Hoje, o Senado começa a última etapa no processo de impeachment de Dilma Rousseff. A presidente afastada promete resistir de acordo com o que sabe, ou seja, protestar contra os "golpistas" e comparando a democracia como uma árvore infestada de parasitas, sem mudar muito o repertório. Ela só irá a plenário no próximo dia 29, o clímax deste processo enfadonho e aborrecido, mas que deve ser seguido, inclusive, para assegurar o necessário direito de defesa.
Para o governo petista, tudo se encaminha para o fim, dando lugar aos seus ex-aliados e ex-companheiros da chapa eleita em 2014 com 54 milhões de votos, pouco mais de 51% dos votos válidos em uma disputa marcada por acusações, baixaria e doações não declaradas. É a regra eleitoral: Dilma foi eleita pela maioria simples de votos, embora seja uma margem muito apertada, e, segundo dados daquele ano, o número de eleitores era de 142.882.046, segundo dados do TSE. O segundo governo Dilma foi marcado por rombos no Orçamento causados, em parte, pelo acúmulo de dividas bilionárias causadas pelos atrasos nos repasses aos bancos públicos (as tais "pedaladas fiscais" praticadas costumeiramente no Brasil, mas com cifras assustadoras nos últimos anos), agravamento dos prejuízos na Petrobras e vários membros do governo condenados pela Operação Lava Jato. Ainda houve a tentativa de nomear Lula como ministro-chefe da Casa Civil, considerado uma tentativa de obstruir a Justiça, e a atuação belicosa do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha, desafeto do PT e também envolvido até a medula dos ossos na bandalheira.
Dilma foi eleita em 2014 tendo Temer como vice (Roberto Costa/Estadão)
Como resultado, em abril os deputados votaram, seguidos pelos senadores em maio, e desde então temos o presidente interino e a afastada, mas tudo indica que isso só vai durar até o final deste mês. Será o fim de uma luta política.
Para nós, cidadãos, isso não significa o fim do descanso. Teremos de continuar atentos contra os maus-feitos e apoiar quem faz a Constituição ser cumprida. Precisamos continuar a fazer o país funcionar, e votar em pessoas mais capacitadas e dignas. Precisamos nos informar sobre os atos dos nossos representantes no Executivo e no Legislativo, e não dizer simplesmente amém a eles, incluindo o presidente em exercício. Se Michel Temer vier a abusar de seu poder, a trégua acabará, e ele será o próximo alvo dos protestos e dos "panelaços". Por enquanto, ele está exercendo o cargo com destreza bem maior do que a governante afastada, a despeito das forças políticas ainda pouco dignas de confiança, principalmente aquelas na mira da Lava Jato.
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