domingo, 21 de agosto de 2016

Da série Olimpíadas no Rio, parte 20 - A nova geração de ouro

Depois de duas pratas nas Olimpíadas de 2008 e 2012, o vôlei masculino perdeu atenção da mídia, principalmente para o congênere feminino, ouro naqueles Jogos em campanhas sofridas, principalmente a de Londres. No Rio de Janeiro, após perigosos tropeços, eles souberam se reerguer, e chegaram lá. 

Enquanto Jaqueline, Dani Lins e Sheila foram bem nas etapas iniciais e acabaram anuladas pelas chinesas, Wallace, Serginho e Bruninho começaram relativamente mal, ganhando de México e Canadá, mas perdendo dos Estados Unidos e da Itália, precisando vencer a França para avançar. Nas quartas-de-final, encararam e venceram a Argentina, mas a torcida estava algo cética. Afinal, em todas as partidas, perderam feio (3 sets a 1) ou, quando venceram, perderam um set. Bruninho era cornetado por ser o "filho do patrão" e estar com a braçadeira de capitão, embora o mentor intelectual do grupo seja Serginho, com quatro Olimpíadas nas costas. 

Tiveram de enfrentar a perigosa Rússia, algoz que lhes tomou o ouro na campanha de Londres. O time brasileiro tinha muitos jogadores daquela partida fatídica, além de estreantes em Jogos como Lucarelli, que atuou muito bem ao longo da campanha. Eles não tiveram medo de encarar os russos, e pela primeira vez ganharam por 3 sets a 0, não sem disputar cada ponto. 

Na final, tiveram de se encontrar novamente com a Itália, disposta a impor mais uma prata ao time de Bernardinho e conquistar o ouro inédito, uma situação parecida com a Seleção da CBF até a partida de ontem com a Alemanha: muitos Mundiais e nada de ocupar o alto do pódio nos Jogos. De novo tiveram de disputar ponto a ponto em cada set, ainda mais porque eles tinham jogadores como Buti, Birarelli e o filho de russos Zaytsev, que criaram muitos problemas na partida. O primeiro set terminou em 25-23.

Os comandados de Bernardinho sofreram duas vezes com a Itália (Yves Herman/Reuters)

O segundo foi ainda mais equilibrado, com os italianos dispostos a salvarem o set e iniciarem a reação. Esforçaram-se ao máximo, mas os jogadores verde-e-amarelos, principalmente Wallace, responderam à altura, apesar de alguns erros que preocuparam a torcida. Principalmente os italianos usaram muito o recurso do "desafio" ou "challenge", para contestar os pontos por meio da análise eletrônica de imagens (recurso também muito visto nas partidas do vôlei feminino). Terminaram em 27-25. 

No set seguinte, mais disputa pela bola, e bastante drama para a torcida, que tinha Neymar e Thiaguinho, amigos do "filho do patrão", que atuou bem, como todos os demais. Foi uma final dramática, com direito a novo pedido de desafio, quando já se comemorava a vitória. Os italianos perderam, e o Brasil ganhou. 

A geração de Wallace e Bruninho deixará de ser conhecida como "nova geração de prata", para ser considerada a "terceira geração de ouro". Jovens jogadores como Lucarelli também foram consagrados. O mais homenageado foi Serginho, quatro vezes medalhista, recebendo seu segundo ouro olímpico. Chorando muito, foi ovacionado.

Antes, os Estados Unidos despacharam a Rússia após partida dramática, quando os russos estavam vencendo por 2 sets a 0, e ganharam o bronze. Foi uma conquista, embora para os americanos não seja algo impressionante, assim como não foi a previsível vitória do time de basquete na final, contra a Sérvia. Esperava-se mais do país europeu, visto como páreo duro, mas que levou uma derrota incrível: 96 a 66. O ouro do basquete (que não é o fabuloso "Dream Team" da década de 1990) foi o último conquistado pela terra do Tio Sam, maior medalhista disparado nestes Jogos, com 46 ouros, 37 pratas e 38 bronzes.

Serginho (mostrando a medalha ao lado de Douglas, Lipe e do mascote Vinícius) despede-se da Seleção como tetracampeão e com o prêmio de melhor jogador

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