrenhos entre si. Seu legado, para o bem e para o mal, terá efeitos duradouros para o futebol. 

Elke Maravilha representou uma alegria carnavalesca e irreverente, próxima do arquétipo brasileiro, apesar de ter ascendência russa e nascer na então cidade de Leningrado, atual São Petersburgo, e ser cidadã alemã, sendo cassada de sua cidadania brasileira durante o regime militar, não se interessando mais por restituí-la na redemocratização. Seu nome de batismo era Elke Georgievna Grunnupp, e veio ao Brasil com seis anos, de uma família que fugiu do stalinismo. Após perseguida pela ditadura por sua ligação com a estilista Zuzu Angel, cujo filho, Stuart Angel Jones, foi torturado e sofreu desaparecimento forçado em 1971, passou a ser conhecida pela alcunha, dada pelo teatrólogo Daniel Más, e passou a adotar um visual excêntrico, principalmente quando se tornou jurada do Cassino do Chacrinha, sendo uma das mais queridas do programa. Depois da morte do Velho Guerreiro, passou a atuar no Show de Calouros, do Sílvio Santos. Não mudou o visual, marcado pelas perucas e maquiagem berrante, sempre demonstrando uma alegria irrefreável. Ficou em coma por quase um mês, após uma cirurgia para tratar uma úlcera no intestino. 

Ambos faleceram em meio aos Jogos Olímpicos, quando a perda de gente famosa não recebe tanta atenção da mídia. Por coincidência, no mesmo dia do falecimento dos dois, vários atletas brasileiros sofreram por outro tipo de morte: do sonho por medalhas olímpicas.

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